C.1 - Novos pacientes.

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O grande hospital particular parecia calmo naquele dia, não havia muitos pacientes e estava acabando de amanhacer.

Alguns pacientes esperavam ansiosos por dois enfermeiros que faziam aquele lugar ser menos melancólico.

Era segunda feira, ainda em casa os queridinhos do hospital se aprontavam para mais um dia de trabalho.

"Não se apague aos pacientes." - Choi Yeonjun mentalizava a principal regra do hospital antes de sair de casa.

Choi Soobin era um pouco mais frio que seu colega de trabalho, dificilmente ele criaria laços com pacientes, ele conhecia bem a dor da perda.

Soobin perdeu sua avó aos quinze anos, desde então se fechou para sentimentos que pudesse destruir seu coração já ferido.

Ambos saíram de suas casas e se encontraram em um ponto de ônibus, Yeonjun era sempre o mais animado e corria para abraçar seu colega.

- Eu já disse que odeio abraços Yeonjun, para com isso. - Soobin fazia drama como se estivesse sendo atacado.

- Minha mãe mandou mochi pra você. - Yeonjun falou tirando uma Tupperware de sua mochila.

- Fala pra ela que pedi obrigado. - Soobin sorria desta vez segurando o pote.

Era difícil ver seu sorriso então Yeonjun acordava cedo e preparava doces para ele, sempre dizia que sua mãe que mandou, assim Soobin não poderia recusar.

O silêncio permaneceu entre os dois até a chegada do ônibus, sentaram juntos e seguiram viajem, chegando no hospital trocaram suas vestes e visitaram as enfermarias.

Os pacientes vibravam ao vê-los, apesar de estarem de máscara todos sabiam que Yeonjun estava sorrindo, seus olhos ficavam quase fechados, era fofo e trazia conforto.

Soobin por outro lado era tímido mas sempre deixava escapar um sorriso quando observava Yeonjun cuidando dos pacientes.

Após trocarem os soros e distribuir a medicação de todos os pacientes eles checaram os e-mails do hospital, sempre havia notícias sobre os pacientes que acabaram não resistindo.

- Não perdemos ninguém nessas últimas semanas, isso é ótimo. - Falava Yeonjun.

- Não sei se isso é bom ou ruim, não quero que eles se vão mas também, ficar é sofrer até o último dia. - Disse Soobin, sua avó perdeu a batalha para o câncer, ele a viu sofrer.

- Por isso estamos aqui, trazemos um pouco de alegria para eles. - Disse Yeonjun e Soobin sentiu um pequeno conforto.

- Não sei como você consegue ser tão otimista em um lugar como esse. - Soltou um suspiro pesado.

- Eu estou saudável mas um dia posso está na mesma situação que eles, eu não iria querer pessoas tristes ao meu redor. - Seu otimismo escondia o medo de deixar todos que amava para trás.

Soobin observou o olhar perdido de Yeonjun, ele estava novamente voltando para realidade que tanto odiava.

- Ei, não pense tanto, você é bom no que faz e eu estou aqui com você. - Falou acariciando os fios negros de Yeonjun, o rapaz sorriu orgulhoso de si mesmo.

[...]

Se passavam das dez horas da manhã quando o telefone tocou para uma emergência, Soobin e Yeonjun preparam dois quartos isolados, dois pacientes em situação delicada estavam prestes a chegar.

- Ligue para direção e avise que está tudo pronto. - Yeonjun falou para Soobin e tratou de fechar as portas dos outros quartos, se preocupava que os pacientes vissem a movimentação e ficassem assustados.

Um tempo depois os pacientes chegaram às pressas trazidos em macas, ambos tinham problemas respiratórios e precisavam de oxigênio, em quartos separados tiveram atenção total por uma hora.

Vendo que a situação estava controlada orientaram os enfermeiros como seria o processo e qualquer urgência deveriam chamar os médicos, algo que eles já estavam acostumados.

A aglomeração diminuiu restando apenas Soobin e Yeonjun na recepção daquele extenso corredor de enfermarias novamente, fizeram uma nova ronda visitando os pacientes para ver se estava tudo bem.

Chegando na porta do novo paciente Yeonjun observou o rapaz, parecia jovem, tinha cabelos castanhos não muito longo e estava desacordado, Soobin logo se aproximou do enfermeiro.

- Choi Beomgyu... - Soobin olhava a ficha do rapaz que estava presa a porta. - O outro paciente, Kang Taehyun é um ano mais novo.

- Espero que eles acordem logo. - Yeonjun olhava tristonho para o garoto.

- Ambos com fibrose cística... - Disse Soobin soltando um suspiro.  - O Taehyun não pode nem sonhar em chegar perto do Beomgyu, ele adquiriu B. Cepacia recentemente.

- Os pais virão visitá-los amanhã, um deles é filho de um deputado. - Yeonjun falou ao ler uma mensagem em seu celular que acabava de responder.

- Ok. Vamos, precisamos ir almoçar, vou pedir pra que alguém fique no nosso lugar. - Soobin colocava a mão gentilmente no ombro de Yeonjun.

O mais velho visivelmente estava sentido com a situação dos jovens, era difícil até para quem não os conhecia.

Os enfermeiros seguiram para o almoço deixando responsáveis em seu lugar, Yeonjun e Soobin mais conversaram do que comeram, o mais novo tentava fazer seu colega não pensar muito para não se sobrecarregar.

Ao voltarem tudo permanecia tranquilo, os pacientes já tinham almoçado e os dois debilitados haviam recebido suas vitaminas, Yeonjun observava o quarto de Beomgyu e Soobin o quarto de Taehyun.

Os quartos eram um pouco distantes, Soobin revezava seu olhar entre Taehyun dormindo e Yeonjun na porta do fim do corredor, temia que ele se apagasse ao paciente.

Ambos respiravam com ajuda de aparelhos aquela sempre foi a realidade deles e nada poderia mudar, isso partia o coração frágil de Yeonjun, ele desejava ter o poder da cura, afinal quem nunca desejou?

Voltando para seus lugares, Yeonjun ficou em silêncio, os barulhos de bipes eram sua especialidade e também seu maior terror, com isso ele sabia exatamente se acontecesse alguma alteração com o paciente.

Nada, nenhum movimento sequer dos meninos, estavam fracos demais para acordar agora, antes de acabar seu turno pela tarde Yeonjun checou uma última vez os quartos isolados, abaixou a cabeça e saiu ao lado de Soobin.

Foi um dia difícil, Yeonjun era sempre mais esperançoso e não ver reações dos pacientes lhe deixava abalado, já não estava mais preparado como antes para trabalhar naquele lugar e mesmo insistia em continuar lá.

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Fibrose cística: Transtorno hereditário com risco de vida que danifica os pulmões e o sistema digestivo. A fibrose cística afeta as células que produzem muco, suor e sucos digestivos. Isso faz com que esses fluidos se tornem espessos e pegajosos. Eles aderem a tubos, dutos e passagens.

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Olá.

Aqui vai algumas informações sobre essa história, ainda não sei quantos capítulos terá mas serão curtos, pretendo publicar pelo menos um capítulo por semana.

Se gostarem comentem por favor, em relação aos erros tentarei corrigir aos poucos, também tentarei especificar um pouco sobre a doença dos personagens no início ou no fim de cada capítulo.
Existem algumas informações mas não colocarei tudo.

Não se esqueçam de votar e divulgar se possível, agradeço desde já.

🦋🤍

Do not touch me. - Taegyu.Where stories live. Discover now