Capítulo 42

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MARCOS MOONLIGHT

Já vivencie diversas situações apavorantes. 

Pulei de paraquedas, nadei com tubarões e até mesmo escalei as piores montanhas. Mas nenhum daqueles sentimentos se igualava ao que eu estava sentindo naquele momento. 

Foram apenas alguns segundos. 

Eu a olhei e ela tinha um doce sorriso nos lábios, tão doce que meu coração ficou mais tranquilo. Sua expressão me prendia como um rato em sua armadilha, completamente a mercê daquele sorriso.

Mas quando o estrondo ecoou pelo ambiente sua feição de repente mudou. Emma parecia desesperada. Seu olhar ficou perdido, como se ela não conseguisse enxergar um palmo a sua frente, ela olhava em minha direção, mas não me via. Os olhos inexpressivos e vazios.

A dor era profunda em sua expressão e forma como se abraçava deixava claro sua vontade de se apegar urgentemente a algo. Ela parecia perdida, magoada e com medo, porém era difícil distinguir quais sentimentos estavam em destaque, afinal era um misto de dor e raiva.

-Emma - eu gritei por ela inúmeras vezes enquanto corria em sua direção, porém sem resposta.

Suas mãos em seu ouvido batiam de forma frenética contra a pele, em uma falha tentativa de se livrar dos barulhos que lhe assustavam.

Do lado de fora a tempestade ressoava furiosa, como um lembrete constante daquelas memórias que assombravam Emma. Era nítido, pela forma como ela tentava se esquivar de seu inimigo invisível, que na verdade se tratava de algo muito mais profundo.

Meus braços automaticamente contornaram seu corpo e eu a envolvi o mais forte possível. Emma ainda tinha as mãos sobre as orelhas e soluçava dentro de seu casulo improvisado.

Me sentia cada vez mais impotente.

Não havia muito que eu pudesse fazer naquele momento, então eu apenas me mantive ali, sussurrando inultimente que tudo ficaria bem. Afagava seu cabelo como se quisesse lhe acalmar.

-Emma - chamei baixinho por seu nome, quase como uma súplica para que ela me ouvisse e sorrisse novamente.

Como se minhas preces tivessem sido ouvidas, sua respiração se suavizou aos poucos. As mãos deixaram seus ouvidos e me envolveram em um abraço. Só então que percebi que já não haviam mais trovões, apenas o som das gotas de água sobre o telhado e a brisa que soprava contra a madeira.

-Emma - sussurrei mais uma vez.

Encarei seus rosto cheio de lágrimas, tocando delicadamente sua bochecha com meu polegar, bem a tempo de limpar uma lágrima que escorria por ali.

-Me desculpa - ela falou com uma voz chorosa.

Limpei qualquer vestígio deixado em seu rosto.

Minhas palavras tinham sido cortadas, não saia um único som da minha boca.

Eu queria lhe dizer que naquele momento eu desejava estar ao lado dela sempre para que não passasse por essa experiência sozinha. Queria dizer o quanto meu coração ansiava por protegê-la. Queria dizer que meus braços seriam seu eterno abrigo se assim ela desejasse.

Mas nada foi dito, eu apenas a encarava, travado como um idiota.

Ela havia me imobilizado com um olhar. Bastou apenas um olhar e eu estava aos seus pés como um pateta sem rumo.

Por fim, Emma recostou a cabeça em meu peito até que sua respiração se tornasse mais lenta e suave.

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