—Me perdoe — Pedi.

—Te perdoar? Por que eu deveria perdoar você?

Durante esse tempo que eu passei sozinha, pensei em tantas coisas e o que mais doía, era o medo de acontecer algo com ele por minha culpa. Isso estava me torturando.

No fundo eu sei que sou a culpada, eu devia ter denúnciado Armando a muito tempo atrás.

Ver Leonardo nessa cama durante quatro dias, foi torturante. Era como se algo rasgasse meu peito várias e várias vezes. Eu podia sentir meu coração se despedaçando.

Sem contar nos pesadelos, os malditos pesadelos. Não aguentava mais acordar desesperada no meio da noite, com a imagem dele na minha mente. Os olhos sem vida alguma, e sangue saindo pela boca.

—Eu quase perdi você Leonardo, e a culpa ia ser minha, você está assim por minha causa.

—Não Beatriz, não! Eu não estou assim por sua causa. Eu quem voltei para dentro da casa e esperei por aquele verme, eu bati nele e o que eu fiz, infelizmente não chegou nem perto do que ele fez com você — Leonardo balançou a cabeça de leve, negativamente — Não se culpe linda, nunca se culpe por algo que você não tem culpa alguma.

—Você voltou só para esperar por ele?

—Sim — suspirou — Eu precisava fazer aquilo Bea. Se eu não fizesse, nunca teria paz comigo mesmo.

A dias eu estou olhando para o Leonardo e não encontrei nenhuma marca que possa entregar que ele brigou.

—Você não tem nenhuma marca de briga, nada.

—E quem disse que ele conseguiu fazer alguma coisa a não ser ficar caído no chão apanhando e pedindo para parar? — Ele sorri de lado — Mesmo sabendo que eu levaria um tiro, eu faria tudo de novo sem pensar duas vezes.

Tiro meus braços do seu pescoço e me afasto para Olhá-lo.

Como pude ser tão ingênua? Óbvio que ele não estava voltando só para pegar outras coisas, ele queria cumprir a droga da promessa que fez para mim e para si mesmo.

—Eu devia te bater por ser tão teimoso — Leonardo arregala os olhos pelo meu tom de voz — Você tem que começar a me ouvir mais. Não estaria nessa situação se me escutasse.

—Eu não podia deixar passar, tinha que descontar o que ele fez.

—Vai se vingar de todos que me machucaram?

—Quer saber de uma coisa? Eu vou sim. E tenho pena de quem tentar fazer alguma coisa com você. Eu não vou perdoar, não vou sentir pena — diz firmemente — Você é o que eu tenho de mais preciso, eu não vou deixar e aceitar que eu alguém te machuque novamente.

Fechei meus olhos com força e respirei fundo. Ele não aprendeu a lição, ainda não entendeu que não pode se colocar em perigo para salvar outras pessoas.

A vida nós ensina, cabe a nós aprendermos. Mas infelizmente com ele não tem jeito, é teimoso e rabugento como um velho.

—Olha — Suspirou — Já passou, estamos bem, eu estou bem e você parece estar também. É isso o que importa, vamos parar de remexer no passado, já aconteceu, já passou.

Decido não falar mais nada, ele acordou e isso é um motivo para estar feliz e não discutindo.

Me aproximo novamente e passo os dedos na sua testa tirando alguns fios loiros que estão caindo sobre o seus olhos. Ele precisa cortar o cabelo.

—E a minha mãe?

—Sua mãe? — pergunto confusa.

—Tirei a minha mãe da clinica de reabilitação. Para ser mais exato, foi naquela maldita noite — Ele segura minha mão e faz carinho no meu pulso — Ela precisava de mim.

Só por uma noiteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora