𝙎𝙐𝙉𝙉𝙔 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣

Capítulo 50

— Ei, pogue! — Escutei a voz de Emy assim que virei as costas para ir embora. — Não tá esquecendo de devolver nada? Ou vai roubar isso também?

Em um movimento rápido, me virei na direção da garota e joguei o saquinho com pó branco com o máximo de força que consegui, em uma tentativa falha de aliviar minha raiva. Com o canto de olho, consegui ver o saquinho bater bem no meio da testa de Emy. Escutei uma risada contida de Barry, que estava a pouco passos de distância, e vi os olhos de Emy ficaram cheios de ódio.

Merda!

— Foi sem querer. — Eu disse rapidamente, gesticulando com a mão. — Eu sinto mu... — Não tive tempo de terminar minha frase, pois fui interrompida por um grito da garota kook.

— Qual a porra do seu problema, sua vaca? — Ela deu um passo na minha direção, mas Rafe se colocou entre nós duas.

Tudo bem. Eu tentei ser amigável, mas se essa garota quer tirar o atraso de todo ódio que temos acumulado, ótimo!

— Ela já disse que foi sem querer, Emy. — Rafe colocou uma das mãos no ombro da garota. Eu odeio esse maldito nome saindo da maldita boca dele.

Se concentra, Katherine! Agora não é o momento para ciúmes idiota.

— Foda-se! — A garota gritou, fazendo minha cabeça doer ainda mais. — Eu vou acabar com essa vadia! — Por que essa menina tem que gritar tanto? Está começando a me irritar... Bom, talvez eu já esteja um pouco irritada.

— Tenta... — Resmunguei, me virando na direção da saída. Não posso discutir com ela agora, mas é muito tentador.

— O que você disse? — Perguntou, mesmo sabendo muito bem a resposta.

— Eu disse que quero vê-la tentar! — Gritei, sem pensar nas consequências.

Essa frase foi o suficiente para que o caos se espalhasse pelo cômodo.

Rafe tentou segurar o braço de Emy quando ela avançou na minha direção, mas ela foi mais rápida e desviou de seu toque. Não acho que ela esteja 100% sã, afinal ela está com um olhar muito psicopata — mais do que o normal.

Emy era poucos centímetros mais alta que eu, o que me fez pensar melhor sobre onde eu estava me metendo. Eu não sou nenhuma profissional no assunto, mas acredito que me garanto na porrada... Mesmo assim, por um curto período de tempo, eu pensei em sair correndo daquela casa.

Pelo jeito, a sorte finalmente veio para o meu lado, porque Barry segurou Emy pouco antes dela me tocar.

— Ei, garotas, que tal mantermos a calma por aqui? — Barry falou calmamente, enquanto Emy se revirava em seus braços.

— Dá pra você sair daqui, porra? — Rafe gritou, olhando para mim.

Senti meu lábio inferior tremer com o grito de Rafe — provavelmente pela imensa vontade de chorar até ficar sem ar — mas respirei fundo e apertei meu punho. Sei que ele está alterado, e não está pensando direito nas coisas no momento.

Por que eu me importo, porra? Ele é um mentiroso de merda.

— Vai se foder, Rafe. — Resmunguei.

No mesmo instante que dei o primeiro passo na direção da escada, Sarah entrou no cômodo com uma expressão assustada.

— Kat? — Perguntou, com o olhos arregalados. — O que tá acontecendo aqui?

— Nada! — Gritei, tentando extravasar minha raiva. — Vamos sair daqui. Agora! — Caminhei até ela e segurei seu bíceps. Como Sarah estava tão afim de ficar ali quanto eu, ela apenas me acompanhou até a saída com passos rápidos.

Assim que passamos pela porta e chegamos ao quintal, escutei passos rápidos se aproximando da gente.

— Ela não vai a lugar nenhum! — Rafe gritou, puxando meu pulso. Soltei o braço de Sarah e me virei na direção de Rafe.

— Não vai? — Perguntei, franzindo o cenho — E quem vai impedir, Rafe? — Em um movimento rápido, puxei meu pulso de seu toque e me soltei. — Você?

— Kat, vamos sair daqui. — Sarah tocou minha mão, mas não desviei o olhar de Rafe

— Sarah, volta lá pra cima. — Falou baixo. — Você não pode sair por aí com essas pessoas...

Essas pessoas?

— Você quer ficar aqui, Sarah? — Perguntei, desviando o olhar para Sarah, antes que ela falasse qualquer coisa. A garota fez que não com a cabeça, então voltei a olhar para Rafe. — Viu isso, caralho? Ela não quer ficar aqui, e você não pode forçar isso.

— Você pode calar a boca, Katherine? — Ele resmungou, dando um passo na direção de Sarah. Me coloquei em seu caminho antes que ele alcançasse sua irmã.

— Eu odeio você... — Sussurei tão baixo que apenas ele escutou. Vi seu lábio inferior tremer, mas ele voltou para sua postura bruta rapidamente.

— Nós temos que ficar juntos, Sarah... — Ele murmurou, olhando para a irmã.

— O quê o papai está fazendo é errado, Rafe! Será que você não enxerga isso? — Ela gritou, com os olhos marejados.

— Ele... Ele está fazendo isso por nós, Sarah.

Sarah não respondeu, apenas balançou a cabeça e saiu andando pelo quintal. Rafe fez menção para ir atrás dela, mas eu toquei seu ombro e ele parou de andar.

— Kat, por favor... — Disse com a voz fraca.

Naquele momento, eu percebi que Rafe estava tão cansado quanto eu de tudo isso. É tão difícil vê-lo assim!

— Ela fez a escolha dela, Rafe. — Falei, olhando para meus pés. Vi Sarah entrando em um dos carros e percebi que era nosso momento de meter o pé.

Respirei fundo e comecei a caminhar até o carro, mas Rafe segurou meu pulso novamente. Dessa vez foi com um toque delicado, diferente das outras vezes.

— Eu não queria que as coisas acabassem assim, linda.

Porra... Eu odeio amar Rafe Cameron.

Por que tem que doer tanto?

— Eu achei mesmo que as coisas iriam ser diferentes, Rafe. — Murmurei com sinceridade. Talvez as coisas ainda pudessem ser diferentes, talvez... Quem eu estou tentando enganar? — Mas você fodeu com tudo! — Respondi, lembrando que eu estava nesta situação graças a ele.

— Você me odeia mesmo, não é? — Assenti com dificuldade. — Não quero que você me odeie. — Esclareceu.

— Devia ter pensado nisso antes de me usar para um plano idiota. — Resmunguei, começando a caminhar na direção do carro.

Preciso continuar na defensiva, senão...

— Eu amo você, Katherine. — Ele gritou, mas eu continuei andando.

Eu continuei andando até entrar no carro.

Sarah estava me esperando no banco do motorista, com um olhar solidário. Quando ela deu partida no carro, eu comecei a chorar.