Capítulo 5| Hora de Ir

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Dal dorme em uma cama improvisada com panos salvos do incêndio que começa a ceder.
Lórien o observa pensando na dor que deve ter passado, mas não demonstra traços de fraqueza.

— Lórien! Tem um minuto? — Fischer pergunta fazendo "um" com o dedo.

— Claro.

Ele se levanta e se junta ao mais velho para acompanhá-lo.

— O que foi sr. Fischer? — pergunta Lórien curioso.

— Me desculpe mas eu ouvi sua conversa com Dal.

Julgando pela altura com que falavam era fato que alguém ouviria, mas um assunto delicado como este fez com que o jovem torcesse para que ninguém tocasse no assunto.

— Eu sei que não é algo do qual queira falar mas-

— Mas o que? Já foi conversado o assunto, eu não vou vê-lo. Não estou necessitado, e além disso mesmo se estivesse não iria.

— Meça suas palavras, meu jovem. Você não sabe o que é passar necessidade. E quando passar, que por Deus espero que seja nunca, você vai saber que faz qualquer coisa para ter o que comer.

Quem é você? Fischer tão carismático e calmo repentinamente lança palavras com tom de ameaça e amargura.

— Mas o que realmente quero lhe dizer é que pode ser que nada lhe prenda aqui para ir e conhecer o mundo.

— Está louco? Tenho que cuidar de Dal e de sua vendinha até ele melhorar.

— Dal?

Ambos olham para o Duende que dorme com respiração pesada e bem pausada.

— O-o que foi? — diz Lórien pensando mil e uma coisas.

— Ele não vai sobreviver. Além de perder muito sangue, 70% das queimaduras infeccionaram. Ele viveu bastante, nenhum que enfrentou os terroristas sobreviveu pra contar algo.

O jovem heterocromático entra em desespero. Seria possível perder a mãe e pai de criação em um dia só? Ele se afunda em seus pensamentos: "eu poderia ter feito algo? Eu tenho culpa nisso? É porque eu sou meio elfo que esses elfos nos atacaram?"

— Lórien — diz Fischer tirando o meio-a-meio do transe. — Se eu fosse você, me despediria dele e sairia do país. As coisas vão ficar perigosas depois que Dal se for.

— Po-por que eu deveria sair? Como assim perigosas?

— Olha bem, meu jovem. Dal é amigo íntimo do rei, eles lutaram lado a lado para trazer o povo até aqui. Ele é um dos poucos que restou da "velha geração". Ele até então estava intimidando os que não concordam com o FATO de não enfrentar outras raças. Gangues, seitas e pirralhos pomposos vão sair das sombras querendo tomar a liderança.

— E-eu não sei, do que você tá falando?

-—Lórien, presta atenção. Não dá pra fugir da realidade. E a realidade é que o Dal tá com o pé na cova. Foi muito sangue e deu infecção generalizada nas queimaduras. Dê adeus a ele antes que morra, pegue suas coisas e vai.

O jovem pensa em refutar, mas o mais velho tem razão. Não há nada que se faça.

— Dal — diz se aproximando da cama improvisada.

— Ah, olá Lórin. Pensou sobre ir até seu pai?

— Hã?! Ah, eu não sei. Acho que pode ser.

— Lórin, me escuta. Eu sei que não estou nada bem. Estou com queimaduras da nuca até o calcanhar, me arrastei na terra por uns 30 metros. Eu não vou sair dessa.

Amanhecer De Uma Nova EraWhere stories live. Discover now