Claro que não!

Que absurdo era aquele? Jeongguk não fazia cara nenhuma. Ele tinha uma cara linda por sinal! Sua mãe sempre lhe dizia isso. E todas as garotas que tiveram um crush nele podiam confirmar o mesmo. Ainda que tivesse sido traído por Alice e, droga, como doía pensar a respeito disso, Jeongguk sabia que ao menos sua aparência impecável tinha ficado com ele.

Então, quando Taehyung o encarou com aqueles olhos doces e felinos, Jeongguk simplesmente travou. Ele queria dizer poucas e boas, mas nada realmente saiu. Somente um suspiro encabulado e fino.

— Eu não sou obrigado a ouvir essas coisas!

Taehyung riu e se recostou no banco espumado.

— Não fica assim, eu 'tô brincando, você é gostoso.

Jeongguk engasgou, instantaneamente e forte, depois que Taehyung disse aquilo com a maior naturalidade do mundo. E ele só esperava que seu rosto não estivesse vermelho, porque, aí sim, seria o fim de sua medíocre vida.

— Taehyung, escuta-

— Faz a rota comigo — o sussurro saiu tão quente dos lábios atraentes de Taehyung que somente o som de sua voz, somado com todo o combo de sensações mistas e diferentes que Jeongguk vinha sentindo nos últimos dias, foram capazes de abaixar a guarda tão imponente imposta. — Vamos fazer isso juntos, hein? Por favor.

Por favor.

Taehyung parecia sincero. Taehyung parecia acolhedor. Na verdade, Taehyung parecia muitas coisas e, entre todas elas, assassino e perigoso não eram parte da lista. Jeongguk estava vivo até agora e se, talvez, se dispusesse a lutar contra Taehyung, não era como se não pudesse vencê-lo. E de todo modo, como voltaria para casa sem ele?

Ele só tinha Taehyung.

Jeongguk abaixou os ombros em derrota e passou as mãos pelo rosto, desejando não se arrepender amargamente.

— Tudo bem, você venceu.

Taehyung se levantou como um rojão, quase derrubando tudo no processo. Jeongguk se afastou, com medo de ser atingido, protegendo a cabeça e peito. Até mesmo a garçonete, quase cochilando apoiada num rodo, levantou o rosto assustada. Mas, bom, aquele era o jeito como Taehyung costuma comemorar. Ele precisava se mexer, balançar o corpo e agradecer por mais um dia. Afinal, uma criança abandonada pela vida só precisa acordar na manhã seguinte para se sentir vitoriosa. Agora Taehyung tinha Jeongguk. Eles eram amigos e isso era o suficiente para fazê-lo querer pular de alegria.

— Isso vai ser incrível!

Jeongguk não conseguiu conter o sorriso pela animação que estava presenciando. Querendo ou não admitir, era adorável e ele se sentia querido, desejado, como não sentia há meses. Isso era bom.

— Acho que sim...

Taehyung negou.

— Eu tenho certeza! Repete comigo! Eu tenho certeza. — Terminou a última frase imitando a voz de Jeongguk, todo bobo.

Jeongguk normalmente se recusaria, mas pelo escândalo que Taehyung estava fazendo, ele preferiu dizer de uma vez, baixinho, com a cabeça escondida.

— Eu tenho certeza...

Jeongguk não tinha certeza.

Desde que Taehyung achou um panfleto que indicava o local onde um festival a céu aberto aconteceria, ele simplesmente não tinha parado de dizer o quanto seria fabuloso e o quanto os dois precisavam estar lá. Jeongguk se sentia tonto só de vê-lo pulando de um lado para o outro dentro do quarto, alugado por mais uma noite, do motel.

You Are A Cosmic Child | taekookWhere stories live. Discover now