Capítulo 2

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— Louis... E-e-estou com medo. — Disse Louisa pela quinta vez naquela manhã.

Mordi os lábios inferiores enquanto observava meu cabelo no grande espelho ao lado do meu guarda-roupa branco. O que eles pensariam de mim? Meu cabelo estava muito maior do que antes, será que iriam cochichar ou rir? Bem, eles sempre cochichavam sobre mim de qualquer forma.

— Não há nada para temer Louisa! — Caminhei em sua direção, fazendo-a parar antes que abrisse um buraco no chão do meu quarto. — Eu vou estar lá, lembra? Não vou sair do seu lado até você entrar na sala.

Tentei confortá-la, mas sabia que nem tudo estava bem. Não era de hoje que Louisa sofria bullying.

Haviam apenas duas escolas em Arcadia Petals, sendo elas: Blueberry Elementary School e Blackberry High School. Ambas públicas e com ótimas qualidades de ensino. A primeira é uma escola primária, para os alunos de 5 a 14 anos anos de idade. Já a segunda é totalmente voltada para os alunos do ensino médio, de 15 a 18 anos. Louisa estudou sua vida toda em Blueberry, mas agora iniciaria uma nova fase em Blackberry e isso a deixava muito mais anciosa e nervosa do que já era. As crianças e pré adolescentes da escola primária não se importavam em fazer piadinhas sobre a gagueira de Louisa, esses 9 anos foram extremamente difíceis para ela, que quando tinha apenas 5 anos mal conseguia falar.

Estando em meu último ano em Blackberry, não imagino que Louisa seja tratada como sou, afinal os boatos e fofocas sobre nossa família corre solta pela cidade. Ao menos espero que ela não sofra bullying.

— Já comeu algo? Não pretendo me juntar a mesa. — Organizei meus cadernos e canetas em minha mochila preta.

— Não comi nada ainda. — Respondeu apertando a alça de sua mochila laranja. Louisa estava pronta desde às 6:10 da manhã. — E se-se-se o pa-papai ficar bravo por você não tomar café da manhã com ele?

Encontrei a pintura que fiz de Florence próxima ao criado-mudo ao lado de minha cama, sorri ao reviver os detalhes que pintei com pouca emoção dias atrás. Me virei para Louisa enquanto tentava fazer a pintura caber em minha mochila, a tela nem era tão grande assim.

— É capaz que ele já tenha até saído. Tenho certeza que foi tomar café da manhã na prefeitura. — Dei um suspiro de alívio quando enfim consegui fechar a mochila.

Louisa tombou a cabeça para o lado e checou às horas do celular pela décima vez naquela amanhã.

— Estou com dor de cabeça, não vai dar tempo de ir.

— Louisa, Louisa... Você não me engana nem um pouco mocinha. — Me aproximei dela e arrumei o grande suéter amarelo que usava, parecia um pouco amarrotado. — Vamos chamar o Royer. Que tal tomar café da manhã na Glass Bead Coffee?

Um sorriso iluminou seu rosto inocente. Ela amava os doces daquela cafeteria.

— Mas... — Ela hesitou. — E a mamãe? Ela vai ficar aqui e tomar café da manhã sozinha?

— Eu compro um café para ela e peço para Royer trazer. Ela também é apaixonada por aquela cafeteria, tenho certeza que vai ficar muito feliz. — Beijei a testa de Louisa e me afastei para colocar minha mochila nas costas.— Você deveria pensar mais em si mesma às vezes.

Assim que terminei de me arrumar, Louisa e eu chamamos Royer — o fiel motorista de Lewis — para nos levar a cafeteria e de lá seguiríamos a pé até a escola.

PrimaverilWhere stories live. Discover now