CAPÍTULO 13

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ISABELLE

Acordei tossindo muito. Me levantei e fui ao banheiro para não acordar o Rafe, tranquei a porta e continuei tossindo com a mão na boca para abafar o som. Que merda é essa? Olhei para o espelho e meu nariz está sangrando, tem sangue também nas minhas mãos, e boca. Que droga!
Lavei meu rosto, mãos e boca. Sai do banheiro, coloquei uma roupa, e vi a hora no celular, são duas da madrugada. Eu preciso ir em algum hospital urgente! Então liguei para a recepção do hotel e falei que estava passando mal, perguntei se algum motorista poderia me levar, e ela disse que já estão vindo, então esperei. O motorista chegou as duas e quinze e eu entrei no carro.

"Olá senhorita, o hospital é a trinta minutos daqui, mas eu vou ir o mais rápido possível"

"Obrigada moço!" agradeço.

Vou o caminho todo aflita. Meu nariz sangrava quando eu era criança, mas pode ser normal... Não é? Isabelle, você está bem! A tosse com sangue, pode ser por causa de tanto tossir... É, pode ser isso! Eu também sentia tonturas quando criança, mas como eu não tinha nem onde morar direito, nunca me preocupei muito com isso. Mas podia ser por falta de comida, ou outra coisa normal. Finalmente o motorista chegou, e conseguiu me trazer em vinte minutos.

"Obrigada de novo. E pode ir descansar senhor, eu não sei quanto tempo vou ficar aqui. Muito obrigada!"

"De nada senhorita, se precisar, é só ligar" ele diz sendo simpático.

Entrei no hospital um pouco mole, estou suando frio, estou fraca e estou brigando com meus olhos para eles ficarem abertos. Não tem nenhum paciente aqui na espera. Aliás, é tarde! Caminho até a moça do atendimento.

"Boa noite! Eu passei mal de noite, vim correndo aqui. Estou bem ruim" digo com nervosismo.

"Vou precisar dos seus documentos senhorita. E já vou te encaminhar para o doutor, pode esperar alí" ela diz apontando para as cadeiras no corredor.

Entreguei meus documentos a ela, e sentei para esperar. O hospital é enorme, ainda bem que eu tenho convênio e posso ser atendida rápido. E eu espero que o Rafe não acorde antes que eu chegue, caso contrário ele vai querer vir até aqui, e eu não quero que eles saibam que estou no hospital. Depois de dez minutos, o doutor me chama, eu caminho até a sala dele e me sento na cadeira de frente para sua mesa.

"Olá senhorita Isabelle. Sou o doutor Eric. O que aconteceu com você para estar de madrugada aqui?" ele diz sendo simpático.

"Eu não senti mal estar nenhum durante o dia, e acordei do nada tossindo muito... E... Eu..." Como eu posso dizer a ele que saiu sangue da minha boca, sem que ele pense que eu estou morrendo? "É... O meu nariz sangrou e quando eu tossi, saiu sangue da minha boca também..."

"Você sentiu tontura? Desmaiou?" ele diz estreitando os olhos.

"Sim! Fiquei um pouco tonta" digo esfregando as mãos na coxa, e balançando as pernas.

"Você já fez um exame de hemograma?"

"Não! Que exame é esse?"

"Senhorita, não vamos precipitar as coisas okay? Eu vou fazer esse exame em você agora, para se caso for leucemia, nós tratarmos!"

"Isso é... câncer?" pergunto com a respiração pesada.

"Isso! Mas não posso dar certeza, sem os exames. Vamos?"

"Okay..."

Ele se levanta e eu o sigo. Nós caminhamos para a sala de exames, e tudo parece estar em câmera lenta, consigo ouvir minha respiração, meu coração palpitando mais rápido, e minhas mãos suadas. Izzie, você não pode ter câncer! Não pode! Nós entramos em uma sala toda branca.

"Pode se sentar" ele aponta para uma cadeira, e eu me sento.

Ele tira três tubinhos de sangue.

"Espere só alguns minutinhos. Eu já volto" ele saí da sala com os tubinhos.

Eu já mordi todas as minhas unhas, meu coração ainda está acelerado, e estou começando a ficar com dificuldade para respirar. Depois de longos trinta minutos, o doutor Eric volta, e se senta na cadeira ao meu lado. A feição dele não está nada boa. Droga! A feição do médico não é nada, boa!

"Doutor, por favor... Por favor" não consigo conter as lágrimas e elas rolam quentes pelo meu rosto.

"Isabelle, agora é certeza! Você tem leucemia mieloide aguda. Esse tipo de câncer do sangue, é da medula óssea, em que há um excesso de glóbulos brancos imaturos. A leucemia mieloide aguda, progride rapidamente, e as células mieloides interferem na produção normal de glóbulos brancos e vermelhos, e de plaquetas também" ele diz e eu ainda estou chorando.

"O tratamento demora? Dói muito?" pergunto em soluços.

"O seu caso já está avançado. Ele demorou para ser diagnosticado, então foi te corroendo por dentro, não tem mais cura. Mas eu vou fazer de tudo para te dar mais tempo de vida"

Mais tempo de vida? Aí meu Deus! Isso não pode ser verdade.

"E quanto tempo eu tenho?"

"Não é algo concreto, mas em média, de seis a sete meses com os tratamentos. Eu sinto muito!"

Eu não consigo falar mais nada. Só estou pensando nos meus irmãos, eles não podem perder mais ninguém... O Ash é só um criança, não dá! Não dá! O Fez... Ele vai ficar arrasado. A Sarah, Wheezie, Rafe... Não posso!

"E se eu não fizer o tratamento? Quanto tempo eu tenho?"

"No máximo quatro meses"

Quatro meses? Eles não podem saber disso. Não podem! Eu preciso fingir que está tudo bem.

"Okay! Tudo bem! Está tudo bem! Eu posso voltar para casa agora?" Minha respiração está cada vez mais falhada. Eu começo a respirar cada vez mais fundo, e a tremer muito. E de repente, fica tudo preto.

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