O resto das aulas foram bem menos interessantes que de costume. A única preocupação que eu tinha era sobre as notas e foram boas então me aliviei de imediato. Mesmo me esforçando e dando 500% de mim nas provas,eu sempre me preocupava,nunca se sabe! Fui embora mais relaxada e mais feliz em saber que meus dias de gloria chegaram,sem precisar acordar antes do apresentador do globo rural.

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  A música ecoando pela minha mente; o corpo soado e a respiração ofegante. Dançar era relamente libertador!

  Qualquer pessoa que entrasse naquele quarto poderia imaginar que eu estava fazendo algum tipo de ritual,mas tudo bem,realmente parecia isso. O headphone emitindo todas as batidas do grave e me fazendo sustentar os passos "agressivos". Meu coração pulsava por todo o meu corpo e minha visão começava a ficar meio tonta,sinal de que minhas 2 horas dançando foram realmente interessantes.

    "Lost in the fire" acabou de tocar e eu me joguei no chão. O sorriso em meu rosto  denunciava a satisfação por ter feito todos os passos corretamente,meus olhos ardiam com o suor escorrendo.

Dançar não exatamente era a coisa que eu mais gostava de fazer,mas eu me libertava tanto,conseguia colocar pra fora todos os meus sentimentos e tudo parecia tão fácil enquanto a música tocava e meu corpo balançava. Sabe quando a gente liga a tv pra assistir alguma premiação de música e o nosso cantor favorito faz uma performance que nos deixa de queixo caído? pois é,era assim que eu me sentia quando acabava de dançar.

   Me levantei de supetão com o intuito de ir ao banheiro,mas a minha pressão olhou pra mim e falou: "vai pra onde,mana? senta ai denovo" e foi isso que aconteceu. Minhas pernas perderam a força e eu cai no chão. Gastón e nuvem que antes brincavam um com outro,agora me olhavam atenciosos,sorri para eles e desfrutei do chão novamente.

  Se a vida lhe derrubar,não se levante. Apenas desfrute da própria derrota!

  Passei mais alguns minutos no chão e por fim resolvi ir romar um banho. Dessa vez mais devagar pra não correr o risco da outra vez.

  Liguei o chuveiro e deixei a água gelada tocar meu couro cabeludo. Abri o frasco de shampoo que tinha cheiro de morango e fui massageando  bem a raiz de meus cabelos. Eu não era bem uma Rapunzel,na verdade estava bem longe disso,então não demorei quase nada pra deixá-lo limpinho e cheiro. Fiz o mesmo com resto do corpo. Tudo isso enquanto pensava em mil e uma coisas,não sabia como minha cabeça não explodia com excesso de pensamentos aleatórios. Por fim,terminei o banho e sai do banheiro encontrando imediatamente com Gastón que miou ao me ver.

-Que foi,Ruivo? -pergunto acariciando sua cabeça. - estou cheirosa? -miou e eu encarei isos com um "sim" - obrigada,lindão!

  Parei em frente ao espelho do guarda roupa enquanto ajeitava umas coisas em mim. O reflexo mostrava uma garota branquela alta,com cabelos pretos com mechas roxas atrás e o cumprimento até pouco abaixo dos ombros; meus olhos verdes estavam combinado com o moletom que eu usava. Se eu me amasse até poderia dizer que sou uma pessoa bonita,mas não consigo sentir isso.

  Ouço o barulho de chaves na porta da frente e já imagino quem seja. É claro né,quem mais seria se só moram duas pessoas humanas nessa casa,Lua?

-Filha,cheguei em nossa humilde residência! - diz animada e eu vou até a mais velha.

- Senti saudades,mãe! - digo a abraçando,ela me abraça mais forte e alisa meu cabelo.

- Eu também senti. O que eu seria sem a minha lua verde?- rimos e nos desvencilhanos do abraço. - Alguma coisa de interessante no último dia de aula?

Busco em minha mente a primeira coisa que vem é o acampamento.

- vai ter um acampamento na próxima semana... todo mundo ficou tão animado que o dia todo foi resumido a isso.

Falo e ela me lança um olhar alegre.

- Você que ir? Se quiser eu compro barracas e tudo que precisar. - falou eu fiz e eu parei pra pensar:

será que eu quero ir? seria uma boa ideia ir passar o tempo,mas eu não tenho amizade com ninguém e provavelmente ficaria sozinha na maior parte do tempo. Entre ficar nessa situação em casa ou no meio de outras pessoas,eu prefiro a minha casa. Mas talvez essa seja a chance de eu sair de "gato comeu a sua língua?" para " ela é minha conhecida",sei lá,são dois extremos pra mim.

Cinco dias com pessoas da minha idade,socializando e tentando fazer amizades...acho que eu tenho alergia a isso!

- Eu não sei...- falo por fim - queria tentar mas eu tenho medo de ninguém gostar de mim.

confesso e o olhar de pena dela se faz presente. Que deprimente quando sua própria mãe sente pena da sua adolescência solitária. Orgulho do Akon.

- Filha,já conversamos que se você pensar sempre no que pode dar errado você não vai fazer nada. - terminou de lavar uma pera e se virou na minha direção - Você só vai saber se uma goiaba está boa se der uma mordida nela. Você sabe que corre o risco de ter alguma coisa indesejada dentro,mas não pode ficar na vontade de comer a goiaba só por causa disso!

Falava calmamente para que eu conseguisse entender aonde queria chegar,e eu entendi.

Deveria ser muito difícil ser minha mãe,porque eu sempre tava jogando oportunidades boas no lixo por causa da merda da timidez e sempre teria que falar uma metáfora motivadora pra tentar me ajudar. Baseado nesse pensamento eu resolvi arriscar.

- Acho que eu vou morder a goiaba. - falei a expressão de surpresa surgiu em sua face - Talvez não seja tão ruim assim,não é mesmo?

sorri meio sem jeito e ela sorriu contente em resposta.

- Me fale o que irá precisar de levar...

Peguei meu celular e comecei a listar algumas coisas pedidas pela escola e algumas outras. Aquilo durou bons minutos por conta da minhas constantes pausas pra pensar se faltava alguma coisa. Se dependessem da minha memória em um apocalipse zumbi,iríamos morrer nos primeiros 2 minutos.

Também falei sobre as minhas notas e fui parabenizada pela mais velha. Nada de novo sobre o sol.

Ainda sobre o acampamento;eu estava começando a me alegrar com a ideia de ir,mesmo um pouco hesitante. Talvez isso me ajudasse em alguma coisa...

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