Improváveis

14 - Príncipe

—Kira, eu vou indo, preciso resolver algumas questões na diretoria, até mais. —o mestre disse.

—Sim mestre. Até mais. —respondi sem graça.

Eu queria ter visto o último lance da vitória dos meninos, mas saí antes, porém estava feliz com a vitória deles.

—Vamos voltar lá pra dentro? Eu deixei a Rosa sozinha. —eu disse.

—Quanto a isso, pode ficar tranquila. Ela tá com o Juanito agora. —Julian piscou pra mim.

—Jura? Que bom, ela tinha dito mesmo que achou o Juanito bonito... —comentei. —Ela achou você bonito também.

Vi o sorriso se formar nos lábios dele.

—É? Mas a Rosa chegou um pouco tarde.. o meu coração já está caidinho por outra...

—Maressa o nome dela né? —perguntei mesmo sabendo que de tratava da ex dele, queria saber mais sobre a visão do Julian sobre ela.

—Ah, já vi tudo. A Maressa encheu a sua mente de besteiras não foi?

—Bom, encheu a minha cabeça com aquela voz irritante e enjoada! —eu disse com sinceridade.

Julian riu.

—Do que tá rindo? Ela disse que vocês ainda vão voltar a namorar, você vai ter que aturar a voz dela.

—Não mesmo. A Maressa foi uma decisão MUITO errada que eu tomei na minha vida, eu não vou errar duas vezes. Não sinto nada por ela, a não ser medo, as vezes.

—Bom.. ela parece gostar muito de você, Juliano. —eu disse.

—Eu já chamo isso de obsessão. —disse Julian em tom brincalhão.

—Deve ser ruim ter ex no seu pé desse jeito... —eu disse.

—Ah, vai me dizer que nunca teve um ex chato?

—Nunca. Porque eu nunca tive ex. —eu disse no auge da minha sinceridade.

Julian riu, mas depois ficou sério, quando viu que eu falava sério.

—Espera aí, você nunca namorou? —perguntou.

—Não, e nem pretendo.

Julian começou a tossir, ele tinha pegado a minha pipoca enquanto andávamos sem eu nem perceber, achei que ele tivesse engasgando com uma pipoca, mas era só susto.

—Por que não? —perguntou quando parou de tossir.

—Informação demais, Juliano.—eu disse, relembrando o nosso trato no dia que ele me levou no telhado do nosso prédio.
Toda vez que ele fizer uma pergunta que não quero responder, eu digo isso.

—Tudo bem, eu respeito. —ele disse se recompondo. —Quando você confiar mais em mim, eu vou te perguntar de novo, miss teriosa.

Dessa vez foi eu quem ri. Gostei da variação de "miss simpatia".

—Combinado, Juliano.

A questão não era sobre confiança, mas sim sobre traumas do passado que são difíceis de expor.
Gosto da amizade que estou construindo com o Julian, e sinto que posso confiar nele.

Fomos andando e conversando sobre vários assuntos aleatórios, quando percebi
já estávamos na quadra de novo, e a metade da torcida já havia ido embora.
A Rosa permanecia conversando com o Juanito, só que dessa vez em pé em um canto.

—Mudando de assunto, os nossos chefes disseram que vão nos liberar do trabalho pra comemoração com o time basquete. Vai ter uma festa do time, e eu gostaria que você fosse comigo.