✖ Capítulo 5: Um passado muito presente ✖

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Depois daquele telefonema era mais do que certo que sai disparado em direcção à minha casa, com a finalidade de proteger a minha mulher. Contudo assim que entrei na minha enorme moradia branca, ninguém se encontrava na mesma.

Um enorme vazio e silêncio invadiu o espaço depois de chamar por Karen.

Ela tinha de facto ido correr com Emma, no entanto a minha teimosia levou-me a subir as escadas de madeira em caracol até ao piso de cima.

A luz da casa-de-banho por Emma usada estava na verdade acesa, parecia ter sido deixado ligada com o propósito de me chamar à atenção.

Caminhando lentamente entrei no quarto de banho e compreendi o porquê da luz estar ligada. Mais uma carta.

Desde que conhecera Emma, esta sempre adorara fazer joguinhos comigo, porém desta vez os jogos não eram em forma de brincadeira e provocação, mas sim em forma de ameaça.

Abrindo a carta, que uma vez mais possuía o meu nome em grande no envelope, retirei logo de seguida a folha de papel.

Tudo tem as suas consequências.


Os meus olhos liam e reliam a mensagem deixada por Emma. Era sem dúvidas nenhumas uma ameaça, o que me fez cerrar os dentes de raiva.

Tinha de as procurar, tinha de ter a certeza de que Karen estava bem. Por muito que a minha mente gritasse que a mulher das cartas jamais faria alguma coisa de mal, no fundo tinha consciência de que as feridas que eu deixara a Emma, num passado já um pouco distante, não foram propriamente saradas eficientemente e com isso o medo obrigava-me a correr e procurar imediatamente a minha esposa.

Ainda com a carta na mão, apressei-me a correr as escadas e sair porta fora.

Olhei para um lado e para o outro, ansioso por vê-las, contudo não havia sinal delas.

Continuei a correr e a observar tudo o que era sítio, elas não podiam ter ido para muito longe com certeza.

Tinha de confessar, o meu coração batia tão rápido que os seus batimentos cardíacos eram notáveis através da camisa.

Num passo acelerado, decidi caminhar até ao próximo quarteirão. Estas ruas de moradias sempre foram extremamente sossegadas, até porque não eram quaisquer pessoas que aqui viviam, apenas indivíduos com grandes posses tinham meios para comprar uma casa deste tipo.

No preciso momento em que ia fazer a curva para o quarteirão seguinte, duas mulheres, ambas com uma constituição física extremamente atraente aproximavam-se ao fundo da rua.

- Emma.. - Sussurrou o meu coração. Aquela mulher estava completamente diferente. O seu cabelo já não era cumprido como antes, mas sim curtinho, contudo continuava castanho escuro, quase bordeaux, mesmo sem ter uma visão aceitável dos seus olhos, até porque esta ainda se encontrava afastada, sabia que estes eram azuis. O seu rosto era extremamente feminino e fino, todo ele definido por traços elegantes e sensuais. Emma era uma das mulheres mais bonitas que alguma vez vira em toda a minha vida.

Karen sorria para a mulher que corria consigo e conversavam animadamente, mas assim que os seus olhos pousaram em mim e esta se apercebeu da minha presença, esse seu mesmo belo sorriso caíra e a sua cara ficara trancada.

Emma, no entanto, sorria como se nunca me tivesse conhecido, como se não tivera sido ela a autora das ameaças.

Assim que as duas já se encontravam a poucos passos da minha figura, estas abrandaram e caminharam exaustas até mim.

- Emma - pronunciara a minha mulher com uma respiração ofegante - Este é o Jack, o meu marido.

Como é que era possível depois de tantos anos ainda sentir faíscas quando os nossos olhos se cruzam? Como? Sabia que ela também as tinha sentido, sabia que ela não esperava ter essa reacção quando me visse, mas sim uma reacção de puro ódio. Ela ainda me amava, ainda tinha sentimentos por mim e por muito que quisesse magoar-me, retirar de mim o que eu mais amo, seria extremamente complicado desafiar-se.

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