capítulo 49

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Ele começa a chorar, Nik é uma manteiga derretida, e quando está vulnerável mais ainda e naquele momento tudo era doloroso pra ele, e saber que a filha está viva depois de 16 anos, e que ele perdeu todo esse tempo da vida dela, era pior ainda.

—A culpa não é sua Nik, você não sabia, não tinha como saber.

Fala Ally.

—Mas eu não entendo como isso é possível, eu vi, eu senti você me deixar, sua pulsação parou, seu corpo estava como de um morto, eu não entendo.

—Tem uma explicação médica pra isso amor, se chama Catalepsia patológica, é um distúrbio bem incomum, a pessoa fica em um estado onde os músculos do corpo tornam-se rígidos como uma estátua, dando a impressão de que se trata de um óbito, a respiração é afetada, os batimentos, tudo é afetado, inclusive muitas pessoas foram dadas como mortas e foram enterradas vivas, hoje em dia com a tecnologia, já é possível identificar esse distúrbio.

—Acha que foi isso que aconteceu comigo?

—É, acho que sim querida, para onde a levaram, depois que saiu, você estava junto?

Pergunto para Nik.

—Não, eu não fui, não me permitiram ir, disseram que já não tinha mais nada que pudesse fazer, levaram ela direto para o necrotério.

—Provavelmente perceberam que ela ainda estava viva, e a levaram para o hospital, foi onde tudo aconteceu.

—Como eu não percebi isso?

—Não tinha como você saber querido, a menos que fosse médico.

—Ah meu Deus, se não percebessem eu seria enterrada viva?

—Sim, as chances disso acontecer seria de 90%, o pior nem é isso.

—Tem coisa pior do que ser enterrada viva?

—Tem, como eu disse, seu corpo fica rígido como uma estátua, mas você sente tudo, você fica imóvel, mas está consciente, porém não pode fazer nada a respeito, é como a paralisia do sono, sabe quando você tenta gritar mas não consegue ou mexer as mãos e não consegue, é exatamente isso.

—Então quer dizer que ela estava consciente a tudo a sua volta?

—Provavelmente sim.

—Eu não me lembro de nada disso.

—Você só tinha 4 anos, querida, não ia se lembrar.

—Mas eu me lembro que quando eu tinha uns seis anos, eu não gostava do Dmitri, eu tinha muito medo dele, e dizia que ele não era meu pai, esse medo persistiu por muito tempo, só que com o passar dos anos, eu fui me acostumando.

—Você era muito pequena e não entendia nada, mas quando foi crescendo, começou a associar a imagem dele com um desconhecido, mas era a pessoa que convivia diariamente, a única pessoa que pensava que pudesse confiar, eu sei como é esse sentimento.

—E isso pode acontecer de novo, tem cura pra isso?

Pergunta ela.

—Não tem cura porque não é uma doença, é um fenômeno natural, porém pode ser controlado com alguns medicamentos e adaptações no seu estilo de vida, mas se não aconteceu de novo em 16 anos, talvez não aconteça mais.

—Se um dia eu cair dura, certifiquem de que não se trata desse distúrbio aí, pra só depois me enterrarem.

Eu e Nik rimos.

—Não vai mais acontecer, além do mais, temos uma médica incrível a nossa disposição.

—Depois podemos consultar um neurologista, pra ele nos dizer o que fazer e então, nós vamos monitorando o seu estado para que não aconteça novamente.

Infiltrada - Atentado Em MoscowOnde histórias criam vida. Descubra agora