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Izuna sentiu um pesar cair em seu peito ao escutar o suave som do grampo se chocando com o metal da fechadura.

Ele não queria fazer aquilo...

- Pronto - a voz de seu amigo Ashura lhe tirou a atenção da porta, que agora, se encontrava destrancada e entreaberta. - Quando você entrar, tranque a porta por dentro...

Izuna respirou fundo e concordou com a cabeça, rumando em passos lentos até o cômodo que não lhe pertencia. Ao cruzar a porta, cessou o andar e olhou de soslaio para o amigo, querendo mais do que tudo dar meia volta e deixar o local às pressas.

- Eu não quero fazer isso - o conflito em seu peito aumentou ao dizer tais palavras, pois sabia que agora não teria mais volta.

- Eu sei que você gosta dele, mas precisamos fazer isso pelo Indra... - um olhar preocupado cruzou o rosto de Ashura, que olhava incessantemente para os lados. - Agora você precisa se apressar antes que alguém nos veja.

Juntando o pouco de coragem que ainda lhe restava, Izuna assentiu e fechou a porta atrás de si, escorando as costas na mesma em seguida. Seus dedos tocaram a pequena chave na tranca e a virou para o lado, trancando o cômodo.

Fechou os olhos brevemente e se lembrou do motivo de estar fazendo aquilo. Em seguida, começou a vasculhar o quarto à procura de algo.

Konoha's Sacred School era um dos internatos mais famosos e prestigiados do país, conhecido por lecionar alunos das famílias mais ricas e bem sucedidas do Japão. Porém, o internato era menos conhecido por ser quase um reformatório, onde pais jogavam os filhos problemáticos que já não suportavam mais.

Izuna já estava naquele lugar há dois anos. Vinte e quatro longos meses sem ver sua família, sem receber uma ligação ou sequer uma carta. Se não fosse por seus melhores amigos Indra e Ashura, não teria aguentado até o atual momento.

Indra era o garoto mais popular do internato, bastante conhecido por sua delicada beleza e atitude amigável, e pouco conhecido por visitar diversos dormitórios masculinos durante a noite. Apesar de não concordarem com a atitude do amigo, Izuna e Ashura nunca julgaram seu comportamento. Afinal, aquilo era tudo o que ainda lhe restava.

O som da porta destrancando arrancou o Uchiha de seus devaneios. Quase não teve tempo de correr até o armário e se esconder no mesmo, torcendo para que a pessoa do lado de fora não tenha o escutado.

Senju Tobirama entrou no quarto, e Izuna se esqueceu de como se respira por alguns segundos.

O albino não era ninguém menos do que o filho do fundador de Konoha, e quando ele entrou para o internato no início do ano, diversos rumores ao seu respeito foram inventados. Alguns diziam que ele estava lá por seus atos violentos, outros, diziam que ele se envolvia com substâncias ilícitas, e por aí vai.

A atitude de Tobirama não o ajudava muito com os rumores. Ele se comportava de uma maneira fechada e distante, mantendo um semblante sério em seu rosto a todo momento, o que facilitava os outros de espalharem diversos tipos de boatos.

Mas apesar do modo cauteloso que os outros agiam perto do Senju, Izuna nunca se sentiu intimidado por ele, pois sabia que nem todos naquele internato estavam lá porque fizeram algo ruim. Por conta do mapeamento de sua sala, Tobirama e ele se sentavam lado a lado, e como o Uchiha nunca gostou de excluir os outros, arriscou trocar algumas palavras com ele.

E foi uma surpresa descobrir que, apesar de sua fronte rude e grosseira, Tobirama era uma pessoa educada e bastante interessante de se conversar. E apesar de ser considerado bruto pelos outros alunos, o Senju se mostrou ser bastante inteligente, conversar com ele lembrava Izuna das longas conversas que tinha com seu irmão Madara quando ainda vivia com sua família.

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