— Muito. — Respondi inebriado pelos seus lábios inchados e seus seios tão próximos ao meu rosto.

Cassie saiu de cima do meu colo, gemi com tristeza.

— Antes de você chegar, eu estava terminando o molho do meu espaguete.— Ela se levantou, ajeitando a camiseta longa e os shorts um tanto quanto curtos. — Agora, é melhor você tomar um banho e eu vou terminar de cozinhar e aí a gente conversa melhor.

Suspirei com cansaço.

— Minhas roupas estão molhadas, o que vou vestir depois do banho? — Perguntei com um sorrisinho de lado.

— Eu... Tenho algumas roupas do meu pai guardadas, talvez elas fiquem meio desajeitadas em você mas... — Ela coçou o braço com certo nervosismo. — Enquanto isso eu coloco as suas na secadora da minha irmã.

— Tudo bem. — Sorri tentando soar doce.

Mas que droga, Cassie havia me deixado muito excitado.

Foi muito relaxante tomar um banho quente, eu realmente estava precisando. Foi bom para relaxar meus músculos e dispersar os pensamentos impuros da minha mente.

Peguei a toalha que Cassie deixou para mim e a amarrei em minha cintura, indo em direção ao seu quarto.

Ela havia deixado as roupas cuidadosamente sobre a cama. Uma camiseta azul de botões e uma calça preta de moletom.

Fiquei surpreso por ela guardar as roupas do pai...

Ele deve ter sido um homem bom.

Me pergunto do que ele deve ter falecido... E sobre mãe de Cassie, a qual ela nunca me falou e eu nunca perguntei.

Caminhei até a cozinha, a vendo colocar os pratos sobre mesa.

Cassie tinha um ar tão gracioso, como aquelas pessoas que irradiam uma energia positiva, uma áurea tão tranquila e cativante.

Ela me viu e seus olhos demoraram um pouco nas roupas, por alguns segundos eles ficaram nostálgicos, mas isso passou tão rápido quanto chegou.

— Até que elas ficaram boas em você... Coloquei seu tênis perto da porta.

Assenti, sentindo um cheiro delicioso de macarrão.

Cassie cozinhava muito bem, mas mesmo morrendo de fome, eu preferia observá-la comer do que me dedicar a minha comida.

Eu me sentia leve, havia conseguido confessar meus sentimentos, mesmo sendo tão ruim em me expressar.

Contei para Cassie sobre tudo o que havia acontecido com Florence, sobre o fato de nunca termos sentido nada um pelo o outro e até desabafei sobre duvidar da afeição daquela que fora minha amiga por tanto tempo.

— Eu sempre soube de alguma forma que não havia sentimentos entre vocês... — Ela murmurou com cautela. — Você não olhava para ela como olhava para...

Cassie olhou nos meus olhos, um tanto surpresa e curiosa.

— Andrew. — Ela suspirou pesadamente.

Arregalei os olhos, sentindo meus pelos se arrepiarem.

Não consegui dizer uma palavra, não estava preparado para aquilo.

— Confesso Louis, que no primeiro dia de aula, ouvi uma conversa sua com ele... Digo, eu estava passando no corredor procurando loucamente a minha sala quando te vi pela primeira vez — Ela desviou o olhar para o prato vazio em sua frente. — Não tive tempo para prestar atenção em seus traços e vocês dois não me viram, estavam concentrados demais um no outro para notarem outra pessoa. Apesar de ter passado rapidamente, senti que havia algo entre vocês, mas não dei muita bola, afinal nem te conhecia.

— Cassidy...

— E-e depois da minha confissão na barraca e da sua rejeição, imaginei que você estivesse apaixonado por ele e tentei não... Não ficar atraída por você, mas falhei em muitos momentos — Ela mordeu os lábios inferiores. — Mas eu estava muito confusa, não entendia o por quê você continuava com Florence enquanto estava apaixonado por outra pessoa. Mas ás vezes você me olhava de uma forma... Uma forma que me hipnotizava e então parecia tão claro que você me desejava.

Sua mão estava sobre a mesa, coloquei delicadamente minha mão sobre a dela e a apertei.

— Cassie, não quero esconder nada de você — Sussurrei, olhando em seus olhos. — Eu e Andrew já tivemos sim algo, mas eu acho que... Ele nunca esteve apaixonado por mim como eu achei estar por ele. Eu... Eu sou bissexual.

Ela me deu um sorriso reconfortante, como se estivesse abraçando minha alma.

— Eu me sinto atraído por você há muito tempo, eu apenas queria negar e reprimir todo o meu desejo... Vem aqui. — Dei um leve tapa em minha coxa, sinalizando para ela sentar ali.

Assim que Cassie se sentou, ela colocou os braços em volta dos meus ombros e eu envolvi sua cintura com os meus.

— Eu estou perdidamente apaixonado por você, ninguém nunca me fez sentir assim — Beijei sua orelha e me afastei, olhando em seus olhos. — Não quero te assustar, mas... Sempre senti que você estaria em meu futuro, de alguma forma.

— Eu também me senti assim, desde o momento em que seus olhos castanhos, tão tristes, se encontraram com os meus — Cassie deitou a cabeça em meu ombro. — E senti que deveria trazer alegria para o seu olhar, me perguntava o tempo inteiro por quê você costumava me evitar.

— Agora estamos juntos... — Sussurrei, sentindo seu cheiro inebriante. — E nada vai me afastar de você... Apenas se for uma escolha sua.

Após muitos amassos e declarações doces, me dei conta que deveria ir para casa, mesmo desejando dormir ali.

Minha mãe e minha irmã deveriam estar muito preocupadas.

Como havia deixado meu telefone em casa, peguei o de Cassie emprestado e liguei para Royer, não me importando com o que ele pensaria ou contaria para Lewis.

— Ainda temos um encontro amanhã, hein. — Murmurei pegando minhas roupas da secadora, que felizmente já estavam secas.

— Eu não me esqueci — Ela sorriu com doçura. — Você ainda tem muito o que saber sobre mim.

Me troquei e coloquei meus tênis que já estavam meio surrados.

A chuva finalmente havia cessado.

Quando Royer buzinou, puxei Cassie rapidamente para um beijo.

— A gente se vê amanhã, Cassie. — Murmurei com seus lábios ainda nos meus.

— Pegue isso... — Ela me entregou uma folha média de papel. — Estou contando os minutos para o nosso encontro, estou curiosa para saber aonde você vai me levar.

Mordi levemente seus lábios inferiores e me afastei com um sorriso.

Quando entrei no carro, Royer me perguntou "O que você estava fazendo por esse bairro?", apenas dei de ombros  e me concentrei em olhar o conteúdo do papel que Cassie havia me dado.

Liguei a luz do carro e li as palavras escritas com tanto esmero.

"Tuas palavras
Tão frias quanto gelo
Não refletem aquilo
Que seus olhos dizem com tanto desejo

Você não me machuca
Quando diz que não me quer por perto
Pois, meu doce amor
A paciência é uma virtude
E eu estou disposta a esperar o quanto for
Mesmo que demore anos ou décadas
Apenas para um dia
Ter seu sorriso e seus braços rodeados pelos meus.

P.S: Escrevi essa poesia depois de ter me confessado no acampamento, estava um tanto confusa e esperançosa, pois via em seus olhos que você me desejava.

P.S²: Você não disse que me queria longe, mas resolvi fazer um draminha... Afinal, há alguém mais dramático que um poeta? ;)"

PrimaverilWhere stories live. Discover now