Problemas com Poderes (parte I)

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Ela colocou a comida na mesa e já foi se pendurar no ombro do Brainstorm, olhando pra ele com aquela carinha de idiota. Ele reclama da falta de molho tártaro e ela foi correndo buscar por ele, isso deve mante-la ocupada tempo o suficiente pra eu me acalmar. Ela ainda teve a pachorra de voltar correndo só pra sentir o cheiro do Bose. Eu já tava rangendo os dentes de estresse.

— Gente, é meio assustador que o Capitão Man vai substituir a gente. — Awol disse de repente, pegando todos nós desprevenidos.

— Por que? Pelo o que o Schwoz disse?

— Não, porque ele tá falando no jornal. Olhem. — ele virou o telefone para enxergarmos a tela.

Trent e Mary estavam falando sobre, quem tinha o ajudado era o Yan e o Rude, os amigos modelo que ele tinha feito hoje mais cedo.

— Desliga isso! — Volt jogou sua caneta de madeira cheia em um dos garçons.

— Que maravilha, perdemos os poderes e agora parece que podemos perder o emprego também. — Awol diz irônico. — Que ótimo, agora eu tenho que atender o meu telefone. Ah, oi, Schwoz, como é que cê tá?

O telefone estava no viva voz então conseguimos ouvir o que Schwiz falava do outro lado da linha — Desculpe interromper o jantar mas eu tenho uma boa notícia, posso ter achado um forma de recuperar os seus poderes. — Até nos amimamos. — É sério, se vocês conseguirem um pouco do gás daquele palhaço que acabou com vocês no Hip Hop Puhree... — ele pronunciou errado. — Talvez eu possa sintetizar o antídoto.

— Tá bom mas como a gente vai achar o Palhaço dos Gases?

— E ainda que a gente ache, como nós vamos pegar o gás? Ele nos destruiu na última vez quando tínhamos os poderes.

— Eu tenho trabalhado nisso também, voltem para o Ninho do Man que eu vou mostrar.

— Vamos rápido, daqui a pouco eu tenho que estar em casa. — olhei pro relógio na parede do restaurante, era quase seis horas e daqui  a pouco minha mãe chegaria do trabalho.

— Por que essa pressa toda? — Chapa questionou.

— Uma longa história, depois eu explico melhor agora vamos.

( . . . )


No Ninho do Man eu já estava aflita, sete horas e ainda estávamos discutindo sobre os acessórios que Schowz nos deu pra combater o crime, o meu e o do Awol eram literalmente dois palitos de madeira, isso não nos ajudaria em nada em uma missão. Já estava ficando estressada e não dava pra esperar mais tempo, às oito a mamãe estaria em casa e até eu chegar lá demoraria no mínimo uns quarenta minutos andando.

— Gente, não tem como eu ficar mais tempo, preciso mesmo ir, amanhã a gente se fala. — comecei a mascar uma bolha e fui para o tubo.

— Se você não tem tempo podemos falar sobre isso por mensagem. Aliás, por que você não tá mais me respondendo? — Shoutout perguntou.

— Não tem como falar por mensagem por causa da Chapa, eu vocês esqueceram que ele não tem celular? — ri sem graça e estourei a bolha, antes que alguém me fizesse outra pergunta eu acionei o tubo. — Vejo vocês amanhã. Tubo à baixo!

Eu fui correndo pra casa, tentei chegar lá o mais rápido possível. Quando abri a porta eu fechei devagar pra não fazer barulho mas era tarde de mais.

— O que eu falei sobre ficar pela rua depois da aula, hein? — minha mãe gritou da cozinha. — Por acaso eu falei grego, Y/N.

— Não, é que eu precisei fazer um trabalho do colégio e eu não pude avisar por causa do telefone.

— Eu não quero saber! — ela veio com raiva na minha direção. — Você não tem vergonha na cara não, garota? Sujando nosso sobrenome saindo por aí com aquele muleque ridículo!

