—Leonardo Gutierrez?

—Ele mesmo.

—Sempre percebi os olhares dele para você — comentou — E não fui a única professora a perceber.

E são nesses momentos que eu me sinto uma completa idiota, parece que todo mundo percebia menos eu.

(...)

Caminhei lentamente pelo corredor da escola indo em direção a sala do direitor, me lembrando que foi aqui onde tudo começou...

Flashback on

Você vai reprovar se continuar assim Leonardo — ouvi o diretor falar um pouco alto quando passei em frente a sua sala — É isso o que você quer? Repetir outra vez?

Me afastei quando ouvi mecherem na maçaneta, o que eu menos quero é que achem que eu estava bisbilhotando.

Leonardo saiu da sala, aparentemente furioso, maxilar travado e punhos fechados.

Ele me olhou por alguns segundos, pude perceber sua feição se suavizar. Rapidamente ele se virou e continuou andando.

Talvez uma ideia não muito boa acabou de passar pela minha cabeça.

—Leonardo — toquei seu braço o impedindo de andar e ele me olhou confuso — talvez, sem querer eu tenha ouvido a sua conversa com o Diretor, nada Propósital eu juro, só estava passando e ouvi o final.

—E o que eu tenho haver com isso? — se afastou com a cara fechada — o que eu tenho com a sua curiosidade?

Talvez eu queira chutar a cara dele, talvez eu queira muito.

—Eu já percebi que você tem uma certa dificuldade — Comecei e ele fitou seus olhos azuis nos meus, por um segundo, só por um segundo eu fiquei com vergonha  — Eu já ajudei meus amigos a estudar e se você precisar e quiser, eu posso te ajudar.

Ele soltou uma risada ríspida antes de se encostar na parede, me senti a garota mais idiota do mundo.

—Não somos amigos Beatriz — sorriu negando.

—Eu só estou tentando ajudar.

—Esse é o seu problema Beatriz — Voltou a ficar na minha frente — Ser boa demais com quem não merece, esse é o seu maior defeito, Eu não quero a sua ajuda, eu não preciso da sua ajuda.

Ele saiu pisando duro, mas quem ele pensa que é para falar assim comigo?

—Olha aqui seu cigarro ambulante — Puxei sua mochila e ele me olhou com o maxilar travado — Eu só estava tentando ajudar, não tem motivos para toda essa ignorância e falta de educação.

—Quer mesmo me ajudar? — Se aproximou ficando com o rosto próximo ao meu, tão próximo que senti seu hálito de menta bater contra o meu rosto, se misturando com o seu cheiro de cigarro — Fica longe de mim Beatriz.

Fiquei parada igual uma idiota olhando ele se afastar, se apoiou em uma coluna de cimento e pulou o muro da escola.

Eu só queria entender o porquê de todo esse ódio gratuito, nunca fiz nada com ele, sequer conversamos.

Garoto estranho.

Flashback off

E no fim não era ódio gratuito. Era apenas amor, amor que até então eu não conrrespondia, mas a verdade é que naquele exato momento eu já sabia que ele viraria meu mundo de pernas para o ar.

Só por uma noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora