Capítulo 25

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 Surreal, porque nunca acreditei que aconteceria comigo o que eu apenas via na internet ou lia em livros. Passei a vida toda me consumindo por achar que eu teria que viver para sempre com mulheres. Tem alguém no mundo que era apaixonado por mim e isso me deixava muito feliz. Só que ele não estava comigo e aquele buraco que ele havia cavado há anos atrás, reaparecera, só que dessa vez, bem mais fundo. Agora aquele sentimento de "irmão" que eu sentia por ele, se tornou paixão. Sim, era paixão e meu peito estava explodindo. Fui andando para minha casa admirando as estrelas, como se elas brilhassem de forma diferente naquela noite, como se o ar fosse mais puro, como se plantas e flores fossem como as da primavera.

"Como era gozado estar, sei lá, apaixonado também."

 Fiquei vagando de bobeira pelo condômino até o cansaço bater de verdade. O cansaço também ia me deixando triste, pois me fazia lembrar tudo que havia acontecido comigo aquela noite.

"Como será que estava o vigia?" – pensei comigo mesmo -Nessas voltas pelo condomínio eu não o vi mais. Se eu que sou jovem me machuquei, imagino o que aconteceu com aquele senhor que fora socado pelo Murilo?

Sem falar que essa historia do banho do qual fez o Renato levar uma punição não me convencera. No fundo, minha consciência estava dizendo que aquele moleque não estava metido no rolo sozinho. Que aquele moleque não iria sair atirando para cima de um homem daquele tamanho, com aquela cara e comportamento de hostil que o Murilo tinha. Será que o Murilo também não olhara intencionalmente para o moleque? Ou no menos provável, será que ele sabia de algo sobre o Murilo que o fez ser repreendido? Mesmo que isso tenha sido há tempos atrás, não me deixara confortável. Agora, o que contava mesmo, era que eu estava sozinho de novo.

"Por que essa injustiça comigo? Por que eu sempre não tinha o que eu queria? Foi tão bom sentir aquele homem, aquele boizão chorando no meu ombro, me abraçando como se eu fosse à pessoa mais importante da vida dele. Por que Deus me deixara sem ele? Será que eu o veria de novo?" – foram essas perguntas que me martirizou a noite toda.

Quando entrei em casa, fui direto ao meu quarto e fiquei ali, abraçado ao meu travesseiro, chorando e esperando o sono aparecer, já que minha noite estava tão angustiante. A porta do meu quarto abrira com meu irmão bufando, usando apenas cueca e uma cara de bostas que me deixava desconfortável.

- Até que enfim você apareceu. Não é porque você completara mais outro aniversário que você vai ficar onde quiser e não me dar satisfações – disse ele dando um "tapinha amigável" na minha cara.

Se meu irmão estava dando este "tapinha de lembrança" na minha cara, era porque ele estava muito puto. E estando tão puto assim, eu não ia nem mexer. Afinal, além de mais forte, de estar com razão, eu queria apenas que ele fosse embora o mais rápido dali e me deixasse passar por aquela dor.

- Amanhã você não vai à aula, mas eu trabalho cedo. Que merda Alan!
O que te custava interfonar dizendo que você não iria dormir cedo, sem falar no Biesso que ligou umas sete vezes para você. O que me deixou mais preocupado, porque achei que vocês estavam juntos – disse ele com a sobrancelha arqueada.

- Desculpa Arthur? – eu disse quase sem voz.

Ele me fitou por uns segundos, talvez por não acreditar no que estava ouvindo. Eu, Alan, simplesmente dizer "desculpa" sem discutir, sem xingá-lo, sem sairmos na porrada.

- O que aconteceu com você? – perguntando ele sentando-se a minha cama.

- Nada. Acho que estou com ressaca, só isso – respondi com a mesma voz fraca.

MEU CORPO É MUITO PESADO!!!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora