7 - A cidade que nunca dorme.

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Estranhamente, para a sorte de Isaac, o não envolvido na conversa, essa tragédia lhe serviu para amenizar a quantidade absurda de seu DNA que teria sido encontrada na cena do crime e, se as labaredas fossem maiores, não teria de se preocupar com um corpo, pois já seria naturalmente cremado com a ajuda do inimigo de cabelos ondulados. Poderia ter queimado o corpo largado de Zane Todd juntamente de qualquer prova incriminatória de qual fosse o culpado de seu "assassinato".

— Eu soube que o Zane Todd morreu noite passada. — Christopher quebrou o gelo e Josh sentiu um frio correr pela espinha. Os parceiros que antes concentravam-se com tanta altivez nos sapatos, nos próprios problemas, ou na estrada que os levavam para a próxima vítima da pegadinha, pararam não muito bruscamente. Joshua irremediavelmente irritou-se perante a constatação inverossímil.

— Ele não morreu, não seja idiota.

— Qual é, Josh... eu acho que ele morreu.

— 'Qual é' o meu pau! — Gotículas de saliva respingaram de sua boca, subitamente alterado — Aquele filho da puta do Todd tem grana. Muita grana. Não vai ser uma faca encravada na barriga que vai o matar. — O garoto dos cachos negros não tinha certeza do que despertara tua ira, além de ter ajudado um possível assassino das redondezas. Era de conhecimento público o corpo robusto do platinado sendo levado no fim da festa com queimaduras de terceiro grau.

— Você vai ser culpado e tudo mais, por ter queimado ele vivo? — Tonya fez uma pergunta inocente, visto que o que ocorria com um do grupo se tornava parte do bando.

— É claro que não. Do que você tá falando?! — Ofendeu-se — Foi sem querer, o fogo só fez destruir as malditas provas do depravado que tentou matá-lo de verdade. Soube que ele foi furado e que eu saiba fogo não fura ninguém.

— Eu espero que ele morra... — Proferiu friamente Elizabeth, uma pontada de infantilidade sombreando seu semblante meninil. Estas palavras cruéis proferidas com frivolidade deixaram os colegas estarrecidos e, por resposta, pararam em seus veículos.

— Credo! — Tonya foi a primeira, que esmurrou o seu braço. — Qual é o seu problema? Não se deseja a morte!

— Tááá... — Prolongou infeliz — Mas eu sei que não fui a única que pensou nisso... ninguém gosta de Zane Todd. — As expressões não amenizaram senão a do próprio Josh, este, que estava irritado o suficiente com conflitos no próprio lar – ao assumir as consequências do incêndio para o pai –, para perder tempo irritando-se com o ódio de Elizabeth Marshall por um inútil. Se a polícia passasse a acreditar na sua parte no fogaréu ele estaria morto. — Vamos, não sejamos hipócritas.

— Liz, existe uma diferença entre pensar e dizer. Existem coisas que não dizemos, nunca. — Tonya detestava dar lições de moral – mas não deixava de o fazer. Sentia-se uma mulher de quarenta anos cuidando de uma creche, instalando código de moral ao constatar o óbvio para as criancinhas.

— Vocês são um bando de maricas. — Destilou a loira, ignorando qualquer regra de ética, e de maneira venenosa pedalou adiante. As crinas sedosas à princípio volitaram ante as costas, na estampa listrada da camiseta que dizia "Foda-se seu fodido" em cor de rosa. — Zane Todd desejaria a nossa morte, e eu estou pouco me fodendo se ele for de vez sentar no colo do diabo.

Thomas se retraiu incomodado, apesar de concordar em partes.

— Sinceramente, quem vocês acham que fez isso? — Christopher, com a boca cheia de batatinhas, decidiu se impor e questionar. O medo de ter um assassino entre eles, no ambiente estudantil, o arrepiava. — Quero dizer, quem tentou assassinar o Todd.

— Eu não sei. Mas Zane Todd não era alguém adorado. — A loira, Elizabeth, novamente com seus ares infantis e maldosos, replicou a questão. — Não por pessoas sensatas...

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⏰ Last updated: Jan 26, 2022 ⏰

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𝗳𝗿𝗮𝗴𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮𝗱𝗼𝘀Where stories live. Discover now