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Madame Creuzodete demorou algum tempo para explicar tudo que está acontecendo para todos; isso porque eles não paravam de fazer perguntas, principalmente Cascão.

Ela não deixou nada mal explicado. Tentou. Suas palavras são regadas de sabedoria. Porém há algo que ela escondeu de todos; e que pode ser o ponto mais grave de tudo isso: Magali irá morrer caso o ritual seja completado.

— Ei, pera aí, como é que você sabe de tudo isso? Que tipo de ser você é?! — Cascão sabe ser inconveniente.

— Sei de muitas coisas.

Alguns percebem que há algo de errado ali; Cascuda e Cebola são uns deles.

— Como conseguiu chegar até aqui? Não parece que você planejou essa vinda! — Cascuda franze a sobrancelha.

— Através de teletransporte — Madame sorri — uma mulher como eu não pode vagar pelo mundo sem alguns truques na manga, não é mesmo?

— Então minha filha foi sequestrada por demônios que vocês já conhecem? Mas como isso é possível? E como eu nunca soube dessa história? — Lili parece irritada. Sua vontade é de se jogar na cama e chorar até o amanhecer.

— Na verdade, eles não são demônios. Nem mesmo almas desencarnadas. Eles, hoje, são pessoas com superpoderes.

Ninguém entende quando Madame diz.

— Eles foram antigos espíritos. Viveram muito tempo no purgatório. Somente eles sabem o que passaram após tantos anos presos naquele lugar; o que um purgatório pode fazer com uma mente! — Ela explica, dessa vez, detalhadamente.

— Temos que ir pra onde ela está agora — o pai grita, se aproximando da mulher — por favor, nos leve até lá!

— Nisso eu não vou poder ajudar.

Quando Madame diz, o homem recua.

— O quê?!

— Eu não posso entrar em Sococó da Ema. Há selos espalhados por toda a cidade. Esses selos me impedem de me aproximar do local. É uma barreira espiritual da qual não posso atravessar.

— Não tem problema! Nós podemos ir! E iremos! Obrigado por sua ajuda!

O pai grita, pegando na mão da esposa. Ele a conduz até a porta, mas logo cessa seus passos quando ouve Madame sussurrar.

— Vocês não podem.

Todos estão atentos novamente à ela.

— O que disse?

— Não me expressei bem. Vocês podem, e devem, mas não conseguirão chegar a tempo! — Ela sente um enjôo no estômago. — Faltam menos de 20 horas para que o pior aconteça com sua filha, e mesmo acelerando pela estrada, vocês não vão conseguir chegar a tempo!

— Está dizendo que não conseguirei salvar minha filha? — O pai anda rapidamente até Madame. Está prestes a fazer uma loucura; como sacudi-la até falar realmente tudo que sabe.

— Não é isso — abaixando a cabeça, ela leva suas mãos até a cabeça — é só que vocês terão que achar um outro meio para chegar até lá a tempo.

— Outro meio?

Todos fazem a pergunta ao mesmo tempo.

É quando a porta da sala se abre, e dela sai Quim. Ele recebe os olhos arregalados e tristinhos de todos e logo sabe que algo não está certo.

Porém ele avança.

— Onde está Magali? — Grita ao correr até a sala.

— Quim...

A invocação e seus sacrifícios.Où les histoires vivent. Découvrez maintenant