Abro o porta malas jogando a mala e mochila lá dentro. Não tinha muitas coisas para trazer, na mala minhas coisas pessoais e na mochila coloquei tudo o que tem um certo valor sentimental.

—Para onde vamos? — Ela pergunta.

Na real? Eu não sei para onde vamos, só sei que o dinheiro que tenho não vai dar para muito tempo. É, eu tenho um pouco de dinheiro, fruto de alguns trabalhos que eu faço. Ou fazia...ainda não sei bem.

—Para qualquer lugar que possamos comer, tomar banho, e passar essa noite. Amanhã pensamos melhor sobre tudo isso.

—Aconteceu tão rápido — Ela suspira.

—Isso tinha que ter acontecido a muito tempo atrás mãe.

Devia ter acontecido a anos, mas eu fui um covarde, preferi aceitar as chantagens calado a ter que correr atrás de uma outra alternativa. Uma nova saída para o problema.

Depois de rodar a cidade toda em busca de um lugar, encontramos uma peguena pensão. É limpa e bem organizada. O quarto da minha mãe fica ao lado do meu. Vai ser tranquilizante saber que ela está tão perto de mim.

(...)

Quarta-feira

Parei o carro em frente a casa de Beatriz, não me importaria se o pai dela me visse, eu enfrentaria qualquer coisa para poder falar com ela.

Demorei dois dias para tomar coragem de vir atrás dela. Queria dar um tempo para ela e também foi tempo suficiente para eu perceber o quão idiota eu fui por não ter dito antes que estava apaixonado por ela.

Caminhei até a janela do quarto dela, passei a mão várias vezes pelo vidro. Me sentia um covarde, sem coragem para encará-la.

Segurei Com força o puxador e a janela de correr, arredou um pouco para o lado. Estava aberta.

Eu poderia de um jeito educado, bater de leve na janela e esperar até que a Beatriz viesse até aqui e a abrisse para mim. Ou me xingasse de todos os nomes possíveis e trancasse a janela.

Ou eu posso abrir a mesma e pular lá dentro como se fosse o dono da casa. Talvez eu seja Recebido com algumas vassouradas ou gritos histéricos, mas não me importo.

Como uma pessoa inteligente e educado, eu escolho a segunda opção.

Abri a janela devagar e com calma e cuidado, pulei para o outro lado do quarto sem muito esforço. Estava escuro, a porta estava fechada e a luz apagada.

Talvez ela não esteja aqui.

Um sutil movimento no chão, ao Lado da cama, fez Com que eu visse ela sentada me encarando.

—Bea...

—Tem um minuto para falar o porquê de ter invadido meu quarto e sumir daqui.

Não consegui dizer nada. Ouvir a voz dela depois de tanto tempo vivendo angustiado e Com uma dor insuportável no peito, foi como se eu tivesse tido outra vez aquela mesma sensação de quando a beijei a primeira vez.

—Precisamos conversar.

—Não temos nada para conversar — Murmura — Já dissemos tudo um para o outro.

—Eu não disse tudo o que tinha para dizer — Dou alguns passos na sua direção — Você ainda não me ouviu.

O escuro impedia que eu conseguisse ver ela direito. Mas eu sabia que ela estava me olhando com tristeza, o tom da sua voz entrega isso.

—Você teve alguns meses para fazer isso, mas não fez. Preferiu mentir para mim, me fazer de idiota.

—Beatriz...

Só por uma noiteWhere stories live. Discover now