Capítulo 2

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Quando o sol nasceu naquela manhã, Valentim simplesmente pulou de sua cama cheio de energia, ansioso para que a continuação da festa começasse logo. Mas é claro, ainda faltavam muitas horas para isso acontecer. O rapaz se vestiu com roupas informais, calça e uma camisa branca, tomou o café da manhã e saiu para passear e conhecer os arredores. Em algum lugar de seu coração ele desejava ver Yliana, se tivesse sorte, mas isso não aconteceu naquela tarde.

Com pele bronzeada e cabelos vermelhos, Valentim se destacava bastante ao andar pela cidade. As pessoas simplesmente não conseguiam não comentar sobre sua aparência, que era considerada muito "selvagem" se comparada com o jeito modesto dos homens daquele lugar, principalmente por sua estatura. Mesmo em comparação com os Nephelis ele era considerado baixo.

Sua primeira parada foi uma floricultura, onde ele pôde ouvir algumas pessoas normais comentando por que Yliana não havia sido escolhida para representar o festival. Valentim assumiu que elas não eram arcanas, já que saberiam do limite de idade, mas isso instigou sua curiosidade sobre Allena e ele seguiu as mulheres até uma loja de doces.

Discretamente ele entrou e começou a escolher algumas coisas que iria comprar e, ignorando sua presença, as mulheres voltaram às fofocas, sem se dar conta de sua boa audição e interesse no assunto.

— Yliana está presa em casa, de novo? - uma das mulheres perguntou.

— Não sei, mas ela não apareceu até agora para os deveres. - respondeu outra. — Provavelmente recebeu outro castigo. - disse.

— Pobre menina, se Clarissa estivesse viva, as coisas seriam bem diferentes. - uma disse, e Valentim imaginou que deveria ser o nome da mãe das garotas.

— É triste ver como a caçula se encolhe toda vez que Allena aparece. Realmente, essa escolha não fez sentido algum. - Resmungou. — Entendo que Yliana seja jovem e Allena mais hábil, mas quando se trata de entender as pessoas e suas necessidades, ninguém é melhor que nossa Yliana. - comentou e as outras duas concordaram.

Valentim meneou a cabeça depois de ouvir a conversa, pagou pelo que tinha comprado, saiu como quem não quer nada e foi procurar por novas informações pela cidade.

Ao final do dia, perto das festividades recomeçarem, Valentim havia descoberto duas coisas. A primeira: as pessoas da cidade viam Allena como alguém inflexível, rigorosa e egoísta. Por outro lado, as duas irmãs mais novas eram tidas como agradáveis, medrosas e tímidas, o que também gerava, no entendimento comum, que estavam sendo coagidas pela mais velha. Mas tudo era apenas falação, não eram palavras que ele havia ouvido de Yliana ou de Delila, por isso tentou não dar muito crédito a elas quando voltou e começou a se arrumar para a festa.

[...]

Dentro do quarto de alojamento, Valentim começou a conversar com seus companheiros sobre como eles haviam passado o dia. Inevitavelmente eles também acabaram ouvindo os boatos sobre Allena e suas irmãs, afinal, ela era a protagonista da festa, e era impossível toda a cidade ignorar os mexericos que a envolviam.

— Bem, tive a oportunidade de ver muitas coisas hoje, a cidade é agradável. - disse Joshua. — Também tive a oportunidade de conhecer alguém da delegação dos Dalishe.

— Você está cortejando a menina dos Dalishe? - perguntou Isaac, arrumando o colarinho da camisa em frente ao espelho.

— Deixe ele, não é proibido. - disse Valentim, amarrando seus cabelos.

— Nem todos pensam como você, Valen. - Retrucou Isaac. — Muitas pessoas consideram de mal gosto e até um crime o envolvimento entre pessoas de clãs diferentes.

Eclipse SolarWhere stories live. Discover now