Prólogo - Assassinato sem resolução

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Era difícil para qualquer aluno do colégio Riverview prestar atenção nas aulas daquela manhã. É claro que as sirenes policiais que soavam sequencialmente pelos ares tinham um papel importante nisso tudo — elas eram de fato muito incômodas —, porém nada pior que descobrir um escândalo envolvendo o professor de biologia mais renomado de toda a cidade.

Chaeyoung, ao fundo da sala, era apenas mais uma dos milhares de alunos aflitos daquele modo. Vez ou outra mordiscava os lábios enquanto brincava com a cordinha de seu moletom para tentar esquecer a algazarra, mas aquilo não parecia funcionar tão bem. Além disso, não estava tão interessada quanto deveria na revisão de atomística que o professor Jung inutilmente tentava explicar.

Perdida nos próprios pensamentos, a garota pulou de susto quando uma mão delicada foi de encontro ao seu ombro. Era sua melhor amiga, Mina, tentando passar-lhe um papel mal dobrado.

Oq vc acha q rolou? — Mi.

A pergunta ecoou em sua cabeça por alguns segundos. Nem sabia por onde começar a organizar aquela bagunça mental para respondê-la de forma consistente, mas ao menos naquele momento, fingir ser uma detetive de alguma ficção meia boca que se vende por aí parecia ser uma ótima opção.

Slá. Vai ver o professor Choi tava fabricando metanfetamina qnd foi surpreendido pela polícia e aí bomba, já era. — Chae.

Com certeza roubar a narrativa de Breaking Bad não era uma genialidade excepcional, mas até que quebrava o galho, e considerando as mais diversas possibilidades, desde fabricação de drogas até homicídio, era quase impossível desvendar o mais novo mistério de Riverview.

O tempo, que correu tão lento quanto uma lesma, tornou-se uma tortura para os adolescentes curiosos e aflitos que tremiam as pernas incontáveis vezes por segundo. Foi apenas na terceira aula daquela manhã que o diretor Han Yongseo apareceu de turma em turma para contactar o ocorrido, e naquele momento o caos instaurou-se em todos os metros quadrados daquela instituição em questão de minutos. Muitos especulavam e fantasiavam a narrativa oculta daquela tremenda tragédia, mas o fato é que ninguém jamais daria a resposta exata para o acontecimento.

— Quem matou o professor Choi e por quais motivações? — Chaeyoung perguntou para Mina enquanto caminhavam lado a lado pela calçada, isso após serem liberadas das aulas pelo resto daquela semana.

— Eu não sei, Chae. Por que alguém hipotéticamente mataria um professor de ensino médio?

— Será que ela tinha algum segredo? Quando algum cientista morre em filmes, ele provavelmente tinha um projeto bizarro e gigantesco.

— Não viaja, Chae! — Mina disse rindo, empurrando o ombro de Son.

As garotas riram juntas, mas os corações estavam em pedaços. Por serem duas nerds amantes de ciência, receber uma notícia dolorosa como aquela era difícil, ainda mais quando o melhor e mais carinhoso professor do mundo simplesmente fora "assassinado".

O boletim policial indicou que, naquela manhã, um corpo carbonizado foi encontrado no laboratório privado do professor de biologia, Choi Junghoon. Para o azar da polícia, os dentes do cadáver foram arrancados e provavelmente não teriam as respostas daquele crime tão cedo. A única mísera pista que restou foi a falta do professor nas aulas, e nada mais. 

Ou, pelo menos, era isso o que Chaeyoung achava.

— Mais alguma notícia da escola, querida? — a senhorita Son, preocupada com a filha, perguntou.

— Por enquanto nada… — a adolescente respirou fundo e jogou o celular para a outra ponta do sofá — Eu não acho que digam mais que isso, mamãe.

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⏰ Última atualização: May 18, 2022 ⏰

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