Capítulo 2 - E agora?

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Mariana acordou diversas vezes durante a
madrugada, de manhã lutava para despertar mas aparentemente sua cama pedia para que ficasse mais, apenas alguns minutinhos a mais. Ao olhar seu celular, viu sua foto com Ana espalhada por toda a internet. Não sabia o que sentir ou o que pensar, mas tinha a consciência de se apressar pois logo precisaria estar no escritório.

__ Mariana, bom dia. Parabéns por você e Ana. (Um dos colegas a cumprimenta pelos corredores.)

__ Olá, Mariana. Eu sabia que você e Ana eram um casal, afinal tantas brigas. Dizem que existe uma linha tênue entre o amor e o ódio. (Diz uma funcionária, enquanto lhe entregava algumas planilhas.)

Mariana não respondia, somente acenava com a cabeça e com um sorriso tímido que parecia ser o suficiente como resposta. Ela se perguntava se Férran estaria por lá e rezava para que não estivesse, o que ela diria para ele? Ainda não havia formulado nada e as fotos espalhadas pela internet só a deixavam mais nervosa.

Ana já havia chego, estava a esperando na sala. Mas pela demora, achou melhor sair e procurá-la pelos corredores.

__ Olá, meu amor. O que houve? Por que demorou tanto? (Diz Ana segurando sua mão com um sorrisinho de deboche.)

__ Estava cansada, acabei ficando mais tempo na cama do que o ideal. (Mariana estava claramente tensa naquele momento)

__ Tenta disfarçar, ele não veio hoje. Já preparou o que vai dizer para ele? (Ana murmura para Mariana, enquanto olhava para os lados)

__ Eu ainda não tenho ideia, Ana. (Disse mariana com a boca quase fechada.)

Ana então, conduz Mariana até o escritório. Fecha a porta e ao ter certeza de que o ambiente estaria vazio, muda sua fisionomia.

__ Falei com Ceci e Rô, vai levar um tempo até que eles se acostumem com a ideia. Já a minha mãe, ainda não falei com ela. Eu não sei o que vou dizer para ela. (Ana diz sentando-se em sua cadeira.)

__ Se precisar de ajuda para falar com ela, Ana. Você sabe que pode contar comigo. (Diz Mariana ao oferecer sua rede de apoio.)

__ Não precisa, eu conheço a minha mãe. Uma hora ou outra terei que enfrentar ela. (Ana diz tentando convencer-se de que estaria certa.)

Mariana então acena com a cabeça e senta-se na cadeira, ela encontra-se extremamente tímida e opta por falar pouco, antes que fale alguma besteira para Ana. Afinal, era uma situação nova em sua vida e não sabia como lidar.

__ Eu estava pensando, o que acha de voltar a viver em minha casa? (Ana inclina-se com as mãos cruzadas em cima da mesa)

__ Não sei, Ana. Você não pensa que seria uma opção precipitada?

__ Claro que não, Mariana. As pessoas não esperam de mim namoros corriqueiros. Não tenho mais idade para isso. (Ana levanta-se rápido, afim de convencer Mariana de que está certa.)

__ Mas e o Juan Carlos? (Mariana a questiona rapidamente.)

__ Bom, em relação a isso não precisa se preocupar, ele não foi para casa ontem a noite. Acredito que não apareça, melhor assim!

__ Não sei, Ana. Acho que será mais fácil ficarmos em casas separadas, assim não precisamos fingir o tempo todo. (Mariana levanta-se e fica em frente a Ana, ela parece estar convencida de que, quanto mais tempo ficar longe Ana, mais fácil será seu trabalho.)

__ Não tenho como ficar sem você, minha amiga. Eu te necessito, quando está do meu lado, tenho mais coragem. Ceci e Rô precisam de você, assim como Regis e Vale precisam de nós duas juntas. ( Ana segura as duas mãos de mariana, que está só alguns centímetros de distância dela.)

__  Posso ficar na sua casa até o Natal, mas depois voltarei para a minha! (Com um sorrisinho e uma mirada nos olhos de Ana, Mariana aceita seu convide temporariamente.)

__ Bom, já lhe enviei a planilha contendo tudo o que você não pode fazer, pelo menos durante esse período que estamos juntas. Ramón passa para te pegar amanhã, sem falta.

No dia seguinte;

Na casa de Ana, Rodrigo questiona a irmã sobre a veracidade dos últimos acontecimentos.

