—Você foi incrível! —disse Rosa ao se aproximar de mim, fazendo eu desviar o olhar do mestre.

—Valeu, mas parece que o mestre não gostou muito.

—Ele só está impressionado com você.

—Você acha? —perguntei.

No fundo, eu queria muito uma validação do mestre. Significaria muito pra mim, mesmo ele tendo me subestimado no começo.

—Tenho certeza.

Assisti as lutas dos outros 2 calouros.
Os dois haviam perdido para os veteranos.
O mestre parecia se divertir com o fracasso dos outros.

—Rosa e Marcela. —Disse o mestre.

Rosa estava ao meu lado muito apreensiva, se eu a conhecesse melhor, diria que estava com medo.

Ela subiu no ring, cumprimentou a Marcela e a luta começou.

Rosa é bem mais baixa que eu, aparentemente 1,60 de altura, parecia uma formiga perto de Marcela.

Eu conseguia ver o seu nervosismo.

De início, ela foi derrubada com um chute na coxa esquerda. Um golpe rápido dado pela Marcela, logo em seguida Rosa levantou, mas Marcela fez ela ser derrubada novamente com outro golpe, não permanecendo nem 1 minuto em pé desde o início do round.

Comecei a me desesperar por ela.

A cara do mestre não era mais de riso, mas sim de raiva.

—VAMOS! Levante! É só isso que sabe fazer?  —O mestre gritava.

Rosa se levantou mais uma vez, e desviou de 2 ou três golpes, mas ganhou um soco no rosto que a fez segurar as cordas do ring pra não cair.

Ela não tinha dado nenhum golpe na Marcela ainda.

—VAMOS ROSA! —gritei sozinha, os olhos de todos se voltaram pra mim.

Quando Marcela se aproximou pra finalizá-la, Rosa a surpreendeu se defendendo com um chute.

Marcela veio com tudo novamente e as duas iniciaram uma trocação de socos, joelhadas e chutes.
Rosa estava visivelmente cansada, e estava baixando a guarda.

Mas o último golpe de Marcela, foi o que faltava pra que Rosa literalmente beijasse a lona do ring.

Ela perdeu a luta, e foi a que mais apanhou... De todos nós. O bucal transparente estava vermelho de sangue, e a testa sangrando.

Dei a ela um gelo assim que saiu.

—Obrigada. —agradeceu com os olhos cheios de lágrima.

De uma hora pra outra, comecei a sentir uma forte empatia por ela.

—Essa é a hora que vocês tem pra desistir. —disse o mestre Tácio quebrando o silêncio. —Estou farto de perdedores. Quero os vencedores comigo! Se você acha que não aguenta o tranco, beleza. Pede pra sair, só ficam os que querem ser grandes.

Ele passou pela gente olhando no fundo dos nossos olhos.

—ALGUM PERDEDOR QUER DESISTIR?! —perguntou.

Abaixei a cabeça. A forma como ele falava me irritava e muito.

—Ótimo. —Mestre Tácio disse.

Quando olhei pra cima novamente, um dos meninos havia desistido. Richard.

—Mais alguém?! —ele olhou fixamente pra Rosa.

Nada aconteceu.

Ele assentiu com a cabeça.

—Lutar até o fim. —disse.

—LUTAR ATÉ O FIM. —respondemos.

O mestre iniciou uns exercícios com a turma com o saco de pancadas e em dupla.

Enquanto eu fazia os exercícios no saco de pancadas, senti que ele me observava muito.
Até que...

—Kira Wainberg. —disse se aproximando.

—Sim, mestre. — parei o que estava fazendo.

—Eu me enganei a respeito do que pensei de você. A Dandara é uma de minhas melhores lutadoras, difícil uma novata no muay Thai vencê-la assim. —disse.

—Não sou novata, mestre. Luto há 6 anos.

Ele sorriu.

—As aparências enganam mesmo. Loira, alta, olhos azuis... Você já esteve em uma agência de modelos antes? —riu sozinho. —Meus parabéns pela luta, bem vinda ao time, Kira.

—Obrigada, mestre.

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