fecho os olhos e vejo você.

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"Meu amor,

Resolvi separar um momento do meu dia para divagar ao seu respeito e me vi sorrindo como um bobo. Ah, Jeongguk, isso me acontece tantas vezes ao simples lembrar do teu nome que você nem imagina. Pensei em nós dois, no meio de milhares de pessoas naquele show de uma banda que eu nunca havia ouvido falar, mas comprei os ingressos porque você gostava muito. Naquele momento, naquele exato momento, em que nós ríamos um para o outro sem motivo específico, que notei meu coração se atrapalhando inteiro no ritmo de seus batimentos. Decidi culpar a música alta que parecia ecoar na minha caixa torácica, mas era você.

Qualquer pessoa que olhasse de fora se perguntaria algo como: por que diabos esses dois estão gargalhando tanto? Só que, pra ser sincero, quem se importa?

Você lembra quando decidimos ir juntos pra uma balada? Foi nossa primeira vez pisando naquele lugar e, uau, era só isso que conseguíamos dizer. Nós viramos copos cheios com bebidas que não sabíamos pronunciar o nome, drinks literalmente pegando fogo e algumas rodelas de limão escorregavam em nossas línguas. Depois de uma hora estávamos na pista de dança, pulando e sorrindo abobalhados. Felicidade. Eu sabia que meus olhos estavam brilhando por contemplar seu sorriso de canto a canto do rosto, percebi ali que apenas nós me bastava. Apenas nós, bêbados, nos beijando e trocando risadas quase incontroláveis. Sua risada é a melhor coisa que já me tocou os ouvidos. Me recordo de ter nos jogado no banco de trás de um táxi às quatro da manhã, num misto de suor e tequila. Senti seu dedo mindinho procurando pelo meu e segurei sua mão com força, fazendo o possível pra te ter o mais próximo que aquele momento permitia. Meu bem, eu te queria tanto, de todas as maneiras possíveis.

E eu tive.

Naquela madrugada eu explorei cada cidade do teu corpo, descobri novas constelações na tua pele e não medi esforços para te fazer enxergar estrelas mesmo estando ali, debaixo de um teto. E, meu deus, você estava (e sempre é) tão bonito. Eu me emaranhava no teu cheiro cada vez mais e não conseguia parar, nem queria. No fim, respirávamos com calma após nos lembrarmos de como encher nossos pulmões de ar, todavia quando olhei para o seu rosto não pude evitar deixar ele escapar novamente. Você me deu o olhar mais lindo que alguém, algum dia, poderia dar. Seus olhos negros, gigantes como toda a imensidão sideral, me encararam com um afeto que jamais pensei ser capaz de saber receber."

Taehyung desviou os olhos do papel em sua escrivaninha por meio segundo e espiou por cima dos ombros, tendo a visão do moreninho sobre quem escrevia cozinhando mais uma receita que achou na internet. Ele usava um avental verde musgo que lhe foi dado de presente pelo próprio namorado, em uma de suas datas comemorativas inventadas (como o dia que deram as mãos pela primeira vez). O meio segundo se tornou meio minuto, que quase virou meia hora, tentando gravar aquela imagem em sua cabeça para que não se esquecesse jamais, nem mesmo quando for bem velhinho e já houver novas milhares de memórias para guardar ao lado dele.

- Jeongguk, o que está fazendo?

- Já disse! Uma receita de baião de dois que achei no Tudo Gostoso. - falou, enquanto picava o queijo coalho em cubinhos. - tenho quase tudinho pronto... só falta o arroz.

- Que é o principal. - riu.

- A ordem não altera o produto final, ok? Vai ficar delicioso.

- Não duvido de você, amor, só queria passar um tempinho com o nariz no seu cangote. - Taehyung bufou e levantou-se da cadeira - você 'tá aí há duas horas.

- Meu dengo, no fim você vai poder cheirar meu cangote depois de encher a barriguinha de comida gostosa! - afirmou, sendo pego de surpresa pelo namorado que já estava ao seu lado lhe roubando um beijo. - para com isso, vai me desconcentrar.

O mais velho riu mais um pouco e ficou ao lado de Jeongguk, observando cada passo. Como corria de um lado para o outro na cozinha pequena, porém muito bem feita e linda, que conquistaram juntos, em busca dos ingredientes e utensílios necessários. Era uma fofura. Se pegou sorrindo e divagando novamente, sentiu vontade de continuar escrevendo. Queria pintar, desenhar, compor uma música, esculpir... queria fazer tudo, o tempo todo, só para demonstrar o quanto sentia. O quanto o Amava.

- Sabe o que eu estava lembrando? - recebeu um "hm" como resposta. - das vezes em que saiu com Jimin e Hoseok pra festas e me ligou bêbado durante a madrugada, com a voz chorosa, perguntando onde eu estava.

- Argh! Por que você fica lembrando dessas coisas?

- Porque eu lembro de tudo que te envolve. - se aproximou do menino, o fazendo virar para si e segurando seu rosto com as duas mãos - cada oi. - beijou sua testa - cada tchau. - beijou a ponta de seu nariz - e cada eu te amo que você já me disse. - por fim, beijou seus lábios que estavam lhe chamando em pensamento desde o momento da carta.

- Ah, meu dengo, eu te amo tanto, sabia? - respondeu sorridente - mal cabe no meu peito, parece que vou explodir. Puff. - gesticulou a última parte.

- São todas essas pequenas coisas, todas elas, que me lembram porque me apaixonei por você. - sorriu. - e quando a gente tá longe, eu também choro, sabia? Eu sinto tanto a sua falta. Nesses momentos, eu fecho os meus olhos e tudo que vejo é você.

- E as pequenas coisas?

- E todas as pequenas coisas. - o beijou mais uma vez. - agora, termina logo esse baião de dois que eu 'tô morrendo de fome e quero te mostrar algo que escrevi!

those eyes. Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