Frank deixa a bandeja com sorvete na cômoda ao lado da cama e abre a cortina no quarto. O sol bate em meu rosto e a claridade aumenta dentro do ambiente.

Faço careta e Stuart sorri. Ele vem até mim, se senta ao meu lado e pega a bandeja.

— O que você quer, Banana com sorvete ou sorvete com banana? — Pergunta olhando para os dois copos.

Um tinha mais banana do que sorvete e o outro mais sorvete que banana. Isso é algo nosso, ele fazia isso comigo quando tinha acabado de chegar em Astromélia anos atrás apenas e me sinto grata por ter Franklin comigo.

Realmente sou grata por isso, porque poderia ter perdido Frank anos atrás quando o pai dele o obrigou a ir para a guerra e se isso tivesse acontecido, eu poderia estar pior. Porém, tenho que focar no sorvete, afinal, sorvete sempre melhora as coisas e meu melhor amigo quer me animar. Talvez fosse melhor tentar.

— Quero banana com sorvete — digo e me sento na cama. Franklin sorri e me entrega o copo e a colher.

— Hoje o dia está lindo, o que você acha de pegar um sol na área da piscina?

— Quero continuar aqui por enquanto.

Franklin acena com a cabeça e deixa a mão dele em meu tornozelo. Meu amigo me encara e sorri para mim.

— Podemos ficar aqui então — diz e deita a cabeça na minha perna. Ele me encara. — Nesse quarto grande e sem ânimo, com certeza é algo bom.

Respiro fundo e olho para o sorvete.

— Esse quarto que você não queria que entrasse sol — meu amigo continua e olho para ele. — A luz é a melhor arma contra a dor, Ally.

Mordo meus lábios e sinto vontade de chorar de novo. Frank segura minha mão.

A outra verdade sobre isso, é que eu não consigo falar muito e Frank fica conversando e eu só falo o essencial. Não sei explicar isso, mas eu penso demais e as palavras fogem da minha boca e as minhas cordas vocais não vibram. O tempo passa e eu fico calada.

É horrível, porque quando eu percebo tudo está em silêncio e as pessoas ficam esperando uma resposta minha. Eu não tenho o que falar.

Na verdade, tenho sim, mas dizer em voz alta que meu filho se foi parece ser mais doloroso do que deixar essa realidade apenas para mim, dentro da minha cabeça. Porque pode ser apenas um pesadelo.

Eu não contei para o meu pai sobre isso, nem para minha tia, muito menos Chris e Bailey. Talvez Harry tenha contado, porque eu não tenho forças. Eu não sei.

E eu tenho noção que isso é errado, mas eu não consigo falar. Não tenho forças. Quero apenas continuar nesse quarto, deitada e esperando que a dor passe ou que eu apenas acorde em um cenário em Brian ainda esteja aqui comigo.

— Aaliyah? — Frank me chama e olho para ele. Meu amigo se aproxima de mim e limpa meu rosto.

Eu estou chorando?

— Aaliyah podemos ficar aqui então — sorri gentilmente para mim, mas o seu olhar está repleto de compaixão e ele está sendo um bom amigo para mim, como sempre foi.

Contudo, tudo apenas doi.

— Frank, eu acho que quero ficar sozinha — digo baixinho e meu amigo nega com a cabeça.

— Já esteve sozinha por tempo demais — diz e morde os lábios. — Mas eu posso ir embora se eu ver que você comeu sua banana com sorvete. De acordo?

— Uhun — murmuro e então começo a comer minha banana com sorvete.

Faço isso devagar e Franklin ri. Meu amigo começa a falar comigo sobre Simon. Ele também me contou que decidiu que vai se casar com Megan e que Nayara se casará com Simon, apenas para manterem as aparências heteronormativas e que ninguém desconfie mais da sexualidade do meu amigo.

Astromélia || H.S || CompleteWhere stories live. Discover now