Após passar por toda a multidão, ele chegou à joalheria às duas da tarde, o dono estava quase fechando as portas do estabelecimento. Thiago começou a correr assim que chegou na esquina da rua, quase gritando para o senhor esperá-lo. Conseguiu entrar e logo falou, ofegante:

— Boa tarde... sou o sr. Celeri... vim aqui na semana passada... reservei um anel...

— Quer se sentar, senhor?

— Eu agradeceria... — sentou-se numa cadeira de frente para o balcão.

— Vou pegar minha caderneta, um momento — após alguns minutos, voltou com o pequeno caderno azul, aberto quase no fim. — Thiago Celeri, certo? Anel de diamante redondo, número trezentos-e-seis.

— É isso aí.

— Já deixou pago, não é? — Ele assentiu.

— Vou pegá-lo para você... — disse, então saiu novamente.

— Tudo certo, senhor. Mas, conte, qual a ocasião? — O homem perguntou, voltando do fundo da loja novamente.

— Eu vou pedir minha namorada em casamento essa noite...

— Rapaz! Mas você é jovem! Vai se amarrar tão cedo? — Cruzou os braços.

— Ah, sabe como é, tem que pegar logo o que é nosso, senão alguém vem e toma.

— Tá certo — riu.

— Obrigado, senhor. Agora já me vou, pois realmente tenho muito o que fazer.

— Claro. Também tenho que fechar a loja. Boa sorte!

— Obrigado! — Disse, já saindo da loja.

Depois, passou na perfumaria para comprar um frasco do seu perfume especial, que tinha acabado, então passou no seu amigo alfaiate para banhar-se e pegar o terno que tinha alugado para a ocasião. Então passou na floricultura e só aí se deu conta que já eram oito horas. Ele sentiu que estava faltando algo, mas não conseguiu se lembrar o que era, então voltou para casa. A mesa já estava posta e a casa totalmente vazia. Trocou-se, acendeu uma vela e foi buscar Elizabeth.

Bateu na porta exatamente vinte-e-uma horas. Sua casa também estava vazia. Ela demorou um bocado para atendê-lo. Thiago até pensou que sua mãe tinha esquecido de avisá-la sobre o jantar especial dos dois. Ou será que ele estava ansioso demais para vê-la logo, e qualquer segundo parecia maior do que realmente era?

Então ela finalmente apareceu. Estava deslumbrante. Um vestido de veludo sem mangas azul marinho, combinando com suas longas luvas. Seus lisos cabelos castanhos claros estavam soltos e sua franja rala caía sobre seus grandes olhos verdes, que ornavam completamente com seu forte batom vermelho. Ela sorriu ao vê-lo:

— Boa noite, pão de mel — ele a entregou as flores. Eles tinham esses apelidos carinhosos um com o outro, cada um se chamava do seu doce favorito. — Pronta?

— Claro — ela soltou um suspiro. Trancou a porta de casa e o seguiu até o carro.

Ma chérie, por favor — ele abriu a porta do carro.

— Por que toda essa cordialidade, alguma ocasião especial?

— É... N-não, quer dizer... é natal, não é? — Ele gaguejou. Ela soltou um risinho e entrou no carro.

O caminho até a casa de Thiago foi bem silencioso. Ele estava muito ansioso e ela, absorvida demais em seus próprios pensamentos para notar. Para ser honesto, até o jantar dos dois foi bem quieto e desconfortável. Conversaram apenas algumas baboseiras sobre as amigas de Beth e assuntos do trabalho de Thiago. Parecia que ele estava concentrado demais em se sair bem no pedido, que acabou esquecendo do que os dois fariam até meia-noite, quando ele a pediria. Foi lá pelas onze da noite que Elizabeth se lembrou de algo:

Histórias Para Gaivota DormirWhere stories live. Discover now