CAPÍTULO 01

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Violet

Mais um dia se passou e estou aqui nesse inferno por mais uma noite. Hoje, o clube estava lotado, minhas colegas de trabalho dançavam, chamando atenção de vários homens que frequentam este lugar, homens ricos e solitários. Alguns são casados e outros solteiros, mas nenhum deles estava aqui a procura de romance, a procura era sempre por alguém disposto a ouvir seus lamentos ou ver uma de nós dançar em uma sala privativa enquanto se aliviam... essa era minha rotina, toda noite.

— Lola, delícia! Venha dançar!

Um dos frequentadores grita e eu forço um sorriso falso e faço um gesto com o dedo, dizendo que irei dançar na próxima música. Neste momento, observo tudo do bar. Sempre começo minha noite assim, com um gole de uma bebida forte para me dar coragem, eu não estou aqui por opção, quase ou nada na minha vida foi por opção minha. Mas dançar para homens e ganhar gorjetas por isso, para mim é melhor do que passar fome e morar na rua.

Olho tudo ao meu redor, cada mesa, cada canto escuro, sempre com os olhos bem atentos, gosto de ver qual homem está disposto a pagar bem por uma dança, eles geralmente pedem as bebidas mais caras em suas mesas e observam bem antes de levar alguém para uma sala privativa. Estou usando meu robe preto de seda barata, é o que eu posso pagar, ele cobre a lingerie também da cor preta, ela não é nada exagerada, mas não deixa de ser sensual e atrativa. Além, é claro, da discreta máscara de tecido preto que uso para cobrir o rosto.

— Você não devia estar com as outras, ali no palco?

Uma voz grossa soou perto de mim, identifico ser de algum frequentador, eu ainda estava virada para o lado contrário dele e, ainda sem olhá-lo, respondi:

— Gosto de chamar atenção na hora certa — falo balançando o líquido em meu copo.

— Mas chamou minha atenção sem nem ter dançado, isso me trouxe até aqui. Então me diz, o que te diferencia das outras?

Olho devagar até o dono da voz grossa e muito sedutora, tenho que disfarçar um suspiro de excitação que quase deixei escapar por entre meus lábios. Ele era alto, ombros largos, vestia um terno impecável, um William Fioravanti talvez, e isso me fez perguntar se ele saiu de algum evento chato para vir até aqui. Seus cabelos eram bagunçados e perfeitos ao mesmo tempo, como isso era possível? E seus olhos azuis eram fascinantes, e eu sentia que era muito fácil se perder naquelas írises profundas. Um deus grego.

— Então estava me observando? — ele sorri discretamente. — O que me diferencia é que gosto de ver quem realmente quer pagar pela melhor dança da noite.

Isso foi um flerte? Céus, estou mesmo flertando com ele? Minha voz soou tranquila e tentei ser sensual como sempre, mas a verdade era que meu coração estava quase saindo pela boca. Seu olhar era firme e curioso, possivelmente analisando a máscara preta que uso para cobrir uma parte do meu rosto, sendo mais específica, a cobertura ia da minha testa até o nariz, deixando os olhos pouco aparentes, nem todas aqui usavam, mas eu preferia assim, escondia meus traços e a pouca luz do ambiente também ajudava. Isso me mantinha segura lá fora.

— Desde que cheguei, passei cerca de trinta minutos esperando ver você dançar, acredito que vou ter que pedir uma dança só minha.

— Talvez... — dou de ombros discretamente e ele chega mais perto.

— Posso lhe acompanhar? — ele aponta para a cadeira ao lado da minha

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