Capítulo 32: Éclater

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Estouro (s.m.): Estrondo geralmente violento, proveniente de algo que (se) arrebenta; explosão; qualquer ruído semelhante a uma explosão; acontecimento imprevisto, geralmente impactante; contenda geralmente violenta; altercação, discussão; ira, raiva súbita; pancada, tapa, bofetão; arrombamento; dispersão sob efeito de pânico.

E quanto mais se evita, maior o estouro.

Narrator's Point Of View

Com o carro estacionado na porta do flat, Joalin apertou a buzina para que as amigas da missy descessem e ajudassem a tirar as coisas do carro.

Como haviam passado uns bons dias em Paris, acabaram voltando com mais coisas do que levaram.

Não demorou muito para que elas viessem, com sorrisos amigáveis nos rostos e a garota lançou um olhar carinhoso para sua missy.

Incentivou a ir falar com elas primeiro, mas a francesa se manteve séria e estática bem como em todo o trajeto, então Joalin simplesmente assentiu para si mesma e saiu do carro para cumprimentar as patroas com abraços gratos e saudosos.

Joalin ainda estava com os braços em volta de Any quando o barulho súbito e alto da porta do carro batendo forte as assustou.

As três viraram-se a tempo de ver Shivani subindo para o flat sem dizer uma só palavra em passos pesados e o cenho franzido com aquele gato no colo.

Joalin soltou um suspiro e viu Sabina franzindo as sobrancelhas, mas antes que ela pudesse ir atrás da missy, a garota segurou seu braço.

- Dá um tempo pra ela. - Joalin pediu. - Isso não tá sendo nada fácil, deixa ela respirar, deixa ela ficar um pouco sozinha.

- Como ela reagiu a isso tudo? - Any perguntou preocupada.

- O que você acha? - A garota perguntou retoricamente num sorriso triste. - Foi péssimo. Ela não imaginava que já estava nessa situação, não fazia ideia que as coisas teriam de ser assim, ainda mais com o jeito que tudo estava se encaminhando, sabe? A gente já estava com tudo programado pro casamento e...

- A gente sabe, apprenti. - Any falou com a mão no ombro da brasileira num afago carinhoso. - Todo mundo sente muito por isso.

- Ela vai fazer o transplante e as coisas vão ficar bem, é nisso que a gente tem que focar agora.

Sabina disse num tom um pouco mais animado para melhorar o rumo da conversa, mas a garota negou com a cabeça.

- Vocês sabem que ela não queria fazer isso... - Joalin murmurou esfregando as têmporas. - Eu estou me sentindo extremamente culpada por a ter pressionado tanto.

- Está se sentindo culpada por dar à Shivani a chance de viver? - Sabina perguntou arqueando uma das sobrancelhas e a garota suspirou.

- Não é isso Saby, você sabe. A vontade dela não era essa, ela não queria fazer o transplante e eu cutuquei até o final da ferida. Eu a pedi em casamento, Sabina! E ainda joguei isso na cara dela! Eu a pressionei, eu fiz com que ela disesse sim pro tratamento, isso não partiu dela.

- Você não algemou Shivani numa cama e a deixou sem água e comida trancada no quarto até que ela concordasse. Você disse o que você queria e o que você pensava, quem decidiu foi ela! Em momento algum ninguém tomou qualquer decisão por ela. Seja quais foram os motivos, ela aceitou fazer o transplante porque ela quis.

- Isso não faz com que eu me sinta menos manipuladora.

Joalin respondeu num suspiro, colocando a mochila da missy nas costas e pegando mais uma mala para subir as escadas do flat.

𝘚𝘱𝘳𝘪𝘯𝘨 𝘈𝘸𝘢𝘬𝘦𝘯𝘪𝘯𝘨 - 𝘚𝘩𝘪𝘷𝘭𝘪𝘯 Where stories live. Discover now