2. Kageyama Tobio

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Parado no corredor, ele observa se há alguma enfermeira passando. Uma moça loira vestindo um jaleco entra em uma sala mais a frente. Kageyama pensa em só sair dali e esperar mais um pouco até seu avô acordar, mas tem um certo garoto ruivo em sua mente.

A porta está ao lado. Ele abre uma beiradinha para ver se tem alguém junto com o garoto e se depara com a seguinte cena: Hinata Shouyo tentando se levantar da maca. O braço ainda com os fios do soro e o outro é usado para se apoiar na grade da maca.

Por que eu estou entrando aqui? pensa Tobio, fechando a porta, e se assustando com o pulo de Hinata, que quase perde o equilíbrio.

Kageyama pisca.

— O que você está fazendo?

— O que você está fazendo!? — ele devolve, tentando manter uma pose que Kageyama nem se dá ao direito de tentar interpretar.

— Eu perguntei primeiro.

Hinata fecha os olhos com força, aceitando a derrota.

— Tentando me manter em pé.

— Por que você não fica quieto deitado e descansa? — indaga de uma forma ríspida, e isso choca o ruivo.

Hinata encarou fixamente Tobio.

— Não quero só ficar deitado, Kageyama.

O moreno se surpreende ao ver que Hinata lembra de seu nome e deixa isso transparecer. A mente de Kageyama dá uma volta completa e ele percebe que não teve muito tempo para analisar o outro. Da outra vez, estava preocupado demais que alguém o pegasse dentro do quarto de um paciente e brigasse. Agora, Kageyama veio por conta própria e não estava nem um pouco preocupado em ser pego ali.

Hinata tem os cabelos ruivos cheios e um pouco cacheados. É menor que Kageyama Tobio. Muito menor. Só que o que ele tem de pequeno tem de teimosia. Prestando mais atenção, Hinata tem olheiras enormes abaixo dos olhos castanhos.

Kageyama não sabe disfarçar e o garoto está corado ao ver os olhares analistas do maior.

E então, Hinata desaparece atrás da maca. Como se tivesse sido engolido pelo piso de cerâmica.

— Me ajude aqui!

Hinata faz sinal com a mão e Kageyama dá a volta pela maca. O choque percorrendo seu corpo. Ele morde o lábio para não sorrir lembrando de como o garoto havia simplesmente sido puxado para o chão.

Shouyo percebe isso.

— Não ri!

Kageyama pega na cintura de Hinata para levantá-lo, mas o garoto solta um pequeno murmúrio.

— Minha barriga dói demais — informa, agarrando a barriga.

Tobio o pega por baixo das axilas e o posiciona sentado na maca. No fim, Shouyo se ajeita nos lençóis brancos, deitando e ficando visivelmente confortável.

Hinata agradece e fica olhando para a janela logo ao seu lado. Então Kageyama finalmente entende, Hinata queria ir até a janela.

Será que Tobio o machucou quando pegou em sua cintura? Ou quando o levantou pelo sovaco? Kageyama continua parado em frente à maca, aguardando o outro dizer algo ou a coragem bater na porta e ele perguntar se o tinha machucado. É meio constrangedor ele estar ali nesse quarto sem nem conhecer o garoto direito.

Hinata mexe a cabeça devagar, para fixar em Tobio.

— Algum parente seu está aqui? — pergunta para puxar assunto.

Ele concorda com a cabeça. Hinata suspira.

— Sinto muito — diz, com cautela. — Espero que ele melhore.

Flores em Meio a Tempestade - KageHinaOnde histórias criam vida. Descubra agora