EPÍLOGO

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Geralmente não posto o epílogo no Wattpad porque ele vai como um bônus para quem lê na Amazon, mas essa é uma das minhas partes favoritas desse livro e quero que todos leiam <3

Então, após a leitura, se puder ir na Amazon/Skoob/Facebook/Instagram e deixar uma avalição, agradeço muito <3

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LEONARDO

Se você perguntar para a minha mãe como foram meus primeiros sete anos de vida, imediatamente ela vai dizer que foram maravilhosos, mas, para mim, maravilhoso mesmo foi após ela conhecer o meu pai Victor Hugo. E nem me refiro a isso pela vida que ele nos proporciona desde então, mas pela pessoa incrível que tenho o prazer de chamar de meu pai.

Desde o momento em que nos conhecemos oficialmente até hoje, ele nunca foi menos que o melhor pai que eu poderia desejar e sem permitir que eu esqueça do meu pai Mauro.

A minha vida é ótima, não tenho do que reclamar, mas não posso dizer que sou totalmente sincero. Talvez seja de família. Em alguns dos nossos almoços de domingo, quando começam a conversar sobre o passado, a tia Vic e o meu pai gostam de importunar minha mãe falando sobre como ela me escondeu por medo de perder o seu emprego.

E eu entendo. Meu pai sempre foi uma pessoa maravilhosa comigo, mas sei bem que, no início, ele e minha mãe não se davam exatamente bem. Ele era grosso e amargo e encontrou justamente o seu oposto na dona Helena. Provavelmente essa seja a maior história de amor que eu conheça, desculpa, Romeu e Julieta. E o melhor é que pude presenciar de camarote boa parte dos acontecimentos.

— O papai e a mamãe te amam! — Lulu, minha irmãzinha avisa fazendo cafuné na minha cabeça. — Gabi e você se gostarem, não muda isso.

Apesar de ter apenas dez anos de idade, Lulu é uma das pessoas mais sensatas da nossa família. Também a mais paciente e esperta. Sempre sabe a coisa certa a se dizer.

— Você só tem dez anos, Lulu. Como poderia saber? — retruco e ela me dá um cascudo na cabeça antes de voltar a fazer o cafuné.

— A tia Vic disse que tenho uma alma sábia — diz orgulhosa. — E eu sempre estou certa!

— A tia Vic sabe que você forçou um anel pequeno demais no seu dedo e tive que te levar ao hospital para tirar antes que o seu dedo caísse?

— Eu tinha nove anos! — resmunga. — Agora estou mais velha e mais sábia. De qualquer forma, você deveria contar pro papai e pra mamãe, vocês formam um casal lindo.

— Não somos um casal, Lulu.

— Faz o pedido de namoro então, ué...

— Não é tão simples assim... — começo no exato momento em que minha mãe entra no quarto.

— O Iago pode brincar com vocês? — segurando na perna da minha mãe igual eu fazia em meus momentos de timidez, meu irmãozinho de quatro aninhos tenta se esconder ao mesmo tempo em que tenta ver o que estamos fazendo.

— Pode, mamãe, mas o Leo precisa conversar com você e com o papai. — minha irmã avisa serelepe indo até Iago. — Vamos pra piscina? — nosso irmãozinho pega a sua mão e rapidamente se vai me deixando sob os olhos curiosos de dona Helena.

— O que houve, querido? Está indo mal em alguma matéria? — se aproxima sentando comigo na cama. — O seu pai e eu não vamos brigar.

— Não, mamãe, só mais uma prova e estou oficialmente formado no ensino médio. — Mal consigo encará-la. Sei que minha mãe quer apenas o meu bem, mas amigos que passaram pela mesma situação acabaram não tendo um resultado satisfatório nessa conversa com os pais. — Gabi pode jantar aqui hoje? Me sentiria mais confortável com...

— Claro que pode. Liga e chama, tá? — afaga meu rosto e beija rapidamente minha testa. — Mais tarde conversamos sobre isso então.

— Mamãe...

— Oi, meu amor...

— Eu...

— Nós te amamos, Léo. — com um sorriso ela se vai.

~*~

Mesmo inseguro, Gabi aceitou meu convite. Já tínhamos conversado diversas vezes sobre esse momento. Ele decidiu esperar até os dezoito, mas eu não conseguia mais esconder isso daqueles que eu amava.

Na hora de sempre papai chegou em casa e, após ser agarrado pelos meus irmãos, veio me cumprimentar com um sorriso e um beijo na testa como sempre.

— Vamos ter companhia pro jantar? — pergunta agarrando minha mãe que monta a mesa mais elegante que o habitual.

— O Gabi vem. — avisa depois de ganhar um beijo do meu pai. — O Léo quer conversar e quer a presença dele. — Meu pai me encara sem falar nada e sinto minhas pernas tremerem. Estaria eu os decepcionando?

Gabi não demorou a chegar, ele morava apenas há algumas casas de distância da nossa. O conheci quando tinha a idade da Lulu na van escola e logo viramos amigos. E um dia essa amizade simplesmente virou algo mais.

Com a pele escura e lindos olhos verdes, Gabi entrou em casa com seu sorriso habitual depois de me cumprimentar com um abraço que, para qualquer outra pessoa, teria demorado demais, mas não para nós dois.

— Tia Helena. — entregou uma única flor a minha mãe que aumentou ainda mais o sorriso. — Como estão? — voltou-se aos meus irmãos que o abraçaram falando sobre o dia deles.

— O Hugo foi tomar um banho, mas já vai descer. — minha mãe avisa indo até a cozinha buscar a comida.

Não demorou muito até que meu pai se juntasse a nós e rapidamente fomos para a mesa. Eu estava agitado e impaciente, meu medo estava presente, mas não aguentava mais não assumir para os meus pais a verdade e antes mesmo que a primeira garfada alcançasse a boca, soltei:

— Eu sou gay!

Por um minuto que pareceu uma eternidade, não consegui distinguir o que meu pai e minha mãe estavam pensando enquanto subitamente meu irmão começou a tagarelar como nunca havia feito perguntando o que significava "eu sou gay!".

— Você e o Gabi estão juntos? — meu pai quebra o silêncio entre ele e minha mãe.

— Ainda não, mas... — seguro a mão do Gabi a vista de todos.

— Você está pedindo permissão para ficarem juntos? — é a vez da minha mãe.

— Também não, mamãe. Eu estou contando isso porque os amo e respeito. A única coisa que quero, que espero, é o mesmo da parte de vocês.

— Então vocês vão namorar? — é a vez do meu pai voltar a falar.

— Se o Gabi aceitar namorar comigo. — volto-me a ele que, mesmo em silêncio, consigo entender que, para ele, aquilo é um sim. — Isso muda algo, mamãe? Papai?

— Por que mudaria, filho? — meu pai questiona. — Você é exatamente quem é. Exatamente quem eu criei. O seu caráter e índole permanecendo o mesmo... Você está feliz?

— Demais, papai! O Gabi me faz muito feliz! — respondo emocionado. — Mamãe?

— Se você magoar meu menino, te afogo na piscina, Gabi. — sem controlar as lágrimas, minha mãe se levanta e nos faz levantar das cadeiras para nos abraçar.

Logo meu pai faz a mesma coisa, assim como meus irmãos.

— Eu te disse, cabeçudo. — Lulu sussurra para mim me arrancando uma risada. — Viu como eu sempre estou certa?

— Te amo, Lulu.

FIM.

Meu Viúvo - (COMPLETO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora