Eu perco muitas coisas.

Só que eu amo Harry e todas as vezes que eu penso em perder esse amor, todas as vezes que eu penso que eu perdi ele. O meu corpo entra em estado febril e eu não consigo parar de chorar.

Sinto tudo arder, é um veneno e que se me matar tenho a certeza de que o fantasma do meu amor estará preso nesse mundo e minha alma estará perdida no espaço mais escuro do universo. Só que eu não posso voltar atrás. Eu que fui embora e tenho vergonha disso.

Harry fez isso para ajudar uma amiga e eu deveria ter entendido no momento, mas eu estava tão cansada.

Sei que quando o britânico chegou anos atrás, desesperado com um corte no supercílio, ele ficou devastado porque não conseguiu ajudar Franklin e o nosso amigo quase morreu na guerra. Harry ajudou Cherry, evitou que seu segredo fosse revelado, ele fez por bem, mas ele quebrou a promessa que fez para mim e isso me magoa. O que me magoa mais é saber de tudo isso e continuar sentindo ressentimentos, medo e inseguranças de voltar ao que éramos. Harry fez algo pelo bem, mas me quebrou para isso.

Eu sei que sou mais que ressentimentos, no entanto, eu gostaria que o mundo soubesse do quanto nós nos amamos ou amávamos. Só que isso não irá acontecer mais e enquanto minhas feridas ganham cicatrizes, eu continuo aqui, longe dele e refletindo sobre meu futuro de fumaça e de tudo aquilo que um dia me pertenceu no passado.

O lado bom, se é que tem lado bom, é que estou em Paris neste fim de tarde. Sempre quis conhecer esse lugar e a última vez que estive aqui não tive tempo de aproveitar essa cidade do amor.  

Harry e eu viemos para a ponte dos cadeados, é onde eu estou agora. Não procurei pelo nosso cadeado, mas sei que ele está lá. Apenas estou aqui com meu pai, caminhando e sendo uma turista. 

— Eu já estou com fome, querida — meu pai fala me desviando dos meus pensamentos e olho para ele. — Você também está?

— Sim, estou sim — sorrio e ele acena com a cabeça. Meu pai entrelaça o braço dele no meu e deixo minha cabeça do seu ombro. Olho uma última vez para aquele mar de cadeados. — Você acha que esses cadeados significam alguma coisa?

— Se esses cadeados significam algo? Bem, talvez sim, talvez não. Mas quando duas almas estão predestinadas a ficarem juntas, elas ficam, nem mesmo que por um momento efêmero. 

Suspiro e meu pai para de andar e me olha.

— O amor não é um sentimento pequeno, Aaliyah. Você sempre pode cultivá-lo novamente e colher o que ele te entrega. Então, se bem cultivado o amor volta para você com um sabor doce.

Ainda sim, não seria a mesma coisa sem ele. Penso.

Só que eu paro de falar sobre isso, essa melancolia tem que acabar então me forço a enterrá-la dentro de mim e caminho com meu pai até uma padaria. Quando chegamos lá, eu vejo um homem sentado na mesa tomando chá. Ele me olha e sorri.

— Vou começar a achar que você me segue, Henderson — Bruno Herrera fala e cumprimenta o meu pai.

O mais velho o responde e, em seguida, diz para mim que vai entrar na padaria e fazer um pedido para nós. 

— Eu cheguei primeiro — falo e Bruno sorri mais.

— Ok, então, Harry também está aqui?

— Não — digo imediatamente.

— Entendi — murmura e mexe a colher dentro da xícara de chá. — Folhas secas de camomila, água quente, dois cubos de açúcar... 

— O que é isso?

Astromélia || H.S || CompleteWhere stories live. Discover now