Seven

437 60 13
                                    

Aconteceu muito rápido, quando se deu conta, Yeonjun já havia jogado a bandeja no chão do refeitório, o prato de vidro se estraçalhando enquanto a comida e o suco de espalhavam pelo chão sujo. 

Yeonjun provavelmente tinha problemas com coisas que quebram. 

– Foda-se, porra – xingou, alto o bastante para que as pessoas prestassem ainda mais atenção em si. 

Não era um comportamento estranho vindo de Yeonjun, a questão é que fazia bastante tempo que ninguém era alvo de suas explosões de raiva; não que houvesse um alvo de fato naquele momento. Ele fez uma promessa, afinal, ainda que as palavras gritassem em cores distorcidas e apagadas em sua mente. Era como se outra pessoa fizesse questão de roubar-lhe o corpo e consciência por alguns minutos. 

Ele chutou a bandeja e a comida para longe e saiu marchando em seguida, enquanto passava a mão pelo cabelo e pisava fundo em direção à saída do refeitório. Ninguém se importava o bastante para pará-lo e os docentes nunca iam longe o suficiente para uma expulsão. Eles realmente não se importavam o suficiente.

Sentou-se em um lugar isolado e respirou fundo, seu peito batendo forte enquanto suas orelhas queimavam. O motivo? Choi Soobin. Atualmente, seu único problema era ele e seus quase um e noventa de altura. Sempre ele. 

Para ser sincero, Yeonjun sabia que estava exagerando, porém seu impulso não era algo que podia ser facilmente controlado por si próprio.  A cada passo que dava, com encaradas mortais aos outros alunos e ameaças silenciosas, Yeonjun sentia cada membro em seu corpo tremendo na mais pura ira, um sentimento sufocante engasgado em sua garganta; era a vontade de descontar todo e qualquer sentimento odioso naquele quem era o motivo de sentir-se daquela forma.

Mas Soobin não havia feito nada.

– Yeonjun hyung, o que foi aquilo? – Taehyun sentou-se ao seu lado. Era óbvio que não poderia fugir dele, então respirou ainda mais fundo, contendo sua vontade de chorar de frustração. 

– Eu estava com raiva. 

– E se sente melhor agora, depois de quebrar as coisas e dar trabalho para a tia da limpeza? – Taehyun debochou. – Você estava sorrindo há menos de dez minutos, hyung.

– Foda-se.

– O que aconteceu?

Ele ficou em silêncio por tempo o bastante para suas unhas fincarem na palma da mão e os dentes apertarem no labio inferior.

– É só... algo que surge tão profundamente que depois eu me assusto, fico triste e arrependido. Eu sempre fugi da responsabilidade e dos pensamentos sobre minhas ações, agora não posso mais fazer isso e está me matando. – Chutou o ar, sabendo que Taehyun era o único com quem podia falar tão facilmente.

– Algo a ver com Soobin hyung? 

– Sim – respondeu hesitante. –  E o mais incrível é que ele não fez nada. Ele só estava abraçando outra pessoa. 

– Yeonjunie está com ciúmes?

– Não! Eu nunca me senti assim, que porra. Parece mais como a merda de uma obsessão. 

– Você só precisa se controlar um pouco.

– Taehyun, olha a bosta que você está falando? Se eu pudesse me controlar, eu simplesmente não faria as coisas por impulso.

– Você tem um ponto. Desculpa. 

– Talvez eu devesse ir contra tudo o que a minha mãe acredita e fazer terapia. 

Não era uma má ideia, Yeonjun apenas tornou-se um pouco mais consciente de seus atos e sentimentos, sabendo o quão doentio estava se tornando – e o quão doentio já fora. Estava tudo bem quando passava horas sem comer, mas não estava tudo bem quando comia tudo o que via pela frente. Não estava tudo bem quando despencava de frustração e violência para cima de pessoas que nada tinham a ver; não estava tudo bem continuar fingindo sua felicidade e amor próprio daquela forma. 

Good boy bad guy (Yeonbin)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora