- Eu vou pedir pra servirem um jantar - minha sogra falou - E você fica com a gente

- Não quero dar trabalho - falei e ela abanou com a mão

- Vai lá - Lara falou e eu assenti seguindo ele por um corredor, ele abriu a porta e entrarmos no escritório

- E então? - perguntei e ele foi até a mesa

- O seu avô me contou que está no caso - pegou uma pasta na mesa

- Estou sim - confirmei - Mas se o senhor quiser ele coloca outro no meu lugar

- Não, eu confio na escolha do Hartmann - falou e eu assenti - Só preciso que você seja discreto quanto ao caso, tá bom? A Lara é sensível e ficaria preocupada sem necessidade

- Como o senhor quiser - balancei a cabeça - Mas de qualquer forma não comento sobre os casos com ela

- Melhor assim - abriu a pasta e pegou uma folha, me entregou e eu li por cima vendo que era denúncia ao COAF

- O senhor sabe que isso foi alguém de dentro, né? - falei e ele assentiu - E por alguém de dentro digo da família

- Você acha? - perguntou sério - Acha que alguém da minha família fez a denúncia?

- Acho sim - confirmei simples - As informações são bem precisas - dei uma pausa - Alguém de fora tem acesso a essas informações?

- Não, não tem - passou a mão no rosto - Eu preciso disso resolvido o quanto antes

- Uma lista de todos os seus bens declarados e todos as notas fiscais, investimentos em outros países e os países que você não possuir negócios mas tem conta eu indico dar um jeito o quanto antes - falei e deixei a folha na mesa - Depois que reunirmos tudo iremos a COAF e entregaremos total acesso

- Você quer dar o que eles querem? - me olhou como se eu estivesse maluco

- O senhor estará quebrando a surpresa deles e ainda mandando o recado de um corrupto lá dentro - falei simples - A investigação será engavetada porque pra eles não será bom uma investigação de corrupção e muito menos mexerem com um empresário que faz a economia do país girar e tem no telefone nome dos políticos mais importantes do país

- Irei confiar em você - falou sério - E espero não me arrepender

- Não vai - falei simples

- Assim espero - falou e saímos do escritório

No dia seguinte eu acordei um melhor e consegui até treinar antes de trabalhar, participei de uma reunião com o Andrade sobre o caso do meu sogro e quando acabou fui analisar um caso de um cliente que o meu avô jogou para mim.

- Ele perseguiu a mulher e jura que a morte foi sem querer - ri baixo e grifei uma parte do depoimento - A sorte dele é que ela estava traindo - ouvi um toque na porta e tirei os olhos do documento - Entra - falei alto e quando a porta abriu vi o Guimarães - Algum problema?

- Não, na verdade não - fechou a porta e percebi que ele estava meio nervoso - Só queria um favor

- Senta aí - apontei pra cadeira - O que você quer?

- Ontem o professor passou um trabalho valendo que valerá a nota total do semestre - começou a explicar e eu assenti - E ele usou um trabalho seu pra mostrar como tem que ser feito

- O meu trabalho? - perguntei confuso

- É, ele disse que te deu aula e o seu trabalho foi um dos melhores que ele já viu na carreira dele - falou e eu percebi que ele estava incomodado. E como não estaria, né? Me odeia, namoro a tia dele e ele ainda escuta um professor me elogiando - Enfim, acontece que ele mostrou uma parte do trabalho e realmente parecia perfeito

- O que você quer? - perguntei direto

- Acesso ao trabalho na íntegra - falou e eu arqueei a sobrancelha

- Tá querendo me plagiar? - perguntei e ele chegou a ficar vermelho o que me fez segurar uma risada

- Não, claro que não - falou rápido - Apenas para eu entender tudo e usar referências

- Entendi - balancei a cabeça - E se possível queria a sua orientação no trabalho

- Você é inteligente, sabia? - falei e ele pareceu muito surpreso - O seu problema é que se envolve demais nos casos e nas amizades

- Como assim? - perguntou confuso

- Você está caminhando pra começar uma carreira e tem a audácia de recusar casos ótimos e que todos os estagiários amariam pegar - falei e abri o meu e-mail pessoal no notebook - Incluindo o Cardoso

- O que está dizendo? - perguntou sério

- Estou dizendo que não são todos os estagiários que serão aproveitados - falei óbvio - E por mais amigos que vocês sejam disputam a mesma vaga e enquanto estão aqui dentro são concorrentes. Ou você entenda rápido que apesar de mediano o Cardoso não tem o menor problema de pegar qualquer tipo de caso ou a sua inteligência não será o suficiente pra continuar aqui - tirei os olhos do notebook e voltei a olhá-lo que me observava com atenção - Vocês brincam, não olham e-mail com frequência e agem as vezes como se isso aqui fosse um quiosque da praia que vocês se encontram. Mas sabe o que acontece, Guilherme? O Cardoso me procurou com uma linha de defesa para o caso de estupro que passei pra você e na defesa ele transformou o cliente em um anjo e a vítima em uma bêbada sem credibilidade alguma que tentava fama e dinheiro em cima de um empresário rico. Ele com a inteligência mediana dele foi proativo o suficiente e apresentou uma defesa que qualquer réu não teria o mínimo problema em aceitar. Sabia que ele fez isso ou descobriu agora? - perguntei e ele ficou quieto - A área que você quer trabalhar é uma escolha sua, você pode trabalhar na defesa e ter casos que não pega só que no início da carreira isso não é possível porque sempre tem alguém acima de nós, entendeu?

- Entendi - falou baixo

- Abre o olho - alertei - Qual era o trabalho?

- Legalização da compra e venda de órgãos no Brasil - falou e eu selecionei o arquivo

- Irei mandar do meu e-mail pessoal pro seu e-mail pessoal - falei e enviei o arquivo - Irei te orientar no trabalho e não quero que você mostre esse trabalho para qualquer amiguinho que seja concorrente

- Não mostrarei - se levantou - Obrigado

- Tranquilo - falei e ele saiu da sala

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