Capítulo 31 - Você me paga, Melissa

Começar do início
                                    

A porta finalmente fechou e o silêncio pairou pelo ambiente. Melissa tinha aprendido que o melhor jeito de derrotar o inimigo era não dando lenha para que o fogo aumentasse e, sem dúvida, iria começar a praticar com Vanessa Kim. Por isso, assim que as portas se abriram no último andar, Melissa começou a caminhar em direção ao equipamento de gravação que ainda estava lá, por causa da live que havia acabado pela metade. Ninguém tinha condições de se preocupar com uma simples câmera, já que o mundo estava de pernas para o ar, não é? Sim, mas isso foi bom porque assim ela ia conseguir gravar o vídeo em ótima qualidade.

A médica continuou andando em direção à câmera, mas quando chegou a cerca de dois metros dela, sentiu Vanessa Kim segurar seu braço com firmeza.

— O que foi agora? — Melissa disse, mas logo começou a sentir uma certa irritação, só que como um mantra, repetia em sua mente: Mantenha a calma, não saia do Espírito, mantenha a calma.

— Você realmente achou que a morte daquela órfã ia ser a única coisa que eu ia fazer, Melissa? — retrucou em um tom de deboche.

— Qual é o seu problema? — A médica puxou o braço com força. — Matar alguém inocente não foi o suficiente?

— Eu te avisei, Melissa... — Ela começou a andar para ficar mais perto da youtuber. — Não lembra da nossa conversa? Assim que você chegou no hospital, deixei bem claro que faria você sentir a mesma dor que eu.

— Então quer dizer que você não teve demência? — Melissa riu, mas estava com tanta raiva que não tinha certeza se conseguiria se controlar. — Você matou uma garota inocente só porque está com dor de cotovelo?

— Não, Melissa! Não é por isso... Desde que nos conhecemos na faculdade, você sempre foi o centro das atenções! Tudo que eu tinha, você tomou! E agora eu não vou te deixar receber coisas boas da vida, não recebi, por que você vai ter?

— E eu tenho culpa em quê? Seu pai colocou aquele peso em você, não fui eu! Será que você não entende? — Melissa retrucou, já sentindo a paciência ir embora.

— TEM! Você tem culpa sim. Eu te contei tudo que passei na Coreia, te disse como me senti e você saiu contando para todo mundo! Como acha que eu me senti, hein?

— Eu só falei para a psicóloga porque queria te ajudar, será que você pode ser mais grata?

— Grata? Eu? — Vanessa tombou a cabeça para trás e deu uma gargalhada tão assustadora que Melissa começou a cogitar que ela não estava sozinha, se é que você entende.

As médicas estavam a uma certa distância, mas Melissa conseguia ver que Vanessa estava com um olhar que era capaz de metralhar alguém, ou uma postura tão dura e travada que dava a sensação de que ela realmente estava com muita raiva e seria capaz de fazer qualquer coisa. Mas o que Melissa podia fazer? Não era culpada de todo sofrimento que a ex-amiga passou.

— Você se formou e tinha um emprego garantido — Vanessa Kim voltou a se pronunciar enquanto dava passos largos em direção à Melissa. — Uma casa quentinha para ir. Um namorado para te confortar; e eu, Melissa? O que eu tinha? Eu tinha que ouvir as pessoas rindo de mim por ter me permitido passar minha vida toda estudando como louca para ser a melhor! Você sabe o que eu tive que ouvir? Eles me falaram que estudar não era nada de mais, que meu pai estava certo quando me colocava de joelhos por horas de frente para as apostilas, disseram que ele só queria meu bem quando praticamente me espancava se eu errasse uma resposta... Você não sabe o que tive que ouvir, não sabe o que eu tive que passar! Você me paga, Melissa.

[...]

— Onde está a Melissa? — Gustavo perguntou gritando, ainda se aproximando deles. Ele colocou os dedos no ouvido, pois o barulho do alarme e do robô, junto com as vozes das pessoas desesperadas, impediam que ele ouvisse qualquer coisa direito.

— Como assim? — Fernando gritou de volta em um tom preocupado. — Ela não estava com você?

— Melissa disse que queria gravar um vídeo — respondeu depois de parar perto dos amigos. — Nos separamos nesta madrugada, por volta das três da manhã!

Fernando passou as mãos pelo pescoço, guiou os olhos entre a multidão para tentar encontrar a ex-namorada, mas era quase impossível.

— Eu vou procurá-la! — respondeu, já se preparando para correr.

— Espera, Fernando! — Paulo segurou em seu braço. — Lá fora está uma loucura, cara. O melhor abrigo é aqui. Talvez Melzinha esteja no telhado, vamos procurá-la dentro do hospital.

— Sim, ele está certo! — Gustavo disse que sim com a cabeça.

Pela décima vez, ele sacou o celular do bolso, o desbloqueou e tentou ligar para Melissa, mas percebeu que o aparelho estava desligado.

— Ela não está atendendo! — disse depois de encerrar a chamada. Em seguida, respirou fundo para tentar manter a calma.

— Esperem aí, onde está a Vanessa? — Rebeca resolveu comentar. — Será que...

— Eu não quero pensar nisso, Rebeca! — Fernando a interrompeu, e deu as costas para todos.

— Aonde você vai? — Paulo gritou antes que o amigo ficasse longe demais.

— Eu não sei! — exclamou, erguendo os braços no ar. — Só preciso encontrá-la.

Ele voltou a correr e sumiu no meio da multidão.

— Vamos nos dividir. Gustavo, você procura a Melissa primeiro, nós vamos depois. Ainda tem muita gente aqui que precisa chegar no abrigo o quanto antes! Becca, você me ajuda? — Paulo disse, mas antes que todos pudessem falar, ele voltou a entrar em uma sala aleatória. Depois gritou para uma enfermeira ajudá-lo a retirar o paciente de lá.

— Eu vou com ele, Gustavo. Você ajuda o Fernando a encontrar a Melissa, tá bom? — Rebeca comentou, tentando se manter o mais racional possível. Ela puxou um elástico que estava preso no pulso, abaixou a cabeça, deixando os fios cair para frente e, com um movimento rápido, prendeu os cabelos em um rabo de cavalo.

— Certo, nos encontramos lá embaixo em uma hora! — Gustavo concordou.

— Até daqui a uma hora — Rebeca disse depois de erguer a cabeça. — Mas lembre-se que se vocês não voltarem em uma hora, só vai sobrar trinta minutos para entrar no abrigo antes que as portas sejam travadas. É melhor correr!

— Obrigado por me lembrar desses trágicos detalhes, Rebeca. — Ele deu um sorriso desesperado. — Até daqui a uma hora. 

Como escrita desse livro, me recuso fazer qualquer comentário sobre capítulo e é sobre isso

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Como escrita desse livro, me recuso fazer qualquer comentário sobre capítulo e é sobre isso. 🤭

Deixa a estrelinha ⭐ no capítulo, não custa nada, né?

Bjss e te vejo no sábadoooo

Te Entreguei Meu Coração ❤️ - Série Médicos Do Fim  [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora