Capítulo 3 - Da arte, nasce o amor

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O cantinho de Demi era extenso, havia centenas de quadros. Aquilo foi estranho para Taehyung. Por que tinham quadros no canto de Demi se ela era uma cantora? Mas assim que Leonardo da Vinci surgiu em seu campo de visão simplesmente deu de ombros para o que quer que significasse aquilo, quase se ajoelhando ou se jogando aos pés do homem diante de si.

— Meu Deus, Leonardo da Vinci! Eu sou um grande fã, tenho todos seus quadros em minha sala privada, uso-os como referência... — iria continuar seu discurso de um fanático eufórico e sem fôlego pela velocidade com que dizia, mas Demi o entrecortou.

— O senhor é um ícone para mim, uma inspiração, todo o meu sucesso, todas as vendas são graças às ideias que você me dá e...

Demi parou de falar de repente. Tae e ela se entreolharam e então perguntaram em uníssono:

— Você pinta?

Diante do choque em seus rostos, Adelina, Kehlani e da Vinci riram, divertidos com a cena.

Demi se juntou a eles, e depois Tae também, achando graça.

— Essa é nova — ela admitiu. — Na realidade, você só me conhece como Demi, mas sou a "La Octava".

A boca do jovem se escancarou e os olhos se arregalaram em espanto e, em parte, de admiração. A artista La Octava era conhecido pelo mundo todo, e inspirava vários artistas que tinham o sonho de viver em anonimato, entre eles, Tae. Porque se não pudesse viver seu sonho sendo si mesmo, inventaria um pseudônimo e passaria a usar, mas jamais abriria mão de sua paixão.

— Eu não acredito, esse tempo todo estudando suas artes, lendo seu livro sobre a psicologia das notas musicais como arte e... puxa, eu nem me dei conta. Me sinto estúpido, de verdade — confessou, sorrindo sem graça.

Ela apenas apertou seu ombro em conforto e sorriu. Ele não era estúpido, fora a intenção o tempo todo ficar às sombras.

Leonardo os explicou a missão deles naquele lugar, encontrar a paz de espírito para suas mentes como artistas, e encontrar a resposta que tanto procuravam. Então, Demi e Kehlani saíram de mãos dadas direto para o stand de Caspar Friedrich, o artista que prezava pelo romantismo em todas as suas artes com ardor e maestria. Já Taehyung, desamparado e sozinho, notou Adelina não muito longe dali cultivando um belo jardim de rosas vermelhas e brancas. Então, se encaminhou até lá.

— São lindas, não são? — ela perguntou, cheirando uma rosa que era branca e possuía apenas as pontas das pétalas pintadas de vermelho.

Ao falar a palavra "lindas", só então Tae reparou na beleza da moça diante de si. Agora todos sem máscara, conseguia reparar melhor. E não lhe fugiu à atenção quanto a dor que fazia morada no olhar dela.

— Tão lindas quanto você — disse por fim.

Ela corou levemente, levando uma mecha dos cabelos ondulados atrás da orelha. Não admitiria, mas o achava lindo também. No entanto, nunca havia tido a oportunidade de namorar, nasceu e morreu virgem, sem sequer poder ter selado sua boca à outra, morta por conspiração entre os brancos na época da escravidão. Mas morrera com orgulho e um sorriso no rosto, pois encaminhara as últimas informações necessárias para o tratado que mais tarde Isabel assinaria a Lei Áurea e libertaria seus irmãos.

— Assim me deixa cabolosa — riu, e então retornou ao assunto anterior. — Não existem em seu mundo tais flores. Esse é o meu canto, tu sabia?

Era uma graça o sotaque dela. Por Deus, ele estava a devorando com os olhos. Portanto, mirou os olhos na flor e tentou se concentrar no assunto, sem se distrair com a beleza dela.

— Seu canto é um plantio de flores? — quis confirmar.

Ela sorriu, ao ponto de fechar os olhos.

— Está vendo essa mão? — ela esticou a mão direita, havia algumas cicatrizes ao redor dos dedos e ao redor do pulso. Ele assentiu. — Enquanto viva, eles me proibiam de ter uma vida normal fora da escravidão. Até que um dia eu furtei uma rosa da cerca da minha sinhá e me quebraram a mão, osso por osso. Além disso, rasgaram minha pele com os espinhos da rosa que tinha pego.

Noite Mágica - Um baile de máscara inesquecívelDonde viven las historias. Descúbrelo ahora