Como naquela canção, onde a pessoa volta para onde não queria

1 0 0
                                    

Passaram em frente ao Bloco Alfa, o prédio onde ficavam os ateliês, os estúdios, as salas de ensaios, os palcos, e tudo o mais referente ás Artes naquele colégio. O Departamento de Literatura e a sua "Sala de Chá", também ficava ali. A menor e mais isolada janela. Ariadne conseguia enxergar de longe, mesmo no escuro. Ela ás vezes achava os seus companheiros de departamento, insuportáveis. Mas eram os únicos que eram capazes de entendê-la, ou deveriam ser.

Eram os únicos que como ela, consideravam as letras, a escrita, o maior refinamento da humanidade. O problema era que cada um deles, se achavam igualmente refinados. E consideravam desnecessário criar algo que tocasse o indivíduo de alguma forma que não fosse pela concepção pomposa e individual, do que consideravam "Sublime".

Bem, ela tinha os problemas com seu Departamento. Mas sua escola também tinha um problema de desparecimento de alunos, e ela sabia que de alguma forma tudo isso poderia ajudá-la, ou ser útil.

Correu o olhar pelas outras janelas. A maioria estava apagada. Pelo horário, quem pudesse já estava no Bloco Beta, os dormitórios. A escola mantinha um restrito "toque de recolher", mas usava um nome pomposo no lugar disso. A desculpa era educar os alunos a se organizarem e aprenderem a otimizarem o próprio tempo. Não perder tempo com outras coisas que não fossem os estudos e os projetos de seus departamentos. Mas no bloco alfa, tinham pelo menos umas três janelas acesas, e uma delas vinha um brilho diferente.

Ariadne arrastou o andar enquanto observava aquela luz. Foi Aletheia quem lhe trouxe de volta a terra.

– É a Sessão de Escultura.

– Porque a luz é diferente?

– Porque eles têm um forno imenso lá.

– Forno?

– Não é bem um forno... é um... uma... Ela derrete metais lá.

– Uma fundidora?

– Isso. Mas tem um nome próprio, que eu não lembro agora.

– Ela deve estar criando as obras para abrir a Olimpíada.

– Sim. Mas é estranho, porque até onde sei, ela está produzindo estátuas de cimento e gesso.

– Que... rústico.

– Eu também não entendi. Bem, artistas... você sabe como é...

Não. Ela não sabia.

E se odiava por isso.

Hell-enWhere stories live. Discover now