09. Despedida

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Yan;

Chego em casa junto com Rúbia e nossos pais estavam nos esperando na sala de jantar.
_venham jantar. -minha mãe fala.
_já comemos. -Rúbia responde com sua voz doce.
_então sentem-se. -meu pai fala.

  Nós dois nós sentamos a mesa e o ambiente está tenso.
_estão com fome crianças? -Rute nos pergunta.
_não dona Rute, obrigada. -falo gentilmente e ela acena e se retira.
_deu alta a Rúbia e fujiu com ela o dia todo Yan...-meu pai está sério enquanto fala._não acha que já está muito velho para rebeldias?
_não acha que já somos adultos? Deveriam nos tratar assim. -falo.
_então parem de agir feito crianças! -ele bate na mesa fortemente assustando Rúbia.
   Seguro na mão dela para acalma-la.
Ele está enfurecido, vira o rosto para mim que o encaro com ódio.
_vocês parem com essa palhaçada agora mesmo! -ele fala rangendo os dentes. _eu os criei para serem irmãos! Para serem amigos, não para ficarem de safadezas nas nossas costas! Yan, você escolheu uma menina, nós aceitamos, mas se soubesse que seria desse jeito...
  Rúbia enche os olhos de lágrimas e algumas caem silenciosamente.
_SERÁ QUE VOCÊ PODE PARAR AGORA?! -grito irritado com ele.
_você me respeite rapaz!
_ou o que? Não vê o que está fazendo? Não acha que ela já sofreu o bastante esses dias? Você quer piorar tudo? Ainda se acha o melhor pai do mundo? Me poupe!

  Antes que eu perceba levo um soco no rosto me fazendo ir para cima dele mas antes que eu faça algo sou parado por uma voz;
_parém pelo amor de Deus! -minha mãe pede já aos prantos.
_você tem razão senhor Müller, foi um erro ter me adotado. Eu sinto muito por bagunçar sua família. -Rúbia sobe as escadas rapidamente sem deixar tempo para que ninguém fale nada.
_está vendo o que você fez Yan? -meu pai me pergunta.
_já chega Jhon...-minha mãe pede.
_eu vou embora dessa casa, eu não aguento mais isso! -falo dando-lhes as costas.
_filho...-minha mãe me chama, mas eu a ignoro e vou para meu quarto arrumar minhas coisas.

   Bato na porta de Rúbia pedindo para que ela abra, mas não obtenho resposta.
_amor...-falo com a voz trêmula._me perdoe por isso...
   Ela abre a porta me surpreendendo. Seu rosto está vermelho junto de seus olhos.
_não podemos ficar juntos Yan. Me esqueça, eu vou para os Estados Unidos amanhã cedo, não pretendo voltar, não quero que me ligue, não quero que vá me ver. Siga sua vida.
_vai desistir da gente Rúbia? -pergunto com os olhos cheios de lágrimas.
   Ela me beija fazendo nossas lágrimas se misturarem...
_eu sinto muito Yan...  -ela se afasta e entra novamente no seu quarto fechando a porta.
   Fico parado olhando para a porta por alguns minutos, com as mãos nos bolsos, sentindo as lágrimas queimarem meu rosto, meu peito diminuir e sentindo uma dor imensa nele, como se ele tivesse encolhida e totalmente amarrado por cordas que o sufocavam, fazendo cada batimento ser doloroso.

  _eu sinto muito filho. -ouço minha mãe falar triste.
  Dou as costas para ela e entro no meu quarto.

   São 4 da manhã, estou ainda acordado. Meus olhos inchados e semblante cansado.
   Ouço passos pela casa e me levanto e abro a porta vendo Rúbia que está arrumada e com malas.
_você ia sem se despedir de mim? -pergunto sorrindo tentando esconder minha dor.
_não quero me despedir de você, já está difícil o suficiente... -ela balbucia as palavras como se tivesse medo de ser ouvida.

   Eu a puxo para mim e lhe dou um abraço fazendo carinho em seus cabelos.
Beijo sua cabeça e sinto seu perfume mais uma vez.
Sinto suas lágrimas molharem minha camisa.
_tenha cuidado. Mesmo que não queira manter contato comigo eu vou respeitar isso. Só me mande mensagem de vez em quando me falando se está bem. E me avise se chegou em segurança. -falo.
_está bem...
_não existe algo que eu possa fazer... Para que mude de idéia?
_infelizmente é melhor assim Yan, sempre soubemos que isso não daria certo. Eu espero que encontre alguém e que me supere logo e que seja feliz, tentarei fazer o mesmo. -ela fala me fazendo sorrir, mas estou ainda mais quebrado por dentro.
  Não sei ao certo o que dizer, então fico calado.
   _vou indo então. Adeus. -ela fala e vai em direção ao motorista.
   _espera. -falo.
Ela olha para mim e tiro meu colar que tem um pingente de trevo e coloco em seu pescoço.
  _para te dar sorte.
_obrigada. -ela sorri ficando com os olhos úmidos._agora eu preciso ir.

  Eu a vejo partir enquanto sinto uma parte de mim ir junto com ela.

Quando dá 5:30 já estou banhado e pronto para ir para o hospital, pego minhas malas e ponho no porta malas.
_você realmente vai embora Yan? -minha mãe me pergunta vindo até mim.
_eu convivi maior parte da minha vida sem vocês em casa, você supera. -falo entrando no carro.
_não acha que está indo longe demais? -ela me pergunta visivelmente chateada.
_não. Eu acho que já devia ter feito isso a muito tempo, eu preciso ir trabalhar. -fecho a porta e saio em direção ao hospital.

Minha irmã adotivaWhere stories live. Discover now