— Eu não tava com ele, eu tava fazendo um trabalho do colégio na casa da Mika Macklin!

— Jura? Se eu ligar agora mesmo pros Macklins eles vão confirmar isso? — minha mãe pegou seu telefone.

— Não porquê seus pais estavam no trabalho e depois disso Mika saiu pra ir comer com nossos amigos, eu vim direto para casa.

— Você se acha muito inteligente, Y/N, mas você não é. Você pode mentir pros outros, mas pra mim?! — ela sorriu, sinica. — À mim você não engana.

— Eu não tô contando mentiras, acredita no que você quer. — deixei ela lá sozinha e subi pro meu quarto.

( . . . )


No meio da madrugada me assustei com alguém chamando lá na porta da frente. Ninguém foi atender. A voz era familiar então desci pra atender e quando bisbiotei pelo olho mágico vi Chapa sem seu uniforme de Volt. A porta estava destrancada, provavelmente minha mãe esqueceu de trancar como os outros dias então eu abri para ela.

— Oi, o que houve?

— Ray tirou nossos chicletes, amanhã ele vai pegar o seu também. — ela adentrou minha casa. Pedi silêncio, se minha mãe acordasse eu tava lascada. — Quando você saiu recebemos um chamado, era o Palhaço dos Gases de novo tentando invadir o Clube Soda e quando fomos pegar ele o Ray apareceu. Ele disse que poderíamos ter morrido e blá blá blá, e mandou a gente de volta pro Ninho. Depois ele nos proibiu de combater o crime e então tirou nossos chicletes.

— Caramba, eu não acredito que ele fez isso! — falei indignada. — Mas e o plano do Schwoz? Não deu certo?

— Não, ele fez antídotos pra nós com o gás só que não funcionou. O palpite dele foi que a perda dos nossos poderes não foi causada pelos gases daquele palhaço.

— Mas, o que mais seria? Não lutamos contra nenhum outro vilão hoje.

— Eu também não sei. — Chapa suspirou pesado. — Bose ficou chateado e pediu comida no Barba Longa, deixamos pra você só que eu acho que peixe não deve ficar muito bom no dia seguinte e fora da geladeira...

— Não mesmo, pode jogar fora! — eu tô tão mal que nem sei o que dizer ou pensar sobre isso. Será que eu nunca mais serei a Scretch?

Será que o Ray realmente vai fechar a Swag e teremos que voltar a frequentar colégios comuns? Eu definitivamente não quero isso, meu pior pesadelo é voltar a sofrer bullying novamente.

— Enfim, tô indo nessa, amanhã a gente se vê. Tchau.

— Tchau.

Depois que ela foi embora eu voltei pro meu quarto. Tô muito preocupada sobre tudo que tem acontecido ultimamente; primeiro vem o meu lance com o Bosey, que eu não tenho certeza do que era mas já acabou e eu sinto tanta falta! Depois é meu relacionamento conturbado com a minha mãe e a ligeira impressão de que ela vai me agredir e também tem a perda dos meus poderes. Acho que, se não recuperamos nossos poderes e o Ray fechar o colégio, vou voltar pro Brasil e morar com meu pai mesmo, é o que seria melhor pra mim. Eu sei que vou sentir muita falta dos meus amigos só que eu faço qualquer coisa pra sair desse país racista e nunca mais ter que olhar na cara da minha mãe de novo.

Ah, e o Bosey...

Eu queria que as coisas dessem certo entre a gente. Essa é a primeira vez que eu gosto de um garoto e ele gosta de mim de volta e não podemos ficar juntos, a vida é tão injusta! Eu gosto tanto dele que dói no meu peito e não me cabe, eu quero estar com ele todo o tempo e agora eu não posso nem ficar do seu lado.

Eu odeio isso. Eu queria não ter conhecido ele.

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published: 14/08/22
adjusted: 05/02/23

One & Only - Bose O'BrianWhere stories live. Discover now