A queda.

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Após a viagem escolar pouco vi Olívia. Na semana seguinte que voltamos ela saiu em outra viagem com meus tios. Vi ela pouco antes do início das aulas quando houve um jantar no restaurante dos seus pais. Era um local bem aconchegante. Não tinha o clima de um restaurante caro, nem a aparência fria e silenciosa desses locais. Era um restaurante em que qualquer um se sentiria tranquilo.

Nós fomos para comemorar o aniversário de casamento dos meus tios. Ficamos em uma mesa só. Nas pontas da mesa estavam meu tio e minha tia, meu pai e minha mãe ficaram de um lado e eu e Olívia ficamos do outro, um ao lado do outro. Silenciosos e sem saber como agir. Eu queria começar uma conversa com ela e sentia que ela queria começar uma conversa comigo, mas perdia o fôlego antes da primeira palavra sair. Ainda havia resquícios dos sentimentos da viagem.

A - Vocês estão tão quietos. - Disse meu tio Abner olhando para nós dois.

M – Talvez estejam envergonhados de conversar o que conversam na escola. - Disse minha mãe rindo. - Não se preocupem, todos nós fomos adolescestes, as conversas de vocês não vão assustar ninguém. - Ela disse rindo de nós.

I – Sabe Melissa, Olívia sempre fica quieta quando está perto de Eduardo. - Disse minha tia Iara olhando por cima dos seus óculos quadrados para Olívia que ficou envergonhada.

O – Eu não! - Ela disse se defendendo. - É que apenas não tenho nada para falar. - Olívia disse enrolando o cabelo e virando o rosto para o lado oposto ao meu.

A – Iara, você deixou ela constrangida agora. - Disse meu tio me olhando igual como olhou no carro. - E Eduardo tá parecendo uma acerola. - Ele disse e eu estava com meu rosto queimando.

M – Heitor era fácil de ficar vermelho também. - Minha mãe disse rindo do meu pai que estava com o gafo cheio de macarrão indo em direção a boca e fez uma expressão de questionamento que me fez segurar o riso.

H – Não lembro disso. - Ele disse desconversando.

A – Claro que lembra. - Disse meu tio. - Eu lembro bem do seu rosto quando foi pedir Melissa em casamento. - Completou. - Até na festa você parecia a bandeira da China. - Disse ele rindo.

I – Falando em festa. - Disse minha tia. - Nós vamos comemorar o aniversário de Olívia aqui também. - Completou e eu olhei para Olívia que deu um sorriso.

M – E quando vai ser? Já esse mês? - Perguntou minha mãe.

I – Em setembro, mas caí justamente na semana de provas então Olívia pediu pra ser feito após o dia. - Tia Iara falou.

O - Caí em um dia de semana e eu prefiro passar a semana de provas concentrada. - Ela disse para todos sorrindo.

H – Você é bem esforçada. - Disse meu pai com a boca um pouco cheia.

M – Deixa de ser mal-educado na frente dos outros. - Disse minha mãe dando um tapa no braço dele.

A – Tudo bem a gente já tá acostumado. - Disse tio Abner rindo.

M – Mas Olívia não precisa conhecer esse lado porco de Heitor. - Ela disse dando outro tapa no braço do meu pai. Eles começaram outra conversa entre si. Tirando meu pai, os outros três mais conversavam que comiam.

E – Dia vinte e sete, certo? - Eu disse baixo para Olívia.

O – Como você sabe? - Ela falou surpreendida.

E – Eu tenho a lista com alguns dados de todos os alunos. - Eu disse dando um curto sorriso. Era a primeira vez em muito tempo que nós conversávamos.

Água com açúcarWhere stories live. Discover now