𝐒𝐇𝐄, 𝐠. 𝐛𝐥𝐲𝐭𝐡𝐞

O que você faria?

Sabe aqueles momentos da vida onde você poderia exatamente paralisar, como um tipo de obra de arte atemporal? Ali foi um desses momentos. Rory se sentia completamente viva, exorbitantemente feliz e cruelmente inefável.

Todos se sentaram envolta da fogueira, na orla de areia do lago naquela madrugada quente de verão, seria o melhor de suas vidas.

-Rory, me ajude. – Anne sussurrou surgindo ao lado da amiga.

-Não vou distrair o outro Paul para a Tillie.

-Não, a Diana já foi fazer isso.

-Então o que seria?

-Seria muito inapropriado se eu sair do grupo?

-Como assim? - Rory olhou a amiga ao seu lado, os cabelos de Anne, assim como os seus, já estavam secos e indomáveis, mas seu rosto parecia mais vermelho do que isso.

-Bem, eu vi ao longe um tipo de flor muito bonita, acho que não conheço... talvez o Charlie saiba o que é. – Anne olhou signitivamente para a amiga.

-Bom, mais inapropriado do que já estamos aqui? Ora, Anne. Vá logo! – sussurrou a morena apertando o braço da ruiva, animando-a. Mas Anne ainda parecia nervosa.

-Você poderia nos acompanhar?

-Anne!

-De longe... eu acho que fica mais adequado.

-Meu Deus, Marilla não vai aparecer do nada. – Rory riu, mas Anne parecia propensa a acreditar que poderia aparecer sim. – Certo, eu vou.

Anne ficou ainda mais corada, mas levantou num pulo animadamente. Rory observa Anne ir disfarçando até Charlie, não que alguém estivesse prestando atenção, já que Moody tinha acabado de ficar preso numa raiz alta e todos estavam rindo tentando tirá-lo. Ela aproveitou e sussurrou algo no ouvido do rapaz.

Charlie ficou um pouco nervoso, mas concordou e levantou rápido e atrapalhadamente seguindo a ruiva.

Rory esperou o casal se embrenhar e se levantou. Ótimo, seria babá e vela. Mas valeria a pena se puder ser a madrinha.

A morena caminhou devagar e parou a certa distância, atrás de uma arvore. Ela viu Anne apontar para um aglomerado de flores laranjas e Charlie, muito cavalheiro, se concentrou nas flores e ia falando coisas a Anne.

Por um segundo Rory sorriu, apreciando a cena. Anne parecia mais tímida do que costumava e Rory podia ouvir daqui os batimentos do pobre Sloane.

-Bisbilhotando? – alguém sussurrou e Rory conteve o grito de susto.

Ela fechou a cara de deu um tapa no ombro de Gilbert.

-Idiota! Quase me matou! 

-O que está fazendo aqui sozinha?

-Estou "acompanhando" Anne e Charlie.

-Oh.

Gilbert se juntou a morena e ficaram bisbilhotando o casal. Charlie arrancou uma flor particularmente bonita e entregou a Anne, que ficou mais tímida.

-Puxa vida, a Anne está realmente sem graça? – Gilbert sussurrou fascinado.

-Palmas para o Charlie.

-Palmas para o Charlie mesmo. Nem levou uma lousada para isso acontecer. – Gilbert riu e finalmente se afastou, dando privacidade para o casal.

Rory se segurou para não perguntar, mas era inevitavelmente naquele momento com o álcool ainda circulando seu corpo.