__ Ceci, eu não acredito que seja verdade que nossa mãe e Mariana estejam namorando. (Rodrigo dispara, correndo para a cama e se jogando enquanto conversa com a irmã esporadicamente.)

__ Por que acha isso, Rô? (Questiona Ceci)

__ A mamãe tinha dito que não era lésbica e além do mais, a Mariana não estava namorando o bonitão do coworking? O que fez ela mudar de opinião tão rápido? (Rodrigo está extremamente desconfiado mas não sabe a certo o que está por trás desta farsa.)

_ Bom... só tem uma forma de descobrirmos! Vamos provocar elas duas o máximo possível, se elas forem realmente um casal, irão fazer tudo sem muitos esforços. (Ceci dá a ideia ao seu irmão como se estivesse bolando um plano para atribuir a paz mundial. Ela está entusiasmada e curiosa.)

Mariana estava conversando com sua mãe, ela não gostou nada do fato de Mariana e Ana estarem juntas, porém prometeu a filha a apoiar ela onde quer que ela esteja. Lucia pelo contrário, apoiou Mariana e ressaltou de que, sempre havia percebido sentimentos entre elas duas. Isso magoou Mariana, pois a mesma lembrou-se de que Ana não sente o mesmo. Em um mundo ideal, Mariana gostaria que Ana sentisse o mesmo que ela mas no mundo real, para ela basta somente que estejam juntas como amigas.

_ Eu vou ficar na casa da Ana, mãe. Até o natal, eu e regis ficaremos lá. (Mariana diz a sua mãe, sem olhar nos olhos e de uma forma bem rápida enquanto arruma sua bolsa para ir para casa de Ana.)

_ Tem certeza do que está fazendo, minha filha? As vezes na vida nós devemos ter cautela e pensar nas consequências dos nossos atos. (Dispara Tere tentando convencer sua filha de que o melhor seria permanecer em casa.)

_ Ana precisa de mim lá, além do mais, o natal será lá. Sei que não comemorávamos natal mas para a Ana é importante. Se é importante para ela, é importante para mim também.

Os homens indecisos:

_ Juan Carlos, levante dessa cama. Você está desde ontem deitado nesse sofá se entupindo de besteira, daqui a pouco os seus filhos vão chegar e verão você neste estado. (Dispara Victor repreendendo o irmão.)

_ A Ana me trocou Victor, a Ana me trocou por uma mulher. Como que eu não percebi que a Ana era lésbica durante todo esse tempo? (Juan Carlos soletra cada silaba destas frases bem lentamente, enquanto chora e come um pedaço de pizza.)

_ Claro que não, não existe a palavra bissexual no seu dicionário? E você não vai fazer nada? Vai ficar aí vendo a sua mulher ser roubada pela Mariana? Reconquista ela! (Victor tenta ajudar o irmão, andando rápido na frente dele e falando bem alto.)

_ Você tem razão, Victor. É exatamente isso que eu irei fazer. (Diz Juan Carlos, enquanto levanta-se e corre para o banheiro para poder se arrumar e dar a famigerada volta por cima.)

Enquanto isso, Mariana finalmente chega na casa de Ana.

_ Mariana, você não leu as planilhas que eu te mandei? Uma das regras diz explicitamente que é proibido rejeitar uma ligação minha por mais de 2 vezes. Eu tô te ligando desde cedo. (Ana parece irritada por não ter controle sobre Mariana.)

_ Ana, primeiramente você sabe que não acredito em regras para seres humanos. E para me justificar, eu estava conversando com a minha mãe. Você sabe, sobre "nosso relacionamento". (Mariana está tão cansada, senta-se no sofá e só fecha os olhos pois está com dor de cabeça.)

_ E o que ela disse?

_ Nada demais, minha mãe é previsível. Onde estão Ceci e Ro?

_ Foram para o pai, estavam todos estranhos comigo me perguntando mil e uma coisas. Fiquei desconfiada. (Ana então senta-se ao lado de Mariana, afim de bater um papo antes das duas decidirem dormir. Já que ambas estão cansadas.)

_ Você acha que desconfiam de algo? (Questiona Mariana, com os olhos mais abertos com uma expressão de medo.)

_ Acho que não mas não podemos dar brecha para eles dois. De agora em diante você vai dormir comigo no meu quarto.

_ Ah, claro!

Foda-se o patriarcadoWhere stories live. Discover now