Marriage of Convenience

𝐑𝐞𝐚𝐥𝐢𝐳𝐚𝐧𝐝𝐨 𝐬𝐨𝐧𝐡𝐨𝐬

    Ele sentou na única cadeira vaga, era no fundo da sala, mas do outro lado da sala. Longe de mim, agradeço por isso, mas não consigo olhar na cara dele nem por um instante, mesmo que eu precise pedir até mesmo uma borracha emprestada.
    A aula continuou, com cochichos e olhares. Isso é realmente muito chato, se eu pudesse só sumir daqui, eu iria. Sinto uma bolinha atingir a minha testa, quando reparo de onde veio fecho a cara, só podia ser ele, sempre ele tirando a minha paciência. Só que dessa vez está indicando para olhar para frente. Entendi. A professora estava perguntando quem tinha dúvidas sobre os assuntos.
    Levantei a mão antes dela voltar a explicar, assim que ela me atendeu eu fiz um monte de perguntas, parece que a turma inteira está se perguntando se não presto atenção nas aulas. Acho que só não estão rindo porque Constantine está aqui, se não seria tudo diferente, pelo menos isso ele não atrapalha dessa vez. E ele fez isso em todas as aulas, jogou bolinhas de papel quando era para prestar atenção ou fazer perguntas. No fim das aulas ninguém deve mais querer ouvir a minha voz.
    Quando as aulas acabaram, me levantei e esperei todos saírem da sala para sair também, a regra número um da minha lista é não sair na multidão, isso é irritante e me deixa confusa.
O idiota não estava na sala, saiu junto da multidão, se não foi atrás daquela lá, então deve estar metido em alguma outra multidão por aí. Apenas quero ir para casa, não aguento mais bolinhas de papel na minha testa ou cara, vou dar meia hora para esse canalha aparecer. Ou ele vai embora comigo, ou vai embora depois.
    Sai da sala de aula e caminhei para fora do colégio, preciso de café e bolo, muito bolo. Eu esbarrei em alguém, não estava nos planos de hoje. Olhei para a pessoa com um sorriso pequeno e simpático. Ela retribui a simpatia e sorriu, é uma menina alta, seus olhos são castanhos assim como o cabelo ondulado. É um rosto bonito...e que eu já vi molhado de lágrimas no fundo da biblioteca. Sarah.

- Desculpe - Meu sorriso se desfez um pouco, o destino só pode estar de brincadeira com a minha cara - Estou com um pouco de pressa e acabei não prestando atenção.

- Tudo bem, eu também estava distraída - Disse sorrindo - Viu o Tine? Eu fiquei com um dos cadernos dele.

- Ainda não vi ele. Posso devolver se quiser, também preciso usar o caderno dele.

- Oh, verdade - Ela está mexendo na mochila agora - Por um momento esqueci que moram juntos.

- Sim, nós moramos juntos. - Também somos casados. Por que falei para continuar com o relacionamento deles? Acho que não queria ter o peso na consciência de saber que acabei com o namoro deles.

- Enfim, obrigada por entregar - Ela estendeu o caderno para mim.

- De nada, vou avisar que você estava procurando ele. - Peguei o caderno o mais rápido possível, não quero ter que ficar aqui por mais tempo.

    Ela saiu andando, eu diria que bem elegantemente. Em nenhum momento se incomodou com a minha presença, não sabe que sou esposa do namorado dela?
    Voltei a andar para fora do colégio, guardando o caderno do Constantine na minha mochila. Assim que saí fui direto para o carro que estava esperando, se ele não está lá, vai voltar a pé para casa.
Parei de andar quando senti alguém tocar no meu ombro, olhei para trás tentando reconhecer a pessoa. Infelizmente não é o Constantine, e sim um "grupinho" de pessoas mais chatas da sala, esses caras zoam qualquer pessoa por qualquer motivo.

- O que querem? - Perguntei olhando para eles, só mais um passo e eu poderia estar a caminho de casa já.

- Queríamos saber se ainda estava atrás da professora fazendo perguntas para ela, burrinha. - Eles estão rindo, como se estivessem em um circo. E eu sou a palhaça desse circo.

- Se era isso, já podem ir embora.

- Vai voltar para o fundamental? Acho que vai precisar, já que não sabe nem as matérias do sexto ano.