Rafa sentado em um tronco de árvore começou a cantar enquanto tocava o velho violão de seu pai.

"-E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer ou
Quando quero
Quando quero".

- Sério Rafa você só canta música de velho? - A Duda dessa dimensão falou e pensei que seria o tipo de comentário que eu faria.

- Para de show que sei que você conhece a música, me ajuda aqui. - Rafa falou puxando a Duda para que sentasse ao seu lado e começaram a cantar juntos:

"-Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol
Que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És, parte ainda
Do que me faz forte e
Pra ser honesto
Só um pouquinho infeliz
Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem
Tudo bem, tudo bem, tudo bem"
Duda parou de cantar e Rafa continuou sozinho:
"-Lá vem, lá vem, lá vem
De novo
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei". - O Rafa daqui era claramente apaixonado pela Duda , quando ele cantou a estrofe Duda ficou encabulada e um dos adolescentes gritou:
- Namoradinhos vão casar cedinho.
- Cala a boca. - Rafa falou e o vídeo acabou  .
Assisti todos os vídeos e vi todas as fotos que haviam nas redes sociais da Duda .

Fiquei naquele moquifo por mais 2 dias até que Márcio decidiu "botar o pé na estrada" e ir para Rio de janeiro.
No dia em que meu amigo iria para o Rio, acordamos por volta das 7:00 da e as 8 fomos até uma padaria onde tomamos café da manhã , nos despedimos e assim que meu amigo se distanciou notei que eu estava sem rumo.
Eu estava bem longe de qualquer lugar que eu gostaria de estar , peguei algumas moedas no bolso e decidi passar na minha casa ou na casa da Duda daqui e ver seus pais,  sei lá, me deu saudade dos meus e decidi que era o que eu queria fazer. Até porque eu não tinha nada melhor para fazer.
A teimosia dos meus pais em não me deixar ir para aquele passeio pode ter salvado a minha vida.
Fui para um ponto de ônibus e não demorou muito já estava no bairro República. Achei estranho o silêncio, eu esperava um estardalhaço bem maior com policiais em toda parte procurando por mim e o meu amigo  piloto, mas estava tudo bem calmo.
Andei um pouco até chegar na casa onde eu morava , tentei não ser vista por nenhum dos vizinhos e minha mente estava a mil pôr hora me perguntando se os pais da Duda daquela dimensão também moravam ali? A casa parecia vazia então pulei o muro pois era bem baixo e levantando um vaso de planta que ficava perto da porta peguei a chave e entrei em casa.
Quando entrei na casa pude perceber que já havia muito tempo que os pais da Duda não estavam morando ali.
Havia fotos da garota com os pais e com Rafa por toda parte como era na casa dos meus pais quando eu morava com eles. Mexi em várias coisas inclusive no quarto dos pais da garota e descobri que eles foram morar em na casa das montanhas em Santa Teresa.
Eu sabia que não podia ficar naquela casa por muito tempo iam acabar chamando a polícia. Fui até a garagem peguei uma bicicleta e fechando a casa novamente sai com a mesma a princípio sem rumo mas depois me lembrei do endereço do velório da garota, e que era aniversário de sua morte, então fui até seu túmulo.
Não sei porquê pensei nisso, seria uma péssima ideia , mas eu não tinha nenhuma outra então comecei a pedalar até o cemitério Parque da paz O que fez meu pé aparentemente quebrado doer bastante.
Eu ainda estava perdida procurando a lápide da Maria Eduarda no setor das orquídeas, quando ouvi um som de violão e olhando ao longe percebi que era o Rafa que cantava para a Duda depois de ter colocado um grande buquê de lírios sobre a lápide.

"-É tão estranho, os bons morrem jovens
Assim parece ser, quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais

Quando eu lhe dizia: Me apaixono todo dia
É sempre a pessoa errada
Você sorriu e disse: Eu gosto de você também
Só que você foi embora
Cedo demais

Eu continuo aqui, com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Dia de chuva, dia de Sol
E o que sinto não sei dizer..."

Rafa chorou e devo confessar que uma lágrima também rolou em meu rosto vendo tudo aquilo.

Meu telefone tocou e o barulho me fez tomar um susto do tipo de susto que a alma sai do corpo.

Me escondi atrás de uma árvore pois percebi que o barulho também havia chamado atenção de Rafa que olhou na direção em que eu estava.

No telefone era enfermeira Eny falando que os policiais estavam indo embora do hospital mas que ainda não era seguro ficar na cidade. Eny perguntou como estávamos e em seguida pediu que não falasse pois não sabia se era seguro. Enfermeira prometeu ligar novamente na próxima semana e desligou sem mais delongas.

Assim que Eny desligou desvie meu rosto de trás da árvore para ver se Rafa ainda estava em frente a lápide da Duda e como ele já havia saído me aproximei.

-Oi Duda , sim eu sou você , só que de outro mundo ou de outra dimensão como queira chamar. Se seus pais fossem tão chatos quanto os meus aposto que ainda estaria viva. Tenho a teoria de quê você deve ter deixado alguma pendência e por isso estou aqui. Sinto muito por ter partido tão jovem e de maneira tão sofrida, espero que tenha encontrado a luz. -Eu ainda estava conversando com a minha versão já falecida , quando olhei para trás e reparei que Rafa estava vindo ao longe , olhando para o chão parecendo ter perdido alguma coisa. Olhei para o chão desesperada e vi uma chave de carro.

-Que merda ele está vindo para cá. - Falei nervosa e sem pensar muito comecei a andar rápido tentando sair do campo de visão do rapaz.

Dei uma volta grande até chegar a portaria e me esconde perto de uma guarita onde ouvi Rafa perguntando quem estava visitando o túmulo de Maria Eduarda Loureiro e a pessoa respondeu:

- Ela só falou que era da família.

Rafa parou por alguns segundos e olhou a sua volta, mas logo em seguida foi até ao estacionamento entrou em seu carro e foi embora.





Rafa

Bibliografia

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Vortex 3:33     -Segunda Chance +18Where stories live. Discover now