capítulo 26

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  — Quem é você? Como sabe meu nome? Onde você está? Apareça!

  — Se acalme, tudo lhe será explicado no devido tempo.

  — Não. Eu a conheço. — A voz feminina dizia, e aos poucos fui reconhecendo sua voz — Ela é de confiança, eu a conheço.

  Um a um, cerca de 40 meio-elfos foram ascendendo suas auras, cada com sua cor, e a sala cheia de trapos e lixos foi sendo iluminada. Ao lado, estava a senhora com cabelos branquinhos presos por um fio e vestindo trapos em cor rosa e preto, mesma cor de sua aura. Era dona Rosa, que correu para me abraçar mas só fez um carinho ao ver meus machucados ainda aparentes; chorando como um bebê, lamentava que eu estivesse naquele lugar.

  O senhor, o primeiro a falar comigo, era chamado de mestre entre eles, e foi quem me atualizou.

  Aquele lugar era a Caixa, literalmente caixas de 4m de profundidade e 20 de comprimento nas quatro paredes, onde meio-elfos permaneceriam presos após suas exposições em público. Cada caixa continha até 50 meio-elfos, cada um com os seus infinitos poderes e missões a cumprir. As paredes impediam qualquer manifestação de poder principal ou de batalha, por isso somente as auras podiam iluminar. Um detonador foi colocado no cérebro de cada meio-elfo e, no pulso, um drenador que facilitava coleta de sangue; além disso, os dois aparelhos juntos continham todas as informações dos meio elfos (ou sobre-humanos, como chamavam) e um rastreador. 

  — Como veio parar aqui? Aconteceu tanta coisa…

  — Eu sei bem o que aconteceu, eu vi. — falou dona Rosa, sentada ao meu lado, afastada dos outros. — Te fizeram pensar que eu sumi no dia da festa; não foi o que houve.

  — Não me fizeram pensar. Você sumiu.

  — Fazia apenas alguns dias que eu soube quem eu era, mas fazia anos que seu pai sabia a verdade. Seu pai sabia o porquê meu irmão me deixou e não contou nada, mesmo eu tendo criado ele desde pequeno. Madeu me devia respostas, fui buscá-las.

  — E o que descobriu?

  — Só que Albert foi mantido em algum bosque. Só que agora eu conhecia os elfos, eles tinham formas melhores de pesquisa. A líder Diana disse que te conhecia e me ajudou. Mas ela não podia me ajudar prontamente. Apesar de sua oposição, o povo de seu bosque apoiava as ideias de quebra de regras que Asnum pregou; por isso, ela só me levou às bibliotecas para ver registros que me dessem pistas. — Dona Rosa dizia, mas fez uma pausa — Eu estava na biblioteca no dia do assassinato de sua mãe, eu vi a morte de Evelyn no meio da poeira... e quase morri junto da explosão. Eu consegui escapar, porém, havia mais alguém além de mim e o justiceiro naquele lugar.

  — Mais alguém? Quem?

  — Madeu.

  — Quê? Como assim? O que ele fazia lá?

  — Sua mãe, ela fez investigações buscando o seu paradeiro. Enquanto você estava no céu com os não-nomeados, Evelyn acreditou inocentemente e impulsivamente nas palavras mentirosas de Madeu. Ele disse que você estava morta.

  — Não entendo… Por que ela faria isso? Por que ele faria isso?

  — O seu pai não acreditava nos elfos, assim como eu achava serem maldições. Ele realmente acreditou que você tinha mesmo morrido. E Evelyn… Ah, Liz, aquilo era desespero de mãe. — dona Rosa explicou, sendo atenciosa e calma, e continuou: — Depois da explosão, no meio do luto, fui encontrada por um militar e um elfo que sabiam quem é eu era, e fui trazida para cá. 

  Por mais que quisesse, pela consideração que ainda tinha por meu pai, eu não conseguia sentir a morte dele. Fiquei mal, admito, mas porque não entendia como minha mãe se tornou alguém tão importante quanto meu pai era nos anos que vivi na fazenda. Muitas vezes não demonstrei preocupação ou amor para com ele, sabia que não era um bom pai, mas eu o amava mesmo assim.

A Sétima Poção (Pausado)Onde histórias criam vida. Descubra agora