21 | Battement

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Separaram-se.

Foi um belo beijo.

E, por causa disso, Jungkook buscou mais um. Os dedos de Jimin afundaram por completo no cabelo preto e macio, implorando por mais e mais. E um pouco mais. Que ignorasse o pulmão, ele precisava de mais. Só mais. Mais outro.

Era difícil distinguir, na verdade, se davam belos beijos, belos selinhos, belos toques, belos... nem saberiam dizer. Nem se eram belos mesmo. Poderiam ser desajeitados ou feios também. Não importava. Apenas queriam saber se teriam mais. Se poderiam se experimentar mais.

Uma hora, Jungkook percebeu que suas mãos, antes na cintura alheia, tocavam as bochechas quentes. Outra hora, a nuca emoldurada por fios rosa. E outra, os cabelos; outra, os ombros; outra, as costas. Suas mãos encontravam-se tão agitadas quanto a própria boca.

E Jungkook deixara, há muito, de ser a única origem da iniciativa. Também teve o corpo tateado, como se ambos quisessem ter certeza de que toda aquela existência, tão abundante, realmente estivesse lá: oferecendo aquela infinitude para que provassem, compartilhassem e crescessem. Piscaram, e Jimin percebeu-se sentado nas coxas de Jungkook que, por sua vez, deveria estar sentado na grama, mas apenas se sentia navegando em um espaço em branco. Só ele e Jimin. Segurando o corpo do outro como âncora, como navio, como um oceano de éter inteiro.

Mais beijos que poderiam ter durado segundos ou horas. Quando separaram as bocas, abriram os olhos, desesperados para admirar a existência alheia. Jungkook ofegou, preocupado, ao ver lágrimas abundantes correrem pelas bochechas de Jimin. E Jimin, ao ver a reação dele, apenas sorriu, sorriu tanto que mais lágrimas escorreram. Dessa vez, Jungkook as aceitou, enxugando-as com os dedos e com os lábios enquanto sentia Jimin agarrar suas costas com uma firmeza cheia de querer.

Não eram lágrimas de tristeza, e sim de amor. Amor por Jungkook, amor pelos seus próprios sentimentos por ele. Eram tão lindos, tão doces. E Jimin quis tanto, por tanto tempo, entrar em contato com sua própria doçura que foi tomado de alívio. Alívio também da tensão construída até culminar naquele beijo. Sentia-se como uma muralha abandonada que, depois de tanto aguentar em silêncio, ruiu, permitindo o encontro de sentimentos milimetricamente separados. E foi a melhor coisa que já havia sentido.

Então, bagunçado pelos sentimentos outrora calados pelo seu orgulho, mas enfim em festa, Jimin segurou o rosto de Jungkook e o beijou inteiro. Não aguentava de vontade. Amava-o tanto, de tantas formas; era irreal aquilo tudo estar partindo do próprio corpo.

— Ah... — Suspirou, ainda absorto, ao parar a fim de observar o rosto de Jungkook mais uma vez. O sorriso nos lábios dele era pequeno, mas não precisava ser grande. Os olhos de jabuticaba eram uma janela para seu coração, intenso, tão intenso que toda vez desestruturavam Jimin. Mas havia um brilho diferente em Jungkook: a pele cintilava. — Eu... eu estava de gloss.

— Eu já disse... — Jungkook murmurou, acariciando as bochechas de Jimin. — Lambuzar só um pouquinho não faz mal...

— Foi mais do que um pouquinho...

— É mesmo? — Jungkook perguntou. Sentia o grude no rosto, mas se recusava a soltar Jimin para averiguar.

— É...

— Hm. Quero mais, então. Lambuzar tudo não faz mal também.

— Você...

— Eu?

— Quer mesmo? Mais?

— Quero. — Jungkook assentiu, seriamente. — E você?

— Estou tentando descobrir como fazer o dia voltar ao normal se tudo que quero é mais... — Suspirou. E, ao perceber sua confissão, estremeceu. Ainda ficava morto de medo, mas a satisfação em dizê-lo era tão maior...

Uma suposta facção de balé • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora