Os gritos inundam o carro quando o primeiro conversível ultrapassa a linha de chegada, gritos ecoam por todos os lados, motores ressoam cada vez mais alto.

Saio do carro, a confiança de antes já não está mais evidente no meu rosto. Passo pelo meio da multidão até encontrar Henry do outro lado.

— HENRY! — Grito. Seus olhos levam alguns minutos para encontrarem os meus, mas em poucos segundos ele já está correndo em minha direção.

Ignoro o celular vibrando no bolso da minha calça, enquanto escapo da multidão de corpos eufóricos.

Um cara acabou de cair de um precipício! Por que caralhos ninguém tá se importando com isso?

Henry segura minha mão, me puxando para algum lugar afastado antes que mais algum trombe em nós. 

Ele abraça minha cintura sem medir forças, deixando a cabeça descansar em meu ombro.

— Eu achei que fosse você… — Ele mal consegue respirar com calma. As palavras saltam desesperadas da sua boca, acompanhadas com um coração batendo descontroladamente. — Achei que você estivesse dentro daquele carro.

Poderia ter sido eu, mas não foi. Isso não tira o fato de que havia alguém naquele maldito carro.

— Eles não ligam para quem estava no carro — Esclareço. — Só querem saber quem foi o ganhador da corrida.

— É assim que funcionam as corridas aqui, agora você sabe o porquê Miles não nos deixa participar delas. 

— Achei que seu irmão fosse só um controlador do tipo “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Ele vivia competindo aqui.

— Ele parou de correr quando chegamos na idade certa para correr também. Você conhece o Miles, ele cairia morto se soubesse que estamos aqui.

— Todos aqui correm com conversíveis com o motor modificado, não tem como isso ser uma boa ideia. Talvez se tivessem um carro adequado, evitaria o número de mortes.

— Todos aqui só estão querendo correr, a morte é o prêmio dos descuidados.

Meu celular vibra no bolso da calça pela segunda vez. Henry foi puxado por um dos seus amigos que o levou para longe, ignoro o celular tocando em meu bolso até que eu esteja dentro do meu carro outra vez.

A lua pairava em conjunto com as estrelas, a luz amarelada do poste de luz banhava as ruas, trazendo consigo uma noite fria e barulhenta. Nada em Perduto é silêncio, a cidade localizada na Itália é conhecida como a cidade dos carros, mas para os amantes de carros, é conhecida como o beco da morte.

O celular continua tocando, eu o tiro do bolso colocando no banco ao lado. O nome de Miles Salvatore brilha na tela, mas isso não me surpreende tanta. O irmão mais velho de Henry sempre está perambulando pela cidade, mas quando liga para alguém, é problema na certa.

— Miles? — Pergunto, esperando que ele me diga o motivo da ligação.

Ele foi um dos meus melhores amigos na infância, ao longo da minha adolescência ele foi se mantendo distante, às vezes penso que boa parte desse distanciamento foi culpa da minha aproximação com seu irmão.

Sinto falta do Miles antigo.

— Ayla... — A ligação está com ruídos, cortando cada palavra que sai de sua boca. — Pode vir me buscar?

Não é difícil entender Miles. Ligação com ruídos, péssimo sinal, uma voz de quem acabou de descobrir que Papai Noel não existe e a fada do dente é algum membro da sua família.

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⏰ Last updated: Jan 20 ⏰

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