Estou bem. De alguma forma, a vida tornou-se mais tranquila. Hoje choro menos, percebi que nem sempre as lágrimas são sinal de alívio; voltei a ouvir certas músicas que me causaram repulsa, e hoje passo a rir do meu próprio pesar. A dor é uma comédia. Uma comédia que precisa ser vivida com a mesma intensidade dos nossos risos, da nossa alegria, a dor também tem sua parcela de benefício, porque só depois da lágrima é que se vê como é bom sorrir. A dor é uma comédia, uma comédia tardia, porque não se consegue achar graça no momento da peça, mas ao final do último ato, é impossível não ver como ela foi agradável como um todo, agradável porque finalmente acabou, e isso não se pode ver na solidão, porque a solidão é um quarto escuro com uma pontinha de luz, uma luz que abriga somente aquilo que queremos ver, e quando abrimos as cortinas e deixamos a luz do sol entrar, aí sim, percebemos como é bom ver de novo o céu azul, o sol brilhando e os pássaros cantando. Essa é a comédia que eu vivi nos últimos meses, mas finalmente eu tomei coragem de sair da escuridão e procurar o sol, uma nova esperança, encontrar um motivo pra rir, pois a minha dor foi uma grande comédia.
