𝖆 𝖘 𝖈 𝖊 𝖓 𝖘 𝖆̃ 𝖔

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Ascensão: condição de crescimento, de se elevar publicamente ou pessoalmente; designa o processo de evolução em superioridade.

Há meses atrás, quando recebi dezenas de convites para viagens à França depois de meu décimo-oitavo aniversário, e imediatamente o Rei começou a me dedicar um estranho interesse ao falar sobre casamento, eu sabia que algo mudaria dali em diante.

Pressenti sinais em seus cochichos disfarçados com minha mãe, as perguntas nada discretas que a mesma me fazia em relação à moças, e seus repentinos elogios demasiadamente exagerados à família real que sequer conhecíamos. Eu imaginei que algo maior estaria por vir. Algo pelo qual fui preparado a minha vida inteira, e que ainda assim, me exigia uma responsabilidade que eu estava longe de poder carregar.

É, de certo modo, deprimente ter de confessar o quanto me fiz alheio de toda a minha própria vida. Foi o que eu sempre determinei ser uma de minhas virtudes mais fortes, mas agora, creio que não seja realmente uma. Benevolência ou ignorância? Eu nunca soube responder. Apenas soube, depois de muito tempo, o quanto me tornei infeliz e apático diante do meu passado, presente e futuro. Sempre aceitei o que me estaria destinado, e sequer considerei mudar algum rumo.

Casamento. Trono. Herdeiros. Poder. Ascensão. Mais um dos tantos reis que existiram e ainda irão existir. Seria corajoso ou covarde desistir de tudo isso?

Eu nunca tive certeza. O que meus pais aprovassem, eu aprovaria e não havia motivação em minha existência além disso. E então Louis apareceu e meu mundo se expandiu em dimensões inimagináveis. Se expandiu em liberdade.

Tudo em Louis Tomlinson era como encontrar a superfície de um oceano sem fim. Libertante e imprevisível, mas ao mesmo tempo, tudo pelo o que venho ansiado, sem ao menos me dar conta.

Libertante.

E como uma simples bolha, o mundo em que eu e Louis parecíamos ter apenas para nós se desfez naquele instante de realidade.

- Viconde Tomlinson, se é que devo lhe chamar assim, o senhor mentiu ou não mentiu para o Reino da Inglaterra?

Meu pai assume a postura mais autoritária que havia visto. Foi severo e direto. Porém, no momento em que olho para Louis, seus olhos azuis parecem apavorados por um instante.

Imprevisível.

- Perdão? Majestade, e-eu...

- Tem noção do crime que cometeu? - o rei o corta prontamente. Me senti agoniante em querer impedi-lo, no entanto, seu seguinte pronunciamento me insitgou certas dúvidas, e não soube mais o que pensar. - Fraude tem uma punição bem severa em nosso reino, caso não saiba. - imediatamente, as mãos do visconde são presas à correntes de ferro e entro em desespero.

- Louis, o que... - tento me aproximar e sou impedido, sentindo a raiva começar a me consumir e descontrolar. - Pai, o que significa isso?!

- Não dirija esse tom à mim, Harry! - Desmond esbraveja de volta. Sinto meus olhos arderem tanto pela repreensão que ele me dirigia quanto pela reação de Louis. Ou melhor, sua falta de reação, fugindo seu olhar do meu e permanecendo completamente quieto, distante. - O que pensou quando saiu sozinho com ele? Poderia ter morrido!

Arfo em indignação e surpresa com sua suposição, e ao mesmo tempo, Louis repete minha expressão e se apressa ao responder ao rei.

- Majestade, perdoe-me, eu jamais faria...

- Tem a obrigação de permanecer calado, senhor Tomlinson. - Desmond novamente o interrompeu e eu novamente fui barrado pelos guardas ao tentar enfrentá-lo. - Afinal, nada do que disser o livrará da masmorra. - como sua sentença final, ele faz um sinal para que Louis seja levado, sem dizer mais nada ou ao menos corresponder meu olhar.

Utopia⏐LSWhere stories live. Discover now