Capítulo 3

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Era o quinto dia após a partida de Valentim da cidade de Halina, todas as pessoas voltaram às suas vidas diárias normais, assim que os últimos convidados da cidade partiram. Todos, menos as duas irmãs menores de Allena.

Delila mostrava, claramente e sem reservas, como sentia falta do amigo e Yliana, mesmo que tentasse disfarçar, se mostrava constantemente distraída. Para ela, que era mais velha, a impressão deixada por Valentim não foi de uma simples amizade. Toda a amabilidade e o carinho que recebeu dele fazia o vazio que sentia ser ainda maior, sabendo que talvez nunca voltaria a vê-lo.

As duas esperaram durante aqueles dias por alguma carta, algum bilhete que fosse entregue pelo artefato mágico, mas mesmo depois de quatro dias, nada chegou. No sétimo dia, suas emoções haviam esfriado, sem esperanças de ter notícias.

Era por volta das seis horas da tarde quando Yliana voltou para casa depois de alguns afazeres e encontrou Delila no quarto, deitada, olhando para o outro artefato conectado ao de Valentim. Ela não pôde deixar de sorrir vendo a cena.

— Não fique tão ansiosa, Lila, é uma viagem longa para a cidade de Morana. - disse Yliana.

Delila, que estava dispersa, se virou e fez uma expressão de contentamento ao dar-se conta da presença de sua irmã.

— Eu sei, Lia. - respondeu.

Assim que as palavras foram ditas o artefato brilhou e começou a despejar algumas cartas, não uma, nem duas, mas havia pelo menos dez cartas. Yliana e Delila se olharam surpresas e depois foram até a pequena mesa onde estava o artefato para recolher todos os envelopes.

Atrás de cada carta havia uma data e elas as colocaram em ordem, havia apenas uma que estava escrita "Yliana" em uma letra rígida e trêmula. Quando Delila viu Yliana recolher a carta, sorriu e cutucou a irmã com o cotovelo.

— Hmm. Entendi. - disse Delila de forma engraçada.

— Não tem nada para entender. - disse Yliana, negando.

— Então por que não lemos a sua primeiro? - sugeriu a caçula.

— NÃO! - ela disse rápido.

Delila riu, tampando a boca para não chamar atenção das pessoas na casa, principalmente a de Allena. Assim que se acalmaram, elas começaram a ler. As primeiras cartas eram sobre o tempo, a paisagem e como estava indo a viagem, de volta.

Da quarta carta em diante ele escreveu sobre como foi difícil arranjar um momento para enviar as cartas e como não sabia exatamente como usar o artefato e que ficou nervoso sobre imaginar como elas reagiriam. Então disse que queria saber como elas estavam.

Nas últimas duas cartas ele dizia que já sentia saudade, e que estava quase em casa naquele momento, se gabando da beleza do lugar onde vivia, o que fez com que as duas se perguntassem como era a vida fora daquela cidade.

— Deve ser emocionante. - disse Delila.

— Qualquer coisa seria, se tivéssemos a oportunidade. - respondeu Yliana.

— Bem, eu vou tomar um banho antes do jantar. - disse Delila, pegando suas coisas para ir ao banho e dar a Yliana um tempo livre para ler sua carta pessoal.

Quando Delila saiu do quarto compartilhado, Yliana já havia entendido o motivo. Ela sentou perto da janela e abriu o envelope com cuidado, então começou a ler.

Querida Yliana, talvez seja estranho que eu escreva uma carta separada. Sinto muito se isso chegar a ser incômodo para você, eu só não sabia o que fazer com todas as coisas que eu não conseguia te dizer e nem com aquelas que eu queria falar.

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