moving

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      O apartamento não parecia tão apertado quando o viram pela primeira vez. Quando ainda estava sem os móveis e as cortinas e os tapetes e a planta que não faziam ideia de que espécie era ao lado do sofá. Ele parecia vazio de um modo inspirador, com todas aquelas paredes brancas e janelas fechadas, a bancada de madeira que estava precisando de uma lixa e as portas abertas, oferecendo os ecos que os cômodos sem uma sequer alma produziam. Regulus não gosta de lugares apertados mas sente que o que está sentindo agora, vendo como o apartamento parece abarrotado de móveis, é bem melhor do que a inspiração que sentiu ao vê-lo vazio.

       Não sabia se aconchegante era a melhor palavra para dar ao lugar. Não sabia muita coisa sobre ela para dizer com certeza.

          — Tem alguma coisa fora do lugar?

           A voz atinge seus ouvidos. Os olhos se estreitam para James, que tem as mãos na cintura e um pouco de suor em seu pescoço, o encarando. Está parado diante da porta aberta, tinha acabado de subir as escadas já que o elevador estava em manutenção logo quando eles acabam de se mudar. Os óculos retangulares estão escorregando pelo nariz reto, como sempre. Regulus deita a cabeça na parede que suas costas estão encostadas e os braços cruzados, então nega.

       — Então porque tá' olhando dessa jeito?

       — Que jeito? — junta as sobrancelhas.

       — Desse jeito — James lhe lança um olhar estranho, de cima a baixo. Isso o arranca um riso.

      — Não olho desde jeito pra nada, James.

     — Olha sim. Viu, está fazendo agorinha! — Potter acusa e isso o faz rir mais. — Vamos, me diga o que é. 

        — Não é nada-

        — Não gostou da posição do sofá? As cortinas estão baixas demais? O tapete tá torto? — ele dispara, fechando a porta atrás de si. — A gente pode mudar tudo.

          — Não é nada disso, é só...

    Regulus volta a olhar para o apartamento deles mais uma vez.

      O chão é de madeira laminada e as paredes são brancas como papel. O sofá é de couro marrom e com certeza vão jogar uma manta por cima em algum momento, uma mesinha de centro em uma forma não definida fica entre ele e o raque, este que tem nichos vazios que ainda precisam de decoração e uma televisão acima dele, presa a parede. Mais para fundo há uma mesa baixa e redonda, um tapete que Euphemia fez em baixo dele, e possuí apenas um banco de acrílico e uma planta — que eles também não sabem de que espécie é, eles são péssimos com plantas — que compraram mais cedo na floricultura ao lado do prédio sobre ela. E próximo deles e do balcão que delimita onde é a cozinha, mais uma mesa que não tem cadeiras pois elas ainda não chegaram.

            A cozinha não tem nada além do fogão preto e a geladeira azul escuro que já era do apartamento. E então tinha o corredor do lado oposto da cozinha. As panelas, os talheres, os quadros, os livros,  tudo ainda estava dentro das caixas de papelão que estavam empilhadas na parede do corredor.

               Eles tem muitas mesas. E talvez começassem a ter muitas plantas se passassem pela floricultura todos os dias.

            Não tem nada fora do lugar. Está tudo onde exatamente ele acha que deveria estar, na verdade.

         — Só...? — James incentiva após algum tempo de silêncio.

          — Só está tudo tão...tão...— Regulus encolhe os ombros, não conseguindo achar a melhor palavra para descrever.

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⏰ Last updated: Apr 09, 2022 ⏰

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