2 - No inferno, todos são iguais.

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Quero dizer... eles te lobotomizaram?

A matriarca rolou os olhos, desligando calmamente a balbúrdia sonora dos instrumentos no clímax.

— Ok, já chega.

— Lobotomia é ilegal desde 1956. E não sou doida. — Ignorando momentaneamente Gertrudes, estreitou os olhos desconfiados para o interlocutor, o qual sorria ironicamente. Apesar disto, ele estava impressionado diante do conhecimento de um assunto aleatório.

— Está tudo bem, por que não vão para o carro? Irei levá-los hoje. Wester está atolado em trabalho.

Jeffrey Donovan levantou-se primeiro e foi o que terminou de comer mais rapidamente, partindo antes das duas últimas até o Instituto Ambrose. Remetiam péssimas memórias a menina de comportamento peculiar. Como tantas escolas optavam pelo nome 'Instituto' em primeiro lugar. Um dia atrás tinha sido o seu primeiro e de mesmo modo não lhe agradou o comportamento desordeiro em solo estudantil. As intimidações eram claras, os grupos eram separados - como em tudo o que a espécie humana está envolvida - por hierarquia, por estilos e tribos. Chegou-lhe aos ouvidos parvos que se intitulavam cadetes - Não deveriam sequer entender do que se tratava código de honra -, outros costumeiramente como 'jocks'.

A parte mais desagradável era que não havia necessariamente um pior, todos pelos quais teve o desprazer de tombar, lhe foram absolutos cretinos e tóxicos. Deduziu que ao menos poderia livrar-se de intimidação masculina, todavia um destes pacóvios populares - tentando adentrar o clube dos cinco - perturbou-a levemente - Zane Todd, talvez o mais odiável. Durante o dia ouviu seu nome pela boca de outras pessoas mais de algumas dezenas de vezes. "Zane Todd afogou alguém na privada semana passada e os pais do garoto não sabem quem foi", "Ora, mas Zane Todd fez dois garotos vomitarem de tanto chutar o estômago deles"," Mas Zane Todd tem uma queda secreta pela perdedora da Allison, eles não podem ficar juntos é claro, mas o viram receber um garganta profunda dela no banheiro na quinta feira" - Havia notado e captado irritadamente pedaços de papel que jogavam em sua cabeça pelas suas costas na aula de química do professor Farrell, quando Esther olhou por sobre o ombro viu o famigerado Zane, adjunto a um sorriso muito sutil.

Ela o ignorou o resto do dia, é claro. Não sabia dizer se um mar de lucidez iluminou sua consciência, mas não mexeu com ela além de alguns olhares incomuns. Talvez fosse mesmo um depravado, e não quis pensar muito mais sobre o tópico.

Eleanor não fez parte de nenhuma tribo, não funcionou tentar se sentar com as garotas populares - conseguiu por lhes agradarem a perfeição física - e não lhe rendeu muito assunto com ninguém. Dispersou a possibilidade de ser a tapada do grupo de popularidade feminina, devido a falta de personalidade que atribuía a si mesma, considerava-se nula ao lado de qualquer ser respirante mais engajado. Abriu algum livro médico que lhe apetecia as imagens no primeiro dia, e de lá retornou à realidade paralela.

— Me encontrem aqui no fim da aula. Eu não gosto de vocês voltando para casa sozinhas. Sabem o que dizem sobre cidades pequenas. — Jeffrey bateu firmemente a porta do carro do lado do motorista e foi-se embora antes que lhe percebessem - ele era um dos que andavam com Zane.

— Você está certa de se preocupar. — Waldorf ergueu o queixo, mirando-a de lado. — Há muitos psicopatas por aqui, temo não poder voltar para casa também.

Moira atentava-se calmamente a expressão agora perturbada que obtinha a mãe diante de Eleanor

— Já fizeram algum mal à você?

— Não, mamãe. Ninguém a conhece.

— Eu vim de Tanner Hall e esse lugar me assusta. — Disse simplesmente, sorrindo antes de sair do carro. A de cabelos dourados desesperou-se.

𝗳𝗿𝗮𝗴𝗺𝗲𝗻𝘁𝗮𝗱𝗼𝘀Where stories live. Discover